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Incursões

Instância de Retemperação.

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Maria Luís Albuquerque “fura-vidas”

José Carlos Pereira, 07.03.16

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Já muito foi dito e escrito sobre o facto de a ex-ministra e actual deputada do PSD Maria Luís Albuquerque ter sido contratada por um grupo financeiro britânico especializado na compra de dívida pública e crédito mal parado. Com a sua decisão, Maria Luís não terá ferido a legalidade, mas a ética política e a moral foram atingidas em cheio. Disseram-no pessoas de todos os quadrantes políticos, incluindo várias do seu próprio partido.
Recordo que Maria Luís Albuquerque, a ministra das Finanças com o curriculum mais pobre dos nossos governos constitucionais, só foi alcandorada a tal posição pelo facto de ter leccionado umas aulas a Pedro Passos Coelho no seu tardio curso de Economia e ter granjeado a simpatia pessoal deste. Em conjunto, esta dupla ergueu no Governo um discurso moral contra os abusos, os privilégios e as regalias, reduzindo e eliminando remunerações, pensões e subsídios. Como alguém já referiu, a comunicação governamental tratou de fazer emergir o poder proveniente dos subúrbios contra o poder natural das elites poderosas e endinheiradas.
No entanto, esse discurso justiceiro caiu na primeira ocasião, mal a deslumbrada deputada recebeu um convite de uma empresa que, além de ser estrangeira, o que dá sempre uma certa “panache”, permite arredondar a conta bancária. Se essa empresa lidera um grupo que interveio na compra de créditos do BANIF e participa na compra de dívida pública, o que é que isso importa? Maria Luís Albuquerque pode ser chamada a tirar partido dos conhecimentos acumulados sobre a dívida pública e privada detida por terceiros? Mas onde está o mal?
Obviamente, não é a cidadã e a economista Maria Luís que está a ser contratada, mas sim a ex-ministra e profunda conhecedora de dossiers relevantes no domínio da gestão da dívida pública. Pedro Passos Coelho já veio, pressuroso, cumprimentar a sua deputada pelo convite recebido, dizendo não ver qualquer incompatibilidade. Afirmou até que Maria Luís Albuquerque continua elegível para qualquer lugar, o que deixa antever que pode vir a indicá-la para vice-presidente do PSD no próximo congresso.
Passos Coelho e Maria Luís estarão bem um para o outro no que concerne às exigências éticas, às expectativas de vida e de ascensão profissional. Aliás, quanto à ética de Maria Luís Albuquerque, creio que o padrão de actuação seguido pelo jornalista seu marido, de que nunca se distanciou publicamente, já nos tinha mostrado que a família Albuquerque tem sede de poder e de afirmação pessoal. De dinheiro e status também, ao que parece.

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