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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

o leitor (im)penitente 266

mcr, 02.04.24

três (ou quatro)  livros

mcr, 2 -4-24

 

Sei bem que devia meter a minha colherada política tanto mais que hoje é empossado o novo 

Governo chefiado por Luís Montenegro.

Todavia tenho como certo que tudo o que dissesse seria cuspir contra o vento se me permitem expressão tão antipática.

De facto, até ao momento apenas temos um punhado de intenções brandidas durante a campanha eleitoral mas cujo valor terá agora de ser aferido pela pratica normal da governação.

digamos que fora algum declaração mais ruidosa e solene , será precisa uma semana (pelo menos, dada a urgência que a composição do parlamento sugere)u mais. Um Governo de um partido que esteva afastado dos ministérios oito longos anos vai ter de "dar à perna", verificar os dossiers, estudá-los e isso leva o seu tempo. 

O resto, as diferenças políticas e suas eventuis consequências, sendo importante  n\ao elimina estes primeiros passos que para uns serão hesitantes, para outros meramente cautelosos.

foi por isto que me espantou a posição do PC com a sua imediata moção de rejeição anunciada mesmo antes de conhecer sequer os ministros, já não digo o restante pessoal, de ouvir o programa do Governo, de verificar se nas medidas anunciadas há ou não benefício para os cidadãos, para os "trabalhadores" de cuja representação o pc se arroga apesar destes serem notoriamente muitos mais do que os magros resultados eleitorais mostram.

Bem sei que para um partido que regra geral, classifica o ps de agente da burguesia e cavalo de Troia da reacção, do capitalismo, da NATO ou da tremenda Europa, um governo do PPD deve assemelhar-se aos quatro cavaleiros do apocalipse juntamente com as sete pragas do Egipto, em suma o fascismo puro e duro chefiado pelo fantasma do cavalheiro das botas nado e criado em Santa Comba Dão.

Não refiro os restantes partidos ditos de Esquerda mesmo se, à excepção do PAN, tem representação maior no parlamento, Em boa verdade representam no toral um quinto dos efectivos do Chega o que prova à saciedade que as suas declarações de guerra ao ajuntamento de Ventura  foram ignoradas.

Neste momento, o "partido de protesto" é o Chega por muito que isso custe aos que, desde sempre, reivindicaram o protesto.

Uma coisa é certa: este Governo vai navegar sempre à vista da costa, entre Scila e Caribdis  o sr Montenegro vai ter de penar bastante. E com ele, nós  cidadãos paisanos que legitimamente esperamos que o Governo governe que a saude melhore, que as poícias deixem de reclamar, que as escolas ensinem ... E por aí for

Depois, lá mais par o Verão é altura de não só pensar o Orçamento mas tembém, e cada vez mais urgentemente, um par de problemas europeus, o menos dos quais não será a Defesa, a hipotética volta do SMO,  

Finalmente, háque recordar aos mais distraídos que o famoso excedente de Medina não poderá ser usado para tapar as reivindicações das corporações que neste momento  (e durante boa parte doas anos perdidos por Costa) estão na rua.

Perante este cenário que só peca por reduzido creio que qualquer tentativa minha de análise está votada ao fracasso.

Melhor será chamar a atenção dos leitores para alguns livros a sair ou já nas livrarias. 

Manuel Alegre publicou "Memoria minha" que, como o nome indica, é um livro de memórias que aguardo enquanto leitor e mais ainda como migo, com alguma ansiedade.

De João de Deus sai um livro sobre a sua vida. Este belíssimo poeta e exemplar cidadão teve um destino singular. A suafmosíssima "Cartilha Maternal" apagou (de certo modo) tudo o resto incluindo a obra poética . O poeta, o boémio coimbrão, empalidecem a imagem do cidadão o que faz de João de Deus um desconhecido . Este livro, espero-o (ainda o não tenho)  poderá reparar o desconhecimento mesmo que aind por aí estejam os hordins escola com o seu nome.

Maria Antónia Oliveira reedita, muito acrescentado, o seu "Alexandre o' Neil uma biografia literária. Quem, como eu, conhece e apreciou a primeira edição recomenda vivamente a obra que é publicada pela Assírio e Alvim.

Finalmente, este velho routier pelas aventuras políticas de sessenta para cá está interessadíssimo pelo  ensaio histórico "Memória Vermelha" de Tania Branigan (Bertrand) um documento sobre a Grande Revolução Cultural e Proletária  (1966-1976) uma hecatombe ética, política, cultural e humana cujas consequências ainda se sentem. Um desastre absoluto, o naufrágio de tod umaEsquerda generosa e ignorante que, na Europa, julgou, sem saber ler o ou falar chinês,  que ali estava a salvação do sistema russo/soviético. Não estava nem, aliás, este tinha hipóteses de salvação. Como se viu. A China que hoje conhecemos perdeu nesta última e trágica aventura  do maoísmo (já antes as "cem flores..." ou o "grande salto em frente" tinham sido desastrosos  e mortíferos) milhões de cidadãos e o PCC que hoje governa perdeu, se alguma vez a teve, a alma. O comunismo chinês será tudo o que quiserem excepto comunismo, democracia, liberdade  ou revolução. Há ali uma china milenar que regressa sem o encanto da velha cultura nem a promessa de melhores dias. E uma autocracia mais violenta, mais eficaz, mais preparada para matar no ovo quaisquer aspiração libertária.

"La Cina (non) è vicina", Marco Bellochio que me perdoe.