estes dias que passam 972
Não vale a pena chorar pelo leite derramado
mcr, 12-3-25
Ontem, como se já se sabia, o Governo caiu. Poderia ter caído antes, caso o PS tivesse votado qualquer uma das moções de censura.
Por razões mais que duvidosas, senão incompreensíveis, o sr Pedro Nuno Santos deixou o Governo subsistir.
Parece que, apesar da impiedosa acusação à acção governamental, o PS entendeu prolongar uma espécie de agonia que seria coroada por um (mais um!...) inquérito parlamentar.
Por outras palavras "a pátria estava em perigo mas convinha prolonga-lo para o naufrágio ser mais tremendo"
Não sei se "o terror das perninhas dos banqueiros alemães" alguma vez pensou que quando o mal começa o melhor é atalha-lo quantos antes para tentar estancar a infecção antes que ela se transforme em septicemia...
O Governo, pouco dado aovauto-sofrimento, trocou-lhe as voltas com a apresentação de uma moção de confiança.
Resta saber, apesar das sondagens parecerem desfavoráveis ao PS, se novas eleições mudarão o cenário político.
Também não se sabe se, apesar do constante gotejar de escândalos, o Chega vê chegado o fim pouco glorioso do seu percurso.
No que toca à pequena multidão de extrema esquerda também não se avista qualquer espécie de progressão eleitoral.
Tudi isto verificado, a questão fundamental passa a ser uma: conseguirá o PSD aumentar significativamente a sua votação. É verdade que fez tudo o que lhe foi possível para isso.
Em boa verdade, a historieta da empresa de Montenegro, não ajuda muito mas também não dá muito pano para mangas a qualquer acusação séria de corrupção.
É verdade que a argumentação baseada na transferência da empresa para espos casada em regime de comunhão de adquiridas, mesmo legal, não diminui o património do marido, como este poderá ter (erradamente) pensado. O facto da referida empresa não ter distribuído dividendos não diminui o mesmíssimo património.
Como sou pessoa generosa, ingénua e incapaz de ver o mal em tudo, tenho por mim que a maior culpa de Montenegro é o seu extenso desconhecimento das mais elementares regras jurídicas. O que, para um advogado é péssim. Ou então é burrice supina. Neste último caso não merece governar sequer uma freguesia.
De todo o modo, uma comissão parlamentar (e basta olhar para as que vão aparecendo) é uma perda de tempo e de dinheiros públicos. E inibe qualquer governação possível mesmo que apagada.
Todavia, o parlamento gosta de brincar os detectives ou aos polícias e lafrões numa manifestação infantil de regresso a uma infância feliz, descuidada mas claramente inepta para levar o país para a frente.
O comentariado enterneceu-se com mais esta "abébia" para dizer o seu par de inutilidades que, porém, rende muito cacau ao comentador...
Hoje uma senhora jornalista pouco versada em História, veio dizer que nem na 1`República houve tantas eleições legislativas em tão pouco espaço de tempo. Mesmo sendo verdade, conviria esclarecer a plumitiva que essa primeira e pouco gloriosa república teve cinquenta e um governos em pouco menos de 16 (dezasseis!...) anos. E que nos intervalos ainda houve toda a espécie de episódios macabros como revoluções, golpes de Estado, assassinatos de políticos e muita, mas muita morte de civis às mãos de milícias terroristas, armadas , bombistas (a famosa "artilharia civil") que nos intervalos atacavam jornais, sindicatos, instituições religiosas ou laicas. Não admira que tivesse caído sem um tiro frente a um general Gomes da Costa que saído de Braga em marcha lenta foi aceitando a rendição e ades\ão de todas as unidades militares no caminho de Lisboa derrubando o regime sem um tiro e aplaudido por algumas elites intelectuais ou sindicais que pouco depois obviamente se arrependeram. No rescaldo dessa marcha lenta e fúnebre, um certo dr Salazar governou o país até cair da cadeira redentora mas podre onde se sentou.
A ver vamos o que sai disto.
A primeira e grave coisa é que mais uma vez os portugueses são chamados a votar em molhadas de candidatos que por serem muitos nunca darão ao eleitor a possibilidade de pedir individualmente contas a quem senta o dito cujo em S Bento para só o levantar á ordem do chefe da bancada para dizer sim ou não.
Enquanto este sistema não for modificado para outro baseado na eleição uninominal de deputados, nada feito.
Continuaremos a ter uma assembleia em que nem sequer dez por cento dos eleitos é reconhecível como dignos de ali estarem. O resto votará sempre à ordem dos joãozinhos das perdizes nomeados pelos aparelhos para pastorear o resto dos par(a)lamentares...
Até que apareça um salvador e todos sabem o que "salvador" quer dizer neste pobre país .