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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 980

mcr, 25.04.25

Doppo Marx, Aprile 

(doppo Aprille, mai)

mcr, 25 de Abril, outra vez

Convenhamos: anda por aí alguma confusão, a menos que se trate de má fé. Ou seja: o Governo  (que não foi votado por mim) entendeu que os 3 dias de luto pelo Papa, deveriam fazer adira as festas que ele Governo organiza. Não as eliminou, apenas as deixou para a semana que vem. 

Imaginemos que não faia isto. Logo surgiriam vozes a acusar o Governo de transformar o luto em nada ou quase nada. 

Todavia, o Governo irá à AR como é hábito e nãao proibiu nenhuma manifestação prrivada ou particular nem deu ordens para as Câmaras eliminarem quaisquer manifestações, desfiles, reuniões celebrativas. 

 

2 Os jornais recordam o dia 25 de 75, data da primeira eleição livre. Em boa verdade, esta eleição foi forçada pelo Presidente Costa Gomes que a impôs avariados grupos e organizações que exaltadamente insistiam (com alguns militares..., diga-se de passagem) na recusa de eleições "burguesas".

O "Pública" dá em três p´ginas o testemnhos de pessoas que (e muito bem) reivindicam este dia 25-4-1975) como absolutamente excepcional, como uma primeira consolidação da Democracia.

3 Nesse dia todos os eus numerosos familiares emidade de votar acorreram às urnas  quase todos para votar pela primeira vez. Apenas alguns dos mais idosos teriam participado em eleições antes de 28 de Maio. É provável que os mais conservadores tenham ido às urnas durante o Estado Novo, pelo menos em eleições presidenciais, mormente na de 1958. 

Na parte que toca fui bem cedo para a minha assembleia de voto pelo que rapidamente cumpri o meu dever e exerci, orgulhosa e comovidamente, o meu direito de voto.

3 Todavia, não foi esta a primeira, mas antes a segunda vez, que votei. Na verdade, em 1969, a Oposição Democrática entendeu não desistir das eleições legilativas apesar de se conhecerem demasiadamente bem os limites existentes ao voto popular. Fiz parte com centenas de estudantes de Coimbra da Comissão Promotora do Voto,  colaborei activamente, ma campanha sendo orador em três comícios e forneci um documento importantíssimo sobre os "acontecimentos de Macau, a repressão colonial e as abjectas desculpas do Governo de Macau depois de uma forte pressão do governador da província chinesa fronteiriça. Insisto: Bastou uma nota dura de um governo local chinês para pôr em sentido as autoridades portuguesas de Macau. A coisa foi cuidadosamente escondida em Portugal (metrópole)  mas eu consegui apanhar o documento e entregá-lo ao Aníbal Almeida para ser divulgado pela CDE de Coimbra. Mais tarde o Aníbal divulgou esse e outros documentos num livrinho editado pela nossa editora resistente "Centelha" (na altura chamava-se "nosso tempo") com o título "sobre o Ultramar - fascismo e guerra colonial", 1974

Depois da campanha pr-voto, fui um dos delegados da oposição (CDE) de Coimbra às mesas de voto. Calhou-me a freguesia dos Olivais e devo dizer que, se não me receberam com simpatia também não me traaram mal. Os restantes membros da mesa de voto eram obviamente todos do Estado Novo, por convicção uns, por oportunismo outros ou mesmo por dinheiro. Sabiam perfeitamente que a oposição não tinha a mínima hipótese,que provavelmente nem era necessária qualquer chapelada, dada a composição do escasso corpo eleitoral  da época. De todo o modo devo confessar que fui para a assembleia de voto orgulhoso ("é altura destes biltres verem um democrata sem medo", escrevi num caderninho que conservei até o perder num incêndio já nos anos 80. claro que desta minha façanha há registo pidesco em um dos 14 processos de que fui alvo. Houve mesmo um insprector da pide que me interrogou durante a minha penúltima prisão que me declarou que "não considerava crime" essa minha participação!...

Portanto, neste duplo aniversário golpe militar e eleições no ano seguinte, tenho por mim que o primeiro voto em liberdade me soube bem mas sem o encanto de ter feito o mesmo quando as coisas eram muito, mas muito, mais difíceis. E prometi a mim mesmo votar sempre que houvesse eleições autárquicas, legislativas ou presidenciais e até hoje não galhei nenhuma. Antes mesmo de tomar o primeiro café da manhã apresento-me na assembleia de voto e pimba!, voto.Actualmente, e desde há um par de eleições voto branco por não aceitar que algo tão importante quanrto a escolha dos nossos representantes seja escolher uma molhada de criaturas (no Porto são 36 se não estou em erro) indicadas pelo aparelho do partido. desta forma nenhum eleitor pode pedir explicações ao deputado A, B ou X sobre o sentido do seu voto seja sobre que problema for. Convenhamos isto é pouco democrático e sobretudo torna as criaturas eleitas totalmente irresponsáveis pois ninguém as pode interpelar ou negar-lhe o voto na eleição seguinte. Mais uma originalidade nacional!...

 

(o título desta crónica baseia-se num título italiano de um livro de Maria Antonietta Macchiochi (a 1`parte) e um acrescento meu que pretende dizer que depois dos acontecimentos que marcaram os últimos meses de 74 e os primeiros de 75, isto é a tentativa de subverter os princípios de Abril para eventualmente recriar caricaturalmente a data de Outubro de 1917 Portanto "depois de Abril (de 74 e de 75)  entendo que os portugueses disseram e repetem eleição após eleição que nunca (mai) adoptarão ideologias que tendam para ditaduras fascistas, iliberais ou do proletariado que, de resto, no caso desta última, foram fragorosamente enterradas sob os escombros da implosão da URSS e do derrube do muro de Berlin.