Norte com dois terços dos infectados com Covid-19
A revelação de que a Região Norte volta a registar mais de dois terços dos infectados com Covid-19 sublinha uma realidade que tem intrigado muitos portugueses. Muitas razões concorrem para este resultado numa região que encerra em si muitas disparidades, económicas, sociais e culturais.
Sem necessidade de recorrer a grandes estudos científicos, é sabido que uma maior exposição ao estrangeiro por via da indústria exportadora, dos emigrantes que regressaram em grande número e do turismo, neste caso numa fase inicial de contágio com posterior propagação, ajuda a justificar a maior concentração de casos a Norte, tal como a elevada densidade populacional em muitos centros urbanos, uma população mais envelhecida em outros locais, laços familiares alargados a diferentes gerações que promovem múltiplos contactos intergeracionais e muitas unidades industriais que terão continuado a laborar sem observar todos os cuidados devidos, entre outras razões.
A surpreendente diferença nos números registados no Norte e em Lisboa e Vale do Tejo, que a muitos surpreende, encontra uma pertinente justificação adicional quando comparamos, sem qualquer tom depreciativo, a fortíssima concentração de funcionalismo público em torno da capital com o perfil industrial do litoral Norte, muito menos propício ao recolhimento e ao isolamento protegido (do vírus e dos cortes salariais) no conforto do lar.