o leitor (im)penitente 271
trabalhos redobrados
mcr, 15.8.24
estamos em pleno "ferragosto" que em Itália é dos feriados mais desejados e mais festejados. Por cá é dia da Assunção de Nª Senhora festa religiosa que com as férias passa quase desapercebida.
Curiosamente, no dia anterior celebra-se o aniversário da maior e mais gloriosa batalha da nossa história. É extraordinário porque esta batalha durou pouquíssimo tempo, um par de horas digamos conseguindo apesar da despropcorção de forças uma clamorosa vitória que se tornou ainda mais evidente dada a desorganizada fuga dos invasores que foram chacinados sem piedade tendo mesmo muitos morrido às mãos de populares dos arredores.
Todavia, hoje, pelos vistos, a efeméride passa largamente despercebida. Chego a pensar que uma grande maioria dos portugueses desconhece não só adata da batalha mas até o dia em que ocorreu.
E nem falo no desconhecimento de como tudo sucedeu .
todavia, não é da Batalha, da ida da Virgem para o céu ou sequer do ferragosto que venho até aqui.
De facto, apenas queria referir uma das dificuldades surpreendentes deste leitor (im)penitente.
Eu sou desde os primeirosdias do seu aparecimento um leitor da belíssima revista Colóquio (letras, que a outra a Artes já apenas um saudade)
Trata-se, sem qualquer dúvida de uma excelente publicação, mesmo se volta e meia a saída de uma edição se atrase violentamente.
O que é mais surpreendente é o facto de por mais que se procure a revista não se avista.
Desde que a livraria Leitura (outra imensa e desolada saudade) fechou ninca mais consegui encontrar no Porto a "Colóquio!. Nem FNAC, nem Bertrand, sequer duas ou três livrarias resistentes e notáveis a conseguem. Nada. Nada de nada. O deserto editorial .
Parece que a poderosa fundação Gulbenkian depois do esforço (e do custo seguramente elevado) não consegue levar a revista aos leitores interessados.
Eu referi o Porto mas agora que esyou por breves semanas em Lisboa descobri que, aqui também a revista anda desaparecida. Na Bertrand o último número de que se lembravam era o 111 enquanto que na FNAC do Chiado havia notícia do nº219 ou seja de um número editado há já um bom par de anos!
Optei por me deslocar `Fundação e aí não consegui o exemplar pretendido mas saí ajoujado de mais quatro que não não tinha mas de que nem sequer tivera notícia. desde o encerramento da Leitura deixei de a poder encontrar e comprar comodamente.
Entretanto e para enegrecer ainda mais a pílula, devo dizer que com muito trabalho consegui chegar à fala (telefónica) com uma simpática senhora da redacção, dado que nas restantes secções da revista nem vivalma atendia. A simpática criatura até me propôs tornar-me assinante coisa a que acedi dado que ela iria imediatamente contactar a aecção respectiva. Vão já dois meses e nada!...
Eu tenho da Gulbenkian uma boa ideia eas melhores recordações desde o meu tempo de bolseiro para o curso de Direito Comparado da Faculté Internationalle pour l'Enseignement du Droit Comparé. Foram anos felizes, buliçosos com sessões em váios países e universidades onde fiz amigos que recordo com carinho.
Conheci pessoalmente vários responsáveis pela revista, entre todos o Nuno Júdice um poeta excelente que nos deixou recentemente.
Custa-me verificar que a revista de indiscutível qualidade seja, neste país, praticamente clandestina, longe do seu lugar habitual nas livrarias. Alguém me disse que "a distribuição era um problema"
Um problema? Mesmo em Lisbos e no Porto com duas organizações livreiras do tamanho da Bertrand e da FNAC? estão certeza a gozar com o pagode.
Na livraria da Fundação aconselharam-me a tentar a compra "on line". Tenho porém o pressentimento que conseguir tal proeza é mais difícil do que meter uma lança em África (coisa que foi directa consequência de Aljubarrota, veem como tudo se junta?).
A única pergunta que se pode fazer é esta; quer a Gulbenkian vender a sua revista aos leitores? Ou basta-lhe editar os três números anuais e aguardar que alguém lá vá buscar um exemplar ?
o último número da revista é, como de costume excelente eaté traz um presente: uma versão fac-simile de Cau Kien, livro de poemas de Fernando Assis Pacheco que com o título vietnamita descrevia a guerra de África vivida pelo poeta. Foi editado pela Centelha, uma editora coimbrã, nascida da crise de 69 e de que fui sócio. Curiosamente, foi est o primeiro livro do FAP que passou por uma editora a sério (ou quase que nós éramos sobretudo militantes mesmo se só de poesia editamos duas boas dúzias de livros...)
Convenhamos que para meio de Agosto, ferragosto (que saudades de um passado em Roma...) o folhetim mesmo merendo a ascensão da Virgem aos céus, que o dr Salazar transformou em feriado, tem alguma razão de ser
Boas leituras.
na vinheta o ferragosto italiano, fotografia pilhada, como de costume, na internet