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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Homem ao mar 6

d'oliveira, 19.04.21

 

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Liberdade condicional 14

Demasiada cera para tão ruim defunto

mcr, 19 de Abril

 

 

Eu queria falar do censo. Hoje, na caixa do correio, recebi o diabo do papelucho todo muito secreto, uma dificuldade para o abrir sem estragar.

Qual não foi a minha surpresa quando verifiquei que primacialmente aquilo está pensado pra uma resposta via internet!  Se a pessoa não tem computador (e creio que mais de metade dos portugueses não tem) deverá “solicitar a ajuda de amigos ou familiares; se o não puder fazer, deverá ir à Junta de Freguesia; ou então aguarda pela visita do recenseador provavelmente telefonando para uma linha de apoio. Este número que deveria vir junto às instrucções, vem na capa do papelinho sigiloso!

E previnem as pessoas que na lei X, no decreto Y e em mais outro K, é obrigatório responder! Tudo isto na redacção analfabeta comum de muitos serviços públicos .

 

Sobre os efeitos da citada obrigatoriedade, estamos conversados. Presumo que caso o agente recenseador não apareça ou apareça não estando o morador, a coisa morre logo ali. Duvido que o Estado, de espada em riste, perc o seu tempo a perseguir os faltosos que, aliás, tem mil maneiras de se escapulir.

Tudo isto poderia ser atalhado se com mais meia página se fizessem as perguntas com um quadradinho para responder, caso não se soubesse, não houvesse ou não se quisesse usar a internet.

Mas como novos ricos, deslumbrados, as criaturas do censo nem curaram de perceber que vivem aqui, em Portugal, no ano de 2021, o mesmo em que centenas de milhares de alunos se queixaram de não ter meios para seguir à distância as aulas. Por falta de material, por falta de rede, por mera pobreza.

E é bom lembrar que um estudo recentíssimo avisa que pelo menos um quinto dos portugueses ( só?) vive abaixo do limiar da pobreza. E aí até se incluem pessoas com emprego fixo.

O desdém pelas classes pobres é sistémico e transversal. A ajuda a quem sofre de privações é algo que horroriza o mais pintado. Não chega, o que não chega, chega a desoras, mantém a pessoa em vida mas não lhe dá meios para sair da armadilha que apanhou pais e avós até Adão. Com a merda da pandemia, as coisas hão de ter piorado e muito. A Cáritas,  o Banco Alimentar e outras instituições  privadas (e só menciono estas porque são elas que estão no terreno constantemente, como são também aquelas a quem os deserdados mais recorrem. E são também as que mais depressa respondem, sem burocracias inacreditáveis que só quem as conhece é que pode dizer a selva que aquilo é. Uma corrida de obstáculos que parece obedecer à ideia que os pobres são culpados por serem pobres.

Portanto, o censo. Uma oportunidade falhada para chegar a resultados úteis e rápidos. Uma ameaça vã e desnecessária. Uma previsível falta de informação total, cabal e fidedigna.

 

O título deste folhetim tem a ver com a figura, a triste figura, a desprezível figura de um acusado de graves crimes, mais graves até por terem sido exercidos quando o acusado tinha altas responsabilidades públicas e deveria ser o garante das chamadas “virtudes republicanas”.

Uma pessoa, tenta safar-se do mundanal ruído deste processo mas não tem safa. Melhor, safa tem, basta mudar-se para os antípodes pois pode ser que na Nova Zelândia ninguém, fale de um fait divers português, uma coisa abjecta de faca e alguidar.

É que, por cá, ´impossível escapar incólume. Até a senhora mãe do Primeiro Ministro resolveu sair a terreiro para denunciar uma “perseguição” medieval e tremenda.  Todos tem direito a uma opinião livre mas, neste caso, a opinião sofre de vários achaques. À uma é a mãe do Primeiro Ministro, o que talvez implicasse uma certa reserva. Depois, o artigo é pobre, muito pobre em argumentação. Finalmente, e por isso mesmo, defende mal, ou acusa, apesar de tudo, quem pretende defender.

Depois, ja as televisões que já se aperceberam que uma entrevista ao “animal feroz” e encurralado é algo que dá share (s é assim que se escreve). O dito “animal feroz” escoicinha por todos os lados, o que é lógico, e consegue enredar-se mais e mais na trama que o envolve. A entrevista mais parece uma tourada com pegas de caras e de cernelha por dá cá aquela palha. Mesmo o público não resistiu (quando nada o obrigava, e sobretudo a defesa de um português escorreito) a publicar um artigo de auto-defesa que é dramaticamente risível.

Entretanto, alguns políticos, poucos, do PS tentam sacudir a água do capote. São os que sempre, ou quase sempre, se opuseram ao dito “animal feroz”. A maioria, porém, está nas encolhas, mesmo se eixa cair algumas pérolas de veneno, como quem não quer a oisa. A drª Gomes está nas suas sete quintas que este escândalo permite-lhe continuar a sua cruzada favorita. Até parece que há quem lhe queira dar lugar e espaço...

Deixmos este tema deletério cujos miasmas são insuportáveis. E recordemos a uma verdadeira multidãoo de portugueses que fervem à temperatura do ângulo recto que o sr. juiz Ivo Rosa não é removível assim por peditório publica mesmo de cem mil criaturas que não percebem que o seu gesto de indignação permite mais uma vez temer pela sorte da democracia tanto ou mais do que a teorias da conspiração. E muto mais do que o Chega que ontem respondeu com um milhar de criaturas uivantes a cinquenta outras tristes criaturas que o querem fazer desaparecer. A estupidez destes democratas de algibeira alimenta o reacionarismo mais puro e duro. Arre!

 

O articulista da última página do Público, Rui Tavares, atira-se com unhas e dentes ao PPD por causa de uma advogada candidata à Câmara da Amadora. Parece que a criatura diz coisas insuportáveis. Se sim, Tavares pegava na pena e desfazia-lhe a argumentação, sem meter ao barulho um partido que não suporta. Depois, noutro artigo analisava as opcções autárquicas desse partido e cantava.lhe a missa toda com sermão de pregador de fora. Agora misturar alhos com bugalhos é que me parece insensato. Eu creio que esta Câmara é desde sempre ganha por gente de esquerda pelo que esta corrida vi ser curta e grossa. Mas Tavares, ao ouvir chiar no corredor, as botas do moço da tipografia, resolveu descascar no bey de Tunes, se é que a minha lembrança do imortal enterrado em Tormes está certa. Tavares acrescenta algo que o devia envergonhar. Fala do eventual apoio a um “corrupto” candidato a outra autarquia onde gnhará de certeza. Era bom lembrar que essa pessoa foi condenada por branqueamento de capitais e não por corrupção. Que cumpriu pena e está com todos os direitos cívicos restabelecidos. Que, portanto já pagou a sua dívida à sociedade.

Eu que nada tenho a ver com toda essa “boa gente” lembraria que em questão de apoios Tavares andou de lira ao alto a entoar loas a uma deputada que logo que se viu eleita o mandou a ele, e ao partido que a candidatou, às malvas ou qualquer outra coisa começada por M. Recordaria também, que ele, Tavares depois de eleito por um partido para o PE se demarcou dele e continuou como se nada fosse no Parlamento num lugar que o modo de votação existente em Portugal prova à evidencia que não era dele mas do partido. Foi feio, muito feio.

Quem tem telhados de vidro...

* na vinheta: arte maori (já que referi a Nova Zelandia...)

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