Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

homem ao mar 9

d'oliveira, 22.04.21

Liberdade condicional 19

Tiro ns pé

mcr, 22 de Abril 

 

Não queria insistir na bizantina decisão da Associação 25 de Abril quanto à participação ou não das pessoas da Iniciativa Liberal. Todavia, a prestação tristíssima do senhor coronel Vasco Lourenço, ontem, nas televisões, obriga-me a voltar a essa “vexata quaetio” que ao fim e ao cabo se reduz a uma confusão interpretação da licença da DGS quanto ao cortejo.

Se bem entendi, a DGS teria fixado um máximo de 1000 criaturas no desfile. 

Convenhamos que, para além da contabilização de marchistas à partida, ou há um serviço de ordem extremamente eficaz, com possibilidade de impedir os penetras ou tudo isso é pouco mais do que fogo de palha. 

Vivendo longe  de Lisboa e tendo desde menino a ideia de que os feriados, se o tempo o permitir, são para ir à praia ou passear, nada tenho com estes limites de lotação, nem com a vontade de participar na marcha cravejada a desafinar o “Grândola...”. quem participa exerce o seu direito, quem não participa idem e a descida da Avenida não me aquece nem arrefece. 

Todavia, e do ponto de vista de Sírios, tenho a vaga ideia de que se há um partido recente, um movimento cívico novo ou alguma agremiação democrática que queira juntar-se, tal deve ser incentivado e, porque não?, aplaudido. Mais uma prova de que, em 1974, finalmente, houve militares que com a tardança de  quarenta e oito anos, entenderam corrigir uma situação criada pelas forças armadas, mesmo se com o aplauso quase unânime do país, das elites, dos sindicatos  que viam ruir diariamente a 1ª República. O 28 de Maio não passou de uma lenta passeata de tropas saídas de Braga que, se foram aproximando de Lisboa, entre vivas do povo e adesões em cascata dos quartéis, de todos os quartéis, estacionados no caminho. 

Pelos vistos, tal não foi o parecer do senhor coronel Lourenço presidente vitalício da A25A. Socorrendo-se de uma recomendação da DGS eis que proibiu a chegada de quatro ou cinco criaturas. Tenho a fortíssima convicção que o militar em causa não percebeu a tolice do gesto, a implícita censura que ele revelava nem que tal decisão poderia ter consequências políticas variadas e todas desconfortáveis para a Democracia, a Liberdade e a Esquerda. E isso mesmo foi patente pelo coro de críticas (incluindo, pelos vistos, o PCP que, nestas coisas, é cauteloso, inteligente e não gosta de “dar armas à reacção”)

As televisões (por exemplo o programa “circulatura do quadrado”) atiraram-se a este fait divers como gatos a bofe e, desconfio, extasiaram-se com imagens em directo do esforçado coronel a tartamudear umas esfarrapadas razões que só mesmo ele perceberá. 

É evidente que ninguém exige ao coronel Vasco Lourenço visão política, inteligência táctiva, noção estratégica em coisas que não são exactamente do foro militar.  Mesmo se o referido oficial, volta que não volta, se meta nestas altas cavalarias porventura complicadas para alguém da Infantaria. 

Pior: no decurso da discussão, um jornalista veio afirmar que a A25A está estabelecida num prédio pago pelo Estado, recebe uma côngrua do mesmo Estado que dará para pagar as sedes regionais e a de Lisboa. Não sei se isto é verdade mas se acaso for estamos perante outro insondável mistério que é o de uma associação privada receber não se sabe por que bulas um apoio dos contribuintes, incluindo os que ela recusa integrar no “seu” desfile. 

Em tempos já semi-distantes, fui, por três vezes,  com um amigo comer um exeelente cozido à portuguesa À A25A. Paguei o que me pediram e agradeci esta possibilidade mas isso, o restaurante aberto a todos, não justifica qualquer óbolo estatal. Também já, e aqui, saudei uma posição da A25A que perante uma miserável recusa de um grupelho restrito de estudantes, ofereceu a sede ao dr. Jaime Nogueira Pinto (criatura de que fui adversário nos meus tempos de estudante) 

Para proferir uma conferência cujo conteúdo esqueci.  

Esta posição, de uma nobreza que admiro, contrasta com a canhestra decisão que agora critico. 

No meio disto tudo, só há, até ao momento, um vencedor: a IL que nunca teve tanta gente e tantos meios de comunicação a solidarizar-se com ela e tanta propaganda gratuita.

Não sei se o sr. Coronel terá reparado nisto...

(parece que uma agremiação de nome VOLT Portugal também foi escorraçada d marcha)

feito por mcr, paisano convicto e abrilista desde1958 (é bom lembrar que nesse ano, o de Delgado, não haveria muita gente militar que coubesse na futura designação )