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Incursões

Instância de Retemperação.

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estes dias que passam 952

mcr, 14.12.24

Nôtre Dame, fénix para o século XXI 

mcr 13-12-2024

 

Há cinco anos quem viu o incêndio da catedral nunca pensou voltar a vê-la tal como ao longo de dez séculos ela sefoi fazendo, lentamente, com altos e baixos no meio de uma cidade abençoada que existe ou vê gente há (eventualmente) um largo par de milénios (há anos descobriu-se uma piroga que teria((?)) 6000 anos!).

Mesmo os alucinados optimistas de cujo club devo ser sócio fundador nunca esperaram voltar a ver ND em tão curto espaço de tempo.

Porém, uma vez sem exemplo, o milagre cumpriu-se. A catedral está de pé, mais bonita e mais segura (espera-se)  permitindo-nos vê-la à luz do que seria quando os seus construtores a fizeram. com as cors, a pedra lavada, os vitrais a reluzir de novos.

Eu faço parte dos happy few que começaram a conhecer ND bem antes de a poderem ver, sequer avistar do parvis em que hoje ela se mostra (e esta vista é de certo modo recente pois  como se sabe a igreja medieval estava rodeada de casario que só os grandes trabalhos de renovação de Paris permitiram destruir. 

Teremos perdido um Paris medieval e pitoresco msas ganhámos uma cidade luz e isso, é bom que o reconheçamo, deve-se ao pouco entusiasmante Napoleão IIi e ao barão Haussman  que destruiu o casario à volta e em frente da igreja.

Aliás, muito do que hoje se vê é resultado de restauros  porquanto a catedral foi vítima de revoluções e tentativas de destruição desde a grande revolução até à comuna. Em boa verdade, suceeram-se os milagres pois por vontade de um par de enloyquecidos revolucionários a catedral poderia ter tido o destino das Tulherias

Qundo, em pleno rescaldo, o presidente Macron anunciou um ambicioo plano de restauto com um prazo de cinco anos quase ninguém acreditou que isso seria possível. 

Todavia, dois mil artesãos e artistas (incluindo arquitectos, historiadores  para além dos reconstrutores pedreiros, ferreiros, electicistas, carpinteiros, pintores e estucadores restauradores de toda a ordem) mostraram que se há país onde subsistam de forma exaltante as melhores tradições da compaognonage e saber fazer bem esse país é a França. 

Segui, comovido, interessado e exaltado todas as reportagens feitas pelas televisões francesas nos últimos tempos  e vi como homens e mulheres de toda a França se atiraram com entusiasmo e competência à gigantesca tarefa  proclamada por Macron. 

O resultado é absolutamente extraordinário  e espero que seja brevemente publicitado em catálogo ou por outro meio eficaz. Ver um especialista (coadjuvado, é certo, por  outros) restaurar os 8.000 tubos do órgão  ou ouvir os sinos recuperados é algo de extraordinário, emocionante. O mesmo se diga dos lenhadores e dos carpinteiros que renovaram a "floresta" interior dos telhados ou os restauradores dos vitrais e das pinturas. 

De certo modo, estes homens e mulheres redouraram o brasão do made in France.  

E tenho por mim que esta aventura colectiva , nesta especial altura política e social da França poderá ter efeitos benéficos no modo como os franceses encaram o momento político. sobretudo se nos lembrarmos do modo bizarro como o último Governo caiu graças a uma indisfarçavel aliança política entre as extremas Direita e Esquerda. Por muito que se abomine o  governo centrista de Macron, a imprudente convocatória de eleições legislativas  cuja origem, motivação e espectativas são absolutamente compreensíveis para qualquer analista político e até para qualquer contumaz jogador de casino...) este resultado esta conivência contra cnatura so podia dar resultados suicidários mesmo para os democráticos. A escolha do par Le Pen Melenchon é apesar de tudo ainda mais horrenda do que o voto em Macron  mesmo sabendo que este acaba por ser o homem que jogou a desesperada e inútil cartada de eleições parlamentares antecipadas.

Se afinal tudo isto apenas serviu para abrir caminho a um François Bayrou, político de segunda seja por que angulo for, então teremos (ou os franceses terão) de pedir muito a Notre Dame para sair do fosso onde caíram ou se meteram. 

E para tal não bastam 2000, 20.000 ou 2 milhões de grandes artesãos e patriotas.

Apetece lembrar Sade e o seu famoso título français encore um effort si vous voulez être républicains