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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 970

mcr, 27.02.25

no "reino da estupidez"

mcr, 27-2-25

 

Permito-me roubar a Jorge de Sena parte do título de um dos seus livros, para me perguntar em que país estamos. 

A história não mereceria sequer um comentário não fosse dar-se ocaso de um dos intervenientes ser (ou ser considerado por três basbaques) um "influencer". Só isso já consistiria numa pataratice absurda mas, ao que a televisão (SIC) conta, a criatura leva-se a sério e afirma-se "influencer".

De ser influencer é ser alguém capaz de seduzir (pela inteligência, pelo humor , pela beleza ou pelos seus feitos desportivos ou até pela crueldade ou dalta de escrupulos) umas dezenas, centenas ou milhares de cidadãos  de baixo QI e pouca ou nenhuma auto-confiança ou auto-estima,  já me parece (mau)  sinal dos tempos.

Todavia, no caso em apreço, anda por aí à solta uma criatura que além de se achar influencer lá terá um séquito de pobres diabos a beber-lhe nas  redes sociais, as palavras as ideias  sem perceberem o ridículo de tal condição.

Ora, numa sessão de palermices  de baixo teor (a crer que a televisão não tentou distorcer o teor da fraca conversa e pior figura da referida criatura influencer por conta própria)  a personagem confessou entre gargalhadas esparvoadas e momices de circo pobre que teria atropelado uma cidadã. A confissão, pelos vistos, trazia uma tal cópia de pormenores que rapidamente se soube ou se deduziu sem margem a dúvidas  que corrspondia a factos reais, a uma vítima real e a um lugar igualmente reconhecível.

A polícia ou o MP entenderam que, pelo menos, havia que abrir um inquérito tantojmais que a pessoa atropelada sofrera ferimentos de gravidade cujas consequências parecem ainda não ter cessado de a incomodar e afligir.

Pelos vistos  com a lentidão que o pouco ou nenhum bom senso  (nem vale a pena falar aqui de inteligência aparentemente inexistente) eis que a criatura influencer caiu em si. 

E vá de pelos mesmos meios usados para o cacarejos apalermados que produz, vir em alta grita proclamar a sua inocência.

Afinal não suceera nada, não atropelara sequer uma barata bêbada e tudo o que afirmara na televisão era apenas uma prova da sua delirante imaginação, gargalhadas e esgares incluídos.

A televisão parece não ter acreditado  nesté patético e pateta volte-face, voltou à carga, entrevistou a vítima do atropelamento real, a polícia lá se mexeu e o MP também,

Hoje a influente criatura está em África longe da eventual masmorra  onde deveria estagiar  porque, vejam bem!, sentiu-se ameaçada. Ameaçada não se sabe bem por quem pois a vítima apenas quer justiça, a políca apenas o quer identificar e ouvir e o MP tem vontade de se mexer quanto mais não seja porque havia uma queixa antiga, um processo e, frto de chatear políticos, entendeu lançar a rede ao encapelado mar da multidão influencer (verdadeira ou presumida).

Convenhamos que tudo isto cheira que tresanda, que a criatura gabarola devia dar com os costados na cadeia não tanto (mas também) para pagar a malfeitoria, a cobardia da fuga sem socorrer a vítima  mas ainda para ver se uns dias de repouso numa cela lhe permitem recuperar se possível algum tino já que não parece usar algo semelhante à inteligência..

E, já agora, pelos vistos, nem com tantos dados na mão, houve da parte da polícia e do MP  o cuidado de vigiar telefonicamente o eventual suspeito de atropelamento e fuga. 

Por cá, não só se entre neste jardim à beira mar plantado como se penetra no moínho da Joana mas também, e este não é o primeiro, sequer o décimo caso de alguém se escafeder para parte incerta quando percebe que a Justiça lhe está no encalço.

Arre!