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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 948

mcr, 20.11.24

mil dias de infâmia

mcr, 19-11-24

 

 

No dia seguinte ao ataque de Pearl Harbour, o Presidente Roosevelt pronunciou um grande discurso perante as duas câmaras do Congresso. 

Nessa alocução histórica Roosevelt  qualificou o dia do ataque como "dia da infâmia".

Creio que ao fim de mil dias de invasão da Ucrânia, poderemos qualificar de infâmia toda a acção russa que começou como operação militar especial, destinada, como se sabe, a durar entre quinze dias e um mês.  

ao fim dos primeiros três meses, a operação que começou no norte e a partir da Bielorussia estava fortemente desbaratada dando origem a uma retirada desordenada que, porém, deixou nas aldeias ocupadas um número gigantesco de mortos quase todos civis abatidos  à queima roupa.

Mudando de táctica a Rússia lançou novas operações militares a partir dos territórios do Donbass que anteriormente, desde 2014, eram palco de combates entre alegados independentistas russófonos e o exército ucraniano. 

Dessa época será bim recordar o abate de um avião comercial holandês que rumava para a Indonésia. 

Conviria, também recordar que nos combates que a partir de 2021 se seguiram a Rússia não só recorreu a um poderoso bando de mercenários, o grupo Wagner, como posteriormente enviou para a frente de batalha milhares de condenados por delitos de todo o género que, obviamente morreram em grande quantidade.

entretanto saíram da Rússia por todas as fronteiras possíveis centenas de milhares de pessoas, na grande maioria homens que não ueriam partecipar naquela guerra .

Ao contrário do que se passa na Ucrânia, a censura militar impede os cidadãos de saberem o que se passa nas frentes de combate e inclusivamente, desconhecer o número de baixas que parece ser terrível.

Também a tarefa de jornalistas ocidentais é quase nula não só pelo risco que correm (acusação de espionagem, propaganda anti-russa...) mas porque não conseguem entrevistar livremente quem quer que seja nem aproximar-se da linha da frente russa.

Leis posteriores à invasão punem com pesadíssimas penas quaisquer opiniões discordantes sobre a guerra, impedem manifestações para já bão falar na manipulação escandalosa de actos eleitorais

É bom lembrar que a Ucrânia (que nos tempos da União Soviética já tinha um estaturo especial e um lugar na ONU- o mesmo sucedendo à Bielorússia) se desligou pacificamente da URSS e, renunciou ao seu poderoso arsenal atómico que passou para a Frderação Russa, e viu garantida por uma série de solenes tratados (que a Rússia subscreveu) a sua total independência. 

Durante alguns anos, a Ucrânia (como ocorre na Bielorússia) foi governada por criaturas pro-russas, algumas das quais, de resto, vivem em Moscovo.

Todavia, a novel república que fora independente durante um breve período de tempo nos primeiros anos posteriores à revolução de Outubro, foi natural e pacificamente  dando sinais de querer aproximar-se da Europa sobretudo porque as vantagens de pertencer à União Europeia eram cada vez mais evidentes. Aliás, e a partir da data da independência centenas de milhares de ucranianos buscaram no Ocidente o trabalho e a riqueza que lhes faltava. Mesmo em Portugal estabeleceram-se quase vinte mil ucranianos.

À medida que a passagem dos anos e as tentativas cada vez mais crescentes de influenciar a governação da Ucrânia se tornavam evidentes mais e mais a população ucraniana desconfiava dos seus dirigentes até ao momento de os expulsar do poder. É bom recordar que todas as principais ameaças veladas da Rússia tiveram a sua origem depois do inicio da era Putin.

Quase dois anos antes da invasão, a Ucrânia foi a votos e elegeu com esmagadora maioria o actual presidente (que de resto vem de uma zona russófona que como as restantes sem excepção confirmaram essa mesma vitória. 

Nas poucas semanas que antecederam a invasão, havia em numerosos países ocidentais a convicção ou a suspeita  que a Rússia preparava uma acção qualquer. Porém por ingenuidade ou incompetência a ideia geral era que seria impensável um ataque militar. A própria Rússia por diversas vezes negou categoricamente qualquer intenção mais agressiva mesmo se, entretanto, já ocupara a Crimeia.

É verdade que mesmo hoje, três anos depois, ainda há uma maioria de países que não aceitam a operação russa, não reconhecem as fronteiras declaradas russas por ocupação militar e continuam a apoiar (pelo menos por palavras...) a independência ucraniana.

 

Também é verdade que os países ocidentais, nomeadamente a maioria dos aderentes da NATO, concedem apoio militar sempre tardio e sempre insuficiente à Ucrânia. Porém, a desproporção de forças é óbvia e o mesmo se passa com a população. A Rússia tem três vezes mais habitantes do que a Ucrânia e utiliza muitos dos súbditos mais pobres, vindas das repúblicas desfavorecidas (e são quase todas) ao mesmo tempo que poupam os cidadãos de origem russa.

Agora, pelos vistos, importou umas dezenas de milhares de norte coreanos  mesmo que se duvide da  vontade destes para combater num país distante por objectivos que provavelmente desconhecem. Eventualmente serão a nova carne para canhão da rússia e desconhece-se a sua aptidão para o combate visto a coreia do norte se limitar até à data a manter um enorme exército que não dá provas de eficácia desde o fim da guerra da Coreia. 

Não vale a pena tentar especular sobre os apoios à Ucrânia que no seio de numerosas famílias políticas alegadamente progressistas e  ocidentais nunca teve o mesmo grau de activismo que a causa palestiniana ou mais precisamente a solidariedade com o Hamas ou o Hezbollah grupos que, pelos vistos, não repelem os seus apoiantes estrangeiros.

Há dias, alguém dizia que o progressismo ocidental exclui árabes e negros dos defeitos de racismo, machismo e ultra-nacionalismo agressivo, Isso, essas acusações, só se aplicam aos homens brancos e ocidentais...

Não sei, e duvido mesmo que Trump saiba, se a Ucrânia vai ou não ser auxiliada na sua legítima defesa contra o imperialismo autocrático russo.

Sei, no entanto, que na hipótese de uma derrota ucraniana, as consequências para a Europa Ocidental serão devastadoras, sobretudo para todos os países da antiga área de influência (passe o eufemismo.) soviético.  

Esperemos que as actuais Democracias não sejam tão ingénuas (outro eufemismo...) quanto as que tiveram de enfrentar Hitler.

Slava Ukraini!