estes dias que passam 983
São os pobres que pagam a crise
ou que se lixem os trabalhadores
mcr, 9-5-25
A CP é uma curiosa empresa que abriga nada mais nada menos do que 11 (ou serão 13?) sindicatos no seu seio
Pelos vistos as condições de trabalho são tão específicas que são necessários 15 sindicatos para dialogarem com a direcção e, de certo modo, com o Estado.
Desconheço como será a organização sindical em França ou na Alemanha onde de muito longe em muito longe há greves que paralisam boa parte, e a mais fraca, do país.
A ideia com que por cá se fica, mesmo se eventualmente injusta é a de que basta um sindicato de cada vez fazer greve para estas serem constantes.
Aliás bastará tentar lembrar quantas já ocorreram este ano .
Outra ideia que ocorre aos penitentes viajantes da CP é que na cintura das duas maiores cidades há um longo calvário percorrer diariamente, uma completa incerteza sobre o dia de amanhã e um permanente desejo de fugir às estranhas vicissitudes da vida sindical, optando por transporte automóvel que, por sua vez, além de caro entope as cidades e as zonas onde se concentram mais trabalhadores.
Pelos vistos está em curso uma gigantesca compra de material ferroviário desde locomotivas a carruagens. Também há umplano de obras para alta velocidade que está já no terreno e que custará somas astronómicas. entretanto, e em sinal contrário, a renovação das linhas clássicas (p ex a da Beira Alta ou a do Oeste marcam passo e tornam inviável usar os percursos que durante cem anos serviram populações e mesmo comboios internacionais.
Mesmo que esses percursos estivessem ao dispor dos viajantes temos que com o comboio de greves dos sindicatos da CP seria sempre imprevisível a deslocação normal de pessoas.
A greve a que agora se assiste e que foi proclamada para vários dias cheira a campanha eleitoral que tresanda. Há o claro intuito de mostrar ao país que o actual governo (de gestão, sublinhe-se) não faz nada, prejudica teimosamente trabalhadores ferroviários e todos , a imensa maioria, dos que necessitam do comboio para ir trabalhar.
O Governo (de gestão, insiste-se...) jura que não tem poderes para intervir numa negociação, como a exigida. A instituição que regula os serviços mínimos assobiou para o lado e entende que nos dias úteis já perdidos (!!!) não era possível estabelecer os ditos serviços que, miraculosamente parecem agora, sábado, tornar-se possíveis. Alguém, honradamente e de boa fé, entende isto?
Oque parece (ou é ) estranho é que e ste tipo de greves só ocorrem no Estado ou nas empresas que ele controla como é o caso da CP.
Começa a perceber-se a razão porque tanta gente torce o nariz à ideia de haver operadores privados nos carris mais usuais e frequentados. Misteriosamente, ou talvez não, os malvado privados acorrentam os seus trabalhadores, não lhes permitem as mínimas (máximas) liberdades sindicais e por isso concorreriam com vantagem no transporte ferroviário de passageiros...
Já aqui o disse e repito. Estas greves afectam apenas, ou quase só, os trabalhadores. os pobres os que necessitam de viajar entre as periferias onde malvivem.
Ouvir o responsável sindical alanzoar as percentagens da greve e condenar a emresa o governo e sei lá mais quem, é simplesmente obsceno e canalha.