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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

a varapau 22

d'oliveira, 20.06.16

E vão dois

Não quero fazer de Cassandra mas que algo vai mal no torrãozinho de açúcar não restam dúvidas. A equipa que ia disputar a final arrisca-se a ter de o fazer já e sem qualquer garantia. A arma miraculosa do melhor do mundo é o que se vê. Nem num penalty! Não foi a figura do jogo e entre os colegas houve quem ficasse melhor na fotografia.

A coisa piora quando nos lembramos das tolices de Ronaldo depois do jogo contra a Islândia. Afinal o autocarro existe e esteve na baliza da Áustria. Ou só no poste, o que vem dar ao mesmo.

 

d'Oliveira fecit 

a varapau 21

d'oliveira, 15.12.15

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Quando o verniz estala

Os meus leitores sabem que não morro de amores pelo dr. Rui Rio. Nunca o votei e nunca me passou pela cbeça dar-lhe o meu voto para PR

Todavia, para espanto meu, ele governou a cidade com alguma isenção (e o arrufo com o PPD mostra-o claramente) e deixou-a melhor do que estava e muito menos endividada. Mesmo a longa querela que o opôs a certos meios culturais não foi toda em seu prejuízo nem, sequer, provou a acusação que lhe fizeram de ser contra a “cultura”, sobretudo alguma que muitas vezes se traduzia na mais abjecta mediocridade.

Essencialmente o dr. Rio ficou conhecido (para além da sua proverbial teimosia) pelo conflito que manteve com o FC Porto a quem negou a varanda dos Paços do Concelho para celebrar os seus triunfos. Segundo o clube, havia uma tradição de ali terminar a carreira triunfal afirmada durante o último quartel do século XX.

Segundo Rio, uma coisa é futebol outra a Câmara Municipal e a dignidade das suas instalações. Um diálogo de surdos, como se vê e, por isso mesmo, um diálogo envenenado.

Pessoalmente, nunca dei razão a nenhum dos contrincantes e se, de certo modo, acho alguma laracha ao sr Pinto da Costa, também não me deixo encantar pelo seu humor grosseiro e, muito menos, pela lenda (ou verdade?) negra que o acompanha.

Pinto da Costa, irmão de um grande e falecido amigo meu desde os tempos de Coimbra, tem um estilo muito próprio e só se distingue dos seus colegas do sul (Benfica e Sporting) pela marcada pronúncia do Norte –que ele aliás exagera propositadamente – e pelo estilo que impôs à direcção do clube. Astuto, hábil, disciplinador, politicamente interventivo, vaidoso, Pinto da Costa não deixa de ser o que é: alguém que é capaz de manipular multidões clubísticas e que provavelmente já deveria ter descalçado as chuteiras. Infelizmente, criou o vazio à sua volta e agora mesmo em clara perda de vigor e de verve não sabe como retirar-se em glória.

Vamos, porém, ao que interessa: Rui Rio já não é presidente da Câmara e ainda não tem um destino político nacional. Falhou a candidatura a Presidente da República depois de verificar que não dispunha dos apoios necessários. É um cidadão tranquilo e lá vai intervindo em diversas iniciativas com maior ou menos fulgor mediático. Justamente, iria intervir na “conferência anual da SIC” a convite dos dirigentes da estação. Tal reunião fora marcada (suponho que há já bastante tempo) para um pavilhão do FC Porto e não se desconhecia quem participava.

Não sei se a cedência do pavilhão era a título gratuito ou oneroso. Sei, isso sim, que, como ocorre em todas as cedências, durante o tempo da reunião, a SIC estava na situação de inquilina e por isso mesmo juridicamente só ela poderia convidar ou impedir alguém de entrar.

Não consta que o FC Porto tivesse imposto qualquer condição especial mormente uma proibição de entrada a quem quer que fosse.

Ao proibir, in extremis, a presença de Rio, fica-se com a ideia de má fé e, sobretudo, de má educação, de rancor vincado e antigo e de vingança mesquinha. Ou, pior ainda, de chantagem pois qualquer pessoa sabe que é difícil mudar a sede de um evento de um dia para o outro.

Pelos vistos a SIC, que tem um poder bem maior do que o FC Porto, sobretudo quando não está à frente do campeonato, pode rapidamente arranjar outro local tão ou mais nobre do que o pavilhão do FC Porto e Rio entrará naturalmente pela porta principal e terá uma reforçada atenção dos media. Até nesse campo a direcção portista sai derrotada.

O que surpreende (sobretudo as pessoas que têm uma alta ideia da inteligência - que não da urbanidade!...- de Pinto da Costa) é que se a conferencia se realizasse no primitivo lugar, sempre poderia o FC Porto afirmar alto, ou num silêncio ainda mais estrepitoso, que sabia dar uma bofetada de luva branca. Não sabe! É com ele.

Lamento muito mas o resultado desta farsa é Rio 1, FC Porto 0.

Não havia necessidade...

(escrito por mcr adepto da Associação Naval 1º de Maio)

a varapau 26

d'oliveira, 20.11.15

Gangster!

 

Uma irrelevante criatura de seu nome Tiago Barbosa Ribeiro, actualmente deputado (isto de votarmos em listas com dezenas de nomes dá nisto) entendeu do alto da sua incipiente carreira política qualificar o Presidente da República de “gangster”.

Mesmo duvidando que o ilustre membro do Parlamento saiba exactamente o que quer dizer “gangster” (suspeita que me é suscitada depois de ler dois penosos artigos da criatura (“o meu ps” – um amontoado tolo e pretencioso de narizes de cera- e algo ainda mais irrelevante histórica e politicamente sobre o PREC) tem-se como seguro que o homenzinho queria difamar não o cidadão Cavaco Silva mas o Presidente da República que mesmo sem nunca ter contado com o meu voto merece pelo lugar que (bem ou mal) ocupa chamado respeioto instittucional.

Sobretudo se quem opina sobre ele é oputro eleito. A linguagem taberneira e politicamente estúpida utilizada por este pai da pátria ou filho da democracia revela sem lugar a dúvidas mesmo piedosas várias coisas. Ignorância, incapacidade de medir o que diz, inconveniência, falta de chá para não dizer mais cruamente educação, e eventual inaptidão para o exercício de cargos políticos. O senhor deputado excita-se muito com o actual momento político (antes se excitasse com coisas ou prazeres mais concretos...) e não olha a meios para defender os seus fins.

A chamada casa da democracia não devia acolher gente desta sob pena de voltarmos a cair no espectáculo insensato de um parlamento descrito por Eça há cento e muitos anos. Claro qque ninguém pede ao senhor Barbosa que se dê ao imenso trabalho de ler essas imortais páginas escritas em 1831 (Uma campanha alegre, vol I das Farpas, Companhia Editora Nacional, Lisboa, 1890). Hoje em dia esse medonho sacrifício foi obnubilado por coisas curtas e pífias que correm pelo facebook (com muitos “like”) e pelo linkedin onde este cavalheiro parece ter assentado os seus arraiais.

Imaginemos, todavia, que alguém, mesmo sem ser cavaquista assanhado pega na delicada expressão usada pelo senhor Barbosa e resolve retorquir na mesma moeda e lhe chama, salvo seja, imbecil, cretino, gatuno ou palerma, coisas todas com menor dimensão da usada pelo representante do povo. E que, justamente indignado, o tribuno, sai à liça e usa outras tantas ou piores urbanidades. E assim sucessivamente...

Em tempos menos tíbios que os actuais estas coisas pediam sangue, duelo, pistolas ou espada ou quiçá varapau, bengalada. Isto para não falar no envio de sicários (depois, se necessário explica-se ao senhor Tiago o significado da palavrinha) encarregados de vingar por pouco dinheiro a honra perdida e escassa coragem do ofendido mandador.

O jornal relata que alguém do P.S. entendeu “puxar as orelhas” (sic) do deputado e que este reconheceu ter sido “imprudente” e pediu desculpas.

Vamos por partes: a calúnia não é uma imprudência é apenas e só uma vilania, uma baixeza, uma erupção de mau carácter. Ou uma prova de falta do mesmo.

No que toca ao pedido dde desculpas, conviria saber a quem foi dirigido e em que termos. Foi à cúpula do P.S. ou ao ofendido? É que as coisas não são iguais. É verdade que o P.S. sai mal destas tolices mas, enfim, não é inteiramennte responsável pelo que uma inculta criatura escreve no facebook. Merece um pedido de desculpas mesmo se a palavra “imprudente” seja apenas mais uma triste tentativa de distorcer a situação. Escreveu o deputado ao alvo directo do seu ataque? E em que termos? Era isso que convinha saber a menos que todos nós mereçamos viver numa república batateira onde, como no famoso dicionário da Academia, a ultima palavra do léxico reconhecido fosse “azurrar”.

E a prática política corrente se mantivesse dentro dos parâmetros desse verbos hoje tão fora de moda...  

a varapau 25

d'oliveira, 01.10.15

Para variar do tema eleições

Não faço parte dos admiradores do senhor Mourinho. Em boa verdade, sou pouco dado ao futebol e menos ainda à constelação futebolística. Das escassas (mas infelizmente obrigatórias) vezes que ouvi a personagem, nada me suscitou particular atenção e, muito menos, entusiasmo. A criatura fala futebolês e exibe um ego que consegue ser maior do que os dos senhores António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa e José Pacheco Pereira. Não um a um mas todos juntos, o que é obra. Digamos que estamos perante mais uma situação digna do Guiness ou, melhor ainda, de um fenómeno do Entroncamento!

Acompanhei, porém, a história do seu conflito com a médica do clube de que é treinador. Convenhamos que a coisa lhe correu mal. Ninguém, mesmo um treinador à beira de um ataque de nervos, pode criticar o facto de uma profissional de saúde tentar socorrer um jogador obviamente magoado. Neste capítulo é a médica quem deve ter prioridade e não o “mister”. Bem sei que para alguns destes espécimes, os jogadores valem o que vale o gado de raça. Muito ou pouco desde que continuem na categoria “gado”. Todavia, os impropérios gritados (filha da puta, vai para o caralho) dizem bem do carácter de quem os profere.

Depois, o afamado “special one” conseguiu (por acção, omissão ou comissão) que a médica fosse punida com o afastamento da equipa principal, o que é mais uma ajuda ao insulto. Cá, parece, ninguém se comoveu, mas na Grã Bretanha, onde o fair play ainda é tido em conta, as pessoas reagiram. Mourinho arrisca-se a uma indemnização (esperemos que significativamente pesada) e à perda de consideração que o seu despudor vernacular merece.

Aliás, mesmo correndo o risco de ser considerado machista, a coisa ainda se torna mais feia se a virmos pelo prisma de um conflito entre o homem poderoso e a mulher claramente menos protegida.

Eu não sei, e pouco me importa, dada a criatura em questão, se o sr. Mourinho se considera o galo de uma imensa capoeira ou se é apenas misógino e enfatuado. Sei que num estádio e à vista de uma multidão, a sua acção pontuada por uma gesticulação frenética e pela gritaria (tudo submetido, ainda por cima, ao olhar severo da televisão) não parece cumprir com a atitude de um “special one”, mesmo que esta expressão seja, de per si, uma patetice.

Não me faltam temas para ir escrevendo os meus folhetins. No entanto, como Mourinho é uma espécie de emblema nacional, convém explorar a questão e mostrar como isto não passa de mais uma má amostra do indigenato local. Mesmo sem sabermos uma patavina de táctica futebolística, somos melhores do que um homenzinho aos gritos num campo de futebol. Graças a Deus!

 

A varapau 24

d'oliveira, 21.09.15

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Tsipras – 1, Bloco – 0

 

Faço parte dos que se surpreenderam com a vitória folgada de Tsipras. Depois de ter lido dezenas de artigos que demonstravam “cientificamente” que o abandono da ala esquerda do Syriza e a consequente fundação de um partido que observava religiosamente o credo primitivo da formação inicial, tudo parecia indicar que a dramática saída de tanto deputados, de vários dirigentes de primeira plana (entre eles Varufakis) iria encostar Tsipras ( este Tsipras subitamente reconvertido à realidade dos factos) à parede. Depois, convém lembrar, havia umas sondagens que davam à Nova Democracia de Meiramakis, o milagreiro, desbocado e provisório líder, um resultado quase idêntico ao de Tsipras, mais me convenci que iríamos assistir a um empate.

Pessoalmente, devo dizer, era-me indiferente o resultado desta disputa eleitoral: com ou sem Tsipras, há um longo caminho a percorrer e, mesmo admitindo que algo possa correr bem, a Grécia tem muito “caminho das pedras” a fazer.

A minha convicção baseava-se ainda noutro factor, este nacional, nosso. Ao contrário do vizinho “Podemos”, as amiguinhas do Syriza e os amigalhaços do mesmo mantiveram-se, desta vez, mudos e quedos como penedos. Nada de nada. O BE na sua página nem falava das eleições gregas. Aliás, não falava sequer da Grécia. Para quem ainda há pouquíssimo tempo corria velozmente para Atenas, enchia a boquinha mimosa de loas ao Syriza, esta omissão era estrondosa. Por boas ou más razões o BE já não se solidarizava. À uma, não lhe interessava agitar o fantasma (“um fantasma percorre a Europa”...) do radicalismo em época de eleições. O BE namora alguns descontentes do PS e outros sem partido flutuantes.

Depois, a perspectiva de se associar a um partido perdedor (e desde há semanas que o Syriza parecia isso) é sempre ingrata. Finalmente, é possível que algumas boas almas bloquistas se sentissem traídas por Tsipras e fascinadas pelos dissidentes do partido.

Eu não sei (são onze da manhã ) o que é que hoje o BE vai dizer. Acredito, todavia, que a dizer algo, vai reivindicar os laços profundíssimos que o ligam ao Syriza. O oportunismo internacionalista (à falta de outros, e mais políticos, internacionalismos) é intrínseco a este tipo de formações políticas que apanham todos os comboios em andamento desde que a ocasião seja boa.

 

a varapau 23

d'oliveira, 08.09.15

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O escândalo, o “órrivel” escândalo

 

A drª Joana Amaral Dias resolveu aceitar um convite duma revista "cor de rosa" para posar nua e grávida. Tirando o mau gosto de figurar numa publicação de escassa qualidade, nada, na atitude e muito menos na fotografia, me leva a criticar o acontecimento.

Podem acusar-me de machista mas persisto em considerar muito bela a fotografia duma barriga grávida. Podem insistir, mas o nu feminino é sempre belo. No caso em apreço, trata-se de um nu absolutamente casto e a imagem do par que se abraça é muito mais sedutora que a maioria das fotografias de casais que outras revistas igualmente “cor de rosa” publicam a ilustrar tremendos segredos íntimos que hoje toda a gente atira à cara dos leitores ou mesmo de quem só vê a capa da publicação.

Deixemos o nu inocente e passemos à segunda onda de críticas: Joana, sendo dirigente política, “não devia” expor-se deste modo. Pelo menos nesta época pré-eleitoral! Só um filisteu (e dos mais consumados...) é que poderia aduzir semelhante sacanice. Para já, é agora que Joana está grávida e não daqui a dois ou três meses. Depois, não parece que alguém vá a correr votar nela só porque lhe vislumbrou a barriga intumescida e a coxa nua.

Terceiro, porque num país envelhecido onde nascem escassas crianças, a imagem da gravidez de Joana e a promessa que se intui na fotografia de haver uma criança desejada pelos pais, é uma aposta a que ninguém deveria ficar indiferente. Bem pelo contrário!

O coro hipócrita que a fotografia levantou é mais uma amostra do provincianismo labrego que continua a infectar a sociedade portuguesa.

 

a varapau 24

d'oliveira, 22.08.15

A cara cor de rosa

 

Algum leitor lembrará a questão do mapa cor de rosa? Para os mais esquecidos a questão era esta. Portugal, no terceiro quartel do século XIX,  invocava direitos históricos sobre um território imenso que unia Angola a Moçambique. Convém lembrar que, por essa época,  Portugal ocupava mal escassos territórios à beira mar quer em Angola e sobretudo em Moçambique. Lourenço Marques era flagelado pelas mangas vátuas, o Norte reduzia-se à Ilha de Moçambique, a um par de ilhas mais a norte (Ibo, p.ex.) e entre estas duas regiões só havia alguma ocupação na zona dos rios de Sena, dos prazos da Zambézia, Quelimane e Chinde e um pouco do hinterland de Sofala e de Inhambane.

Entretanto, a “pérfida albion” pretendia ocupar toda a gigantesca zona de influência de uma futura linha férrea Cabo Cairo. O imenso mapa cor de rosa era só isso, um mapa cobrindo terras quase desconhecidas onde não havia sombra de “ocupação efectiva” portuguesa. Nem meios de a levar a cabo...

O que ocorreu em seguida é conhecido. Depois de um primeiro mau acordo, recusado pela gritaria parlamentar, sucedeu-se um bem pior resultante do famoso Ultimato. Nessa altura, o patriotismo indígena ficou-se pela criação da “Portuguesa”, por umas procissões ululantes e pela cobertura com crepes da estátua de Camões.  

Poderíamos dizer que o mapa cor de rosa só existiu como propaganda. Tal e qual como os actuais cartazes do P.S. 

Não vou regressar à patética aventura dos cartazes habitados por pessoas que não deram a cara pelo que lá afirmam. Vou, tão só, analisar um outro com o dr. Costa. Nele, o actual líder do P.S. aparece com uma face rosada bem diferente daquela com que o conhecemos. O dr. Costa é filho de um amável senhor indiano que escreveu excelentes romances. Por razões surpreendentes (e que “a contrario” parecem ter origem estupidamente racial) os publicitários do dr. Costa entenderam branquear a criatura o que não só é absurdo mas, sobretudo, revelador de uma imensa estupidez. Seria engraçado se, por exemplo, o dr. Santana Lopes aparecesse com uma frondosa cabeleira ou a dr.ª Maria de Belém crescesse dois palmos bem medidos. Ou a nívea cabeleira do dr. Nóvoa regressasse a um tom negro e juvenil.

Infelizmente, nada disto acontecerá e apenas o dr. Costa irá enchendo as rotundas com a rotundo e rosado rosto. Imagino, aliás já ouvi, os comentários a tão bizarra transfiguração.

Haja um amigo de Costa que o previna deste destempero e que a razão prevaleça mesmo se mais sombria nos próximos retratos. Deixem o photoshop em paz e socego!

*  

a varapau 20

d'oliveira, 09.08.15

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A "política em férias", suite

Há dias referi uma criatura de nome Ascenço Simões, esforçado propagandista que até usou o facebook para inflacionar tontamente os números contra a entrevista televisiva de Passos Coelho. 

Agora, a pobre personagem está envolvida numa série de burrices supinas nos cartazes de propaganda que atribuem a pessoas retratadas propósitos que obviamente não estavam de acordo com os textos.

É a política do vale tudo, ou seja a política suja, a política politiqueira. Tiros no pé! 

Ascenço depois da revelação da mentiraola e da falsificação, demitiu-se para, deixem-me rir, não estragar um passado de gloriosa dedicação ao PS. Provavelmente, também falará na honra... 

Sai da Campanha e, se quiser seguir, o difícil caminho da honorabilidade, bem poderia sair de candidato às legislativas. Caso contrário vai ser o pião das nicas no seu distrito e provavelmente vai apanhar um bom susto. Não perderá, claro, mas não creio que venha trazer melhoria na votação socialista do seu círculo.  

a varapau 22

d'oliveira, 30.07.15

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(A política em férias 3)

mons parturiens

 

(declaração de interesses: nunca fui apreciador do senhor Marinho e Pinto que, felizmente, não conheço pessoalmente. Sempre me pareceu vaidoso, espalhafatoso, tonitroante e, acima de tudo, medíocre. Razões conjunturais fizeram-no Bastonário. Parece que ele se tomava por “tribuno da plebe” e que uma certa plebe profissional acreditou nisso. Mesmo quando a causa era boa, ele, com um discurso verboso e grandiloquente, conseguia tornar a coisa ridícula ou destemperada. Sobradas razões para entender que a criatura além de excessiva era balofamente desinteressante).

O senhor Marinho e Pinto, actual deputado europeu vai concorrer, com partido próprio, acabadinho de fazer, às legislativas. Convém relembrar o seu sinuoso percurso político logo que se acabou a sua carreira de bastonário.

Nada tenho contra o facto de, enquanto, representante da Ordem dos Advogados, ele perceber uma elevada quantia como honorários. Estava longe da sua residência e, sobretudo, do seu escritório de advogado. Mesmo que, como é tradicional fosse compensado pelas deslocações, aceito sem grande resistência que se fizesse pagar. Claro que, deveria ser entendido que a remuneração do bastonário deveria corresponder à média dos últimos anos de actividade (obtida pela declaração de IRS) majorada numa percentagem que nunca deveria exceder os 25%.

Corre por aí que M e P recebia cerca de 6.000€ mensais o que ou pressupõe uma lucrativa carreira jurídica anterior ou um exagero. Consta igualmente que terá recebido da Ordem uma quantia que não será assim tão pequena para se reintegrar na vida de todos os dias.

Surpreendeu-me, como a uma maioria dos portugueses, que, em 2014, ele aceitasse candidatar-se pelo Parido da Terra ao Parlamento Europeu. Mas aceitou e foi eleito.

Da sua carreira em tal areópago pouco há a dizer excepto que ele se indignou com as quantias (absolutamente excessivas, segundo o próprio) pagas aos deputados e com o pouco que no PE se faz (segundo declarações dele, novamente).

Todavia, longe de se demitir persistiu e persiste no cargo, recebe com evidente desgosto as vultuosas verbas já denunciadas e desconhece-se a sua actividade em tal câmara. Vê-se que é uma pessoa talhada não direi para altos voos mas pelo menos para ingentes sacrifícios...

Logo que M e P se apanhou em Bruxelas largou o partido onde apanhara boleia para lá chegar e, em menos de duas avé-marias, criou outro, à sua imagem e semelhança com que pretende concorrer às legislativas. Nisso foi ajudado por Eurico figueiredo, irrequieto e desastrado político que não pára em sítio nenhum nem sequer no recentíssimo partido que já abandonou entre lamúrias indignadas e acusações que me não custa aceitar.

Nesta curta, recente, mas vertiginosa. carreira política já nada me espanta ou, melhor: só me espanta que M e P não se candidate à Presidência da República. Ao fim e ao cabo já por lá anda outro neófito da política, o senhor Nóvoa cujos predicados na matéria são desconhecidos, bem como desconhecida é a sua experiência política seja em que capítulo for. (Nem sequer se pode gabar de uma curta estadia na cadeia de Caxias enquanto estudante ou de uma episódica passagem pelas fileiras do PCP, tudo coisas muito juvenis e sem consequências).

Entretanto nem o parlamento de cá nem o outro da Europa conseguem responder a estas simples questões: pode uma criatura eleita pelo partido A criar outro, mantendo todavia as posições conquistadas enquanto membro do primeiro? Afinal em que votam os cidadãos, no partido como parece decorrer da votação em lista, ou nas pessoas que individualmente a compõem? E onde pára a ética nisto tudo?

Um velho amigo, ao comentar esta façanhuda personagem, sustentava uma tese tão curiosa quanto coerente: num país abalado pela crise económica, falho de segurança, desconfiando da sua identidade, incapaz de se reencontrar no punhado de antigos valores que a insensatez reinante expulsou como velharias, o que “está a dar” são estes epifenómenos do Entroncamento. A gritaria substitui a argumentação, o descaramento passa por audácia e a verborreia substituiu o discurso político.

Espera-se que os portugueses, num milagroso sobressalto político e de bom senso, afundem nas urnas este excessivo destempero eleitoral. De vez em quando as montanhas parem ratos...

* na gravura "mons parturiens" encontrado na net 

 

 

a varapau 21

d'oliveira, 28.07.15

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(a política em férias 2)

Estrelinha que a guie...

 

Anda por aí uma criatura doutorada (Jesus, Maria, José!!!) que dá por Estrela Serrano.

Apesar do título académico, das funções que ocupa, a referida senhora, tal qual Homero (raio de comparação!...) por vezes dormita. Ou vomita.

Desta feita aproveitou mal uma ocasião em devia ter ficado caladinha. Já não digo por elegância mas apenas por educação se é que ela sabe o que isso significa.

Ocorre que o senhor Passos Coelho (pessoa que nunca me mereceu carinho, como sabem os que me aturam) é casado com uma senhora cujo nome desconheço mas que tem origens guineenses e sofre de cancro.

Raras vezes a vi com o marido. Consta que ambos decidiram manter a sua vida conjugal fora das luzes da ribalta política, o que é quase um milagre.

Todavia, justamente por ter família e amigos na Guiné e/ou Cabo Verde, terá condescendido (ou querido) acompanhar o marido a tais terras. Talvez as saudades a roessem, talvez o cancro lhe desse umas tréguas nos trópicos, enfim talvez lhe apetecesse, pura e simplesmente.

A senhora lá terá entendido (e, a meu ver, fez bem) que não valia a pena ocultar um dos efeitos mais desagradáveis do cancro: a perda de cabelo.

E apareceu, na Guiné, longe dos holofotes portugueses, de careca corajosamente à mostra.

Sem perucas ridículas, sem um lenço, que pouco esconde, apareceu na sua actual circunstância. Uma mulher que tenta vencer o seu cancro e que, só por isso, merece se não a nossa simpatia pelo menos o nosso respeito.

A senhora Serrano que devia estar num mau dia, resolveu opinar sobre este fait-divers que teria passado razoavelmente despercebido à maioria os portugueses, afirmando que a passageira alopecia da senhora Passos Coelho tinha evidentes fins políticos (notoriamente reaccionários, claro) de ajuda à campanha eleitoral do marido. Isto que, em si, já é ridículo e passavelmente pouco inteligente, acaba por ser infame.

Não se pede à senhora Serrano piedade, compaixão, respeito pela doença alheia como não se pede ao pilriteiro que, em vez de pilritos, dê coisa boa. Pede-se, porém, inteligência coisa de que o seu artigo sobre a mulher de Passos carece em alto grau. As reacções, e foram muitas, mostram à evidência que o escrito da criatura acertou na água, melhor dizendo na fossa de onde nunca deveria ter emergido. Por várias razões: criou uma onde de repúdio pela sua tola crueldade; tornou pública ou publicitou ainda mais o que andava pela esfera do não comentado, do silenciado e, finalmente, criou ao PS mais um problema que Costa não merece.

A política em férias tresanda. Como o artigo da senhora Serrano.

Como dizia Camilo, espera-se que tal escrito “passe ao ventre da mãe terra pelo esófago do esgoto” (ou da retrete, já não me lembro bem da palavra exacta nem isso, dado o tema, tem grande importância)

*na gravura: fotografia recolhida na internet e que não corresponde à senhora Passos Coelho.