Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

o leitor (im)penitente 247

d'oliveira, 23.09.22

oreiller.jpg

Uma vida através de livros 6

Maníaco? Erotómano? Leitor compulsivo? Viajante imóvel? Curioso, simplesmente?  - Seja o que for!

mcr, 23-9-22

 

Um punhado gordo de amigos já me conhecem. “De ginjeira!” acrescentam os mais afoitos. “este gajo até lê a literatura inclusa nas caixas de medicamentos!” (“mentira”, reponto eu, indignado. “Aquilo é tudo em letras pequeninas! e uma chatice. Já me basta ter de tomar as mezinhas recomendadas  pelo esculápio de serviço, quanto mais entender a coisa...”)

Todavia, alguma verdade há nas críticas bem humoradas dos meus amigos. Eu leio qualquer coisa  que apanhe a jeito. Agora menos por via de uma doença fdp no fundo do  olho. Mas o Japão onde nunca pus os pés (nem porei certamente) atrai-me. Por via da pinuira, de alguma literatura clássica e de documentários vistos na televisão. E dos filmes, ou – melhor- de alguns (imensos) filmes... Com o andar dos anos fui constituindo uma biblioteca japónica sobretudo à base de álbuns de estampas.

Ora nessa floresta genial claro que, mais cedo ou mais tarde, iria desaguar na arte “shunga” ou, melhor dizendo, na pintura erótica. Era ela aliás que servia de ponto de partida a inúmeros sedutores do grande século que acumulavam as gravuras dos grandes mestres com estas que, de resto, se deviam à mesma mão das outras, as sérias, as etéreas, as delicadas ...

E daí existirem, por cá, entre outros, três álbuns que abaixo são descritos em fichas.

O primeiro (e lá vem a menção) destina-se a mãos prudentes, científicas!.

Já o segundo (le poéme de l’oreiller et autres récits) nem sequer refere essa nota pudibunda mas identifica os grandes mestres (Utamaro, Hokusai, Kunioshi et alia )

O terceiro (le printemps des délices) atreve-se a dizer ao que vem: arte erótica do Japão! Toma lá que já bebeste!

Estes apontamentos que vou por aqui deixando são apenas sugestões de leitura. Para os mais curiosos isso basta porquanto, sem grande esforço encontram na internet explicações, notas críticas, descrições bem como preçários – e normalmente estes grandes álbuns são muito menos caros do que à primeira vista se supõe. Alguns encontrei-os na FNAC   outros aparecem em vendas de alfarrabistas. E, como me dizia um deles, aqui do Porto, “o livro vai barato porque já ninguém lê francês!”

 

Le chant de l’oreiller

(l’art d’aimer au Japon)

 

Michel Beurdeley Chinobu Chujo e

Richard Lane

Office du Livre, Fribourg,  1976

275 pp., 36 x 27

Muito Il  a cores epreto e branco

enc de editor., c/ sobre-capa

 

 “esta obra destina-se exclusivamente

aos leitores interessados por razões

científicas e artísticas  e como tal

reconhecidos pelo livreiro

Venda interdita a menores de 21  anos”

(p. 6, logo depois da página de título)

 

Poéme de l’o,eiller et autres récits

(Utamaro, Hokusai et autres artistes

du Monde flotant)

Gian Carlo Calza, Phaido, Paris 2010

483 pp, mais de 500 ilustrações a cor

encadernação de editor

 

Le printemps des délices

(art erótique au Japon)

Philippe Rey, ed.

Catálogo a partir da exposição 

“Lentelust, erotische phantaisien

in Edo, Japon” (2005)

org: Chris Ohlrnbeck e Margarita winkel

Testos de Ellis Tinios, Cecília Segawa Seigle

e Oikawa Shigeru

profusamente ilustrado a cores (400/500 ill)

256 pp, , 30 x 25,5 enc de editor

 

A tempo: há edições portuguesas sobre arte e cultura japonesas. Algumas trazem iconografia de grande qualidade e estudos que valem a pena. Por todos, sem tentar desfazer nos não citados, citaria um excelente livro “Uma istória do  Assombro (Portugal Japão, secs, XVI-XX) de Alexandra Curvelo e Ana Fernandes Pinto  autoras da Introdução ao catálogo da exposição que teve lugar entre 29-11-2018 e 27-3-2019. Estas senhoras sabem (muito e bem) do que falam e o que escrevem é uma bela e profícua entrada a uma cultura que por cá se desconhece  quase inteiramente.