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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

au bonheur des dames 624

mcr, 07.05.25

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Demasiadamente transparente

ou

 tanto que nem se percebe

mcr, 7-5-25

 

Durante as jornadas "Porto capital da cultura" lá pelos inícios do século soprou na cidade alegadamente invicta,  um par de brisas de loucura de que vinte anos depois ainda se está a pagar a factura.

Longe de mim vir tantos anos depois atacar os festejos, as realizações ou sequer as intenções. Todavia, a comissão responsável pela jornada andou às bolandas, houve substituições de equipa e, eventualmente, intromissão dos poderes políticos, leia-se Governo.

Na altura causou algum espanto a ideia de contratar um famoso arquitecto espanhol, provavelmente catalão, para projectar um edifício.

quando alguém mais ingénuo (eu por exemplo) se atreveu a perguntar qual o destino a dar à construcção, a resposta irritada e presunçosa  foi mais ou menos esta: Faz-se o edificio e depois vê-se..

E a coisa fez-se como uma espécie de prolongamento do parque da cidade, mesmo que entre este o edificado exista uma rua intensamente movimentada que une o litoral do Porto e o de Matosinhos, beirando a praia.

Até hoje,  insisto nos vinte anos passados,  ainda ninguém sabe para que serve a obra que terá custado um balúrdio. Aquilo está vagamente ocupado por um par de lojas e outros tantos restaurantes tudo concessionado por tuta e meia, tristonho, pouco frequentado.

ainda por cima há um qualquer plano ambiental da orla costeira que parece condenar o edifício à demolição, juntamente com mais dois ou três , um deles já no Porto (e também aqui tudo começou por um grandioso projecto, uma imperiosa necessidade que, entretanto, á apenas um vulgaríssimo restaurante de pizzas).

Agora, segundo o "Público" mais uma vez se discute o edifício dito transparente, a sua utilidade, a sua estridente (falta de ) necessidade pois a concessão acaba brevemente e ninguém sabe se a coisa vai abaixo ou não.

Em tempos com um par de amigos criámos uma associação para derrubar o imóvel à martelada, devendo cada preopinante que quisesse colaborar nessa higiénica empreitada pagar uma soma pequena mas ajustada à raiva cidadã de ver o escasso dinheiro público mal gasto

Há neste país, nesta cidade, a ideia de que nada como "deixar o nome na pedra" para se ganhar prestígio. Eu não sei se os responsáveis pelo "Porto 2001" tenham querido ganhar alguma espécie de imortalidade (de esto sempre temporária..., mas isso eles, coitados, ignoram).

A Câmara do Porto aguarda com pouca  evangélica (im)paciência que uma denominada Agência Portuguesa do Ambiente se pronuncie sobre as consultas há muito tempo feitas sobre o destino do prédio.

Já agora, conviria perguntar aos cidadãos se eles sabem para que é que aquilo serve  e como se justifica o dinheiro gasto e mais que perdido sem qualquer transparência.

 

 

 

 

au bonheur des dames 592

d'oliveira, 17.04.25

56 anos depois....

Coimbra, !7 de Abril de 1969

Mcr, 17-4-25

 

Os mais novos andarão pelos 74 anos (73, no caso de alguém ter entrado na universidade  aos 17...).

Os mais velhos, e eu serei um deles, tem mais um largo par de anos, Caso estejam vivos, entenda-se. 

Ainda há pouco choramos o Rui Namorado, poeta, professor, cooperativista, meu amigo desde 60/61, companheiro de cela na minha primeira prisão. O Rui escreveu sobre aquilo que aconteceu (“Movimento estudantil e política Educacional, Centelha ed,1972) O mesmo fizeram outros e são  muitas as publicações que celebram esse dia e a crise que se seguiu, a única crise estudantil durante o Estado  Novo  em que os estudantes venceram . Ministro, reitor da universidade caíram ao fim de um ano tremendo, todos os processos levantados aos dirigentes estudantis foram arquivados, a chamada extemporânea de umas dezenas de  activistas  associativos para Mafra foi anulada. De todo o modo, a direcção da AAC do ano seguinte (onde eu estava incluído) não foi homologada  e obviamente nada apaga as prisões efectuadas (onde, mais uma vez fui incluído tendo mesmo o recorde de tempo de prisão  sofrido. Má sina, mala pata, azar dos Távoras , chamem-lhe o que quiserem...)

Durante uma boa dúzia de anos o Rui mandava aos companheiros do “cong” (ou seja “congeminação”, reunião informal dos dirigentes formais e informais da crise( um poema alusivo ao dia. No ano passado ja o não fez. Temi o pior e soube que estava já mal. Morreu pouco depois como aqui escrevi. 

A crise de Coimbra deixou uma funda marca e, de certo modo, houve muita gente que, em Lisboa ou no Porto, tentou tomar uma tardia boleia, jurando que nessas duas academias a crise também ocorrera. Não ocorreu, mesmo se se tivessem notado manifestações de simpatia. 1969 foi Coimbra e nada mais. 

A fotografia que serve de vinheta é ultra conhecida mas, de certo modo, diz muito do que então se passava, Convém dizer  que os soldados estariam sem munições nas espingardas (coisa que aliás desconhecíamos mas que naquele momento não só não nos assustou como de certo modo nos enraiveceu)

Entre um futuro como soldado em África e um ensino académico medíocre e ultrapassado, num pais cinzento e altamente policiado, o futuro aparecia carregado de sombras. Cinco anos depois, as coisas mudaram e, basta ir a uma hemeroteca, compulsar jornais e depressa darão com muita malta de Coimbra 69  entre os jovens milicianos presentes no golpe militar. (apenas recordo dois: o João Anjos e o  Carlos Marvão  que se recusaram a intervir contra uma greve de trabalhadores dos CTT. Claro que não escaparam a uma punição do novo poder democrático Foram presos e deram origem a uma campanha:  -“Anjos Marvão- Libertação”)

Neste blog participaram durante algum tempo mais dois dessa Coimbra rebelde: Manuel Simas Santos,  juiz conselheiro jubilado e autor demais de 80 livros de Direito  e António Manuel Lopes Dias, poeta e advogado.

Vai esta para muitos de que destaco apenas quatro Fernanda da Bernarda, Osvaldo (Vává) de Castro, António Mendes de Abreu e João Bilhau

 

 

 

au bonheur des dames 623

mcr, 08.03.25

entre marido e mulher 

mete a colher

 

mcr. 8-3-25

 

As leitoras e os leitores (se é que mereço tais plurais) sabem que o provérbio  de que socorro não é exactamente assim. 

Bem pelo contrário a segunda parte rezava "não metas a colher". Todavia, hoje, como aliás, sempre, foi meu entendimento que havia de meter não uma, sequer duas colheres mas um faqueiro inteiro, se possível o de 24 peças...

Não que eu seja feminista mas tão só porque, desde cedo tive um belo lote de amigas e isso sempre me preparou para  considerar que tratar mal uma mulher, considerá-la inferior, era mais do que uma cobardia uma falta ao que nos torna a nós homens mais humanos. Ou simplesmente humanos.

Tive a sorte de frequentar quase sempre liceus mistos mesmo se pelo menos nos intervalos houvesse recreios separados que o Estado Novo "protegia" as virtudes  com maior afinco do que a Igreja, ou as Igrejas para ser mais exacto.

Ainda hoje me gabo de ter amigas desde os tempos da escola primária ou do liceu até às da universidade e posteriormente da vida profissional.

E quando digo amigas, distingo-as das namoradas que, Deus seja louvado, também fizeram o favor de me aturar.

De quando em quando, lá me aparece uma "velha à conversa" amiga com quem me sento à mesa da esplanada falando de tudo um pouco  e sempre com largo proveito meu. De certo modo, acho que as mulheres olham para o mundo e para as suas bizarrias de um modo ligeiramente diferente do meu e que isso me abe perspectivas interessantes e estimulantes para o tentar entender.   

Por isso, p dia 8 de Março pouco ou nada me diz. Ou, mrelhor, irrita-me e infigna-me a simples ideia de haver um dia da mulher como se se excluíssem os restantes 364 dias do ano, esses sim devotados ao homem ou ao que resta de certas tradições patriarcais  que ainda relembram o dito "ao homem a praça, à mulher a casa". 

Isto para não citar o dito alemão (e eu ainda o ouvi um par de vezes nas terras teutónicas) que reservava às mulheres o clássico trio  "Kirche, Kuche,  Kinfer", o mesmo é dizer igreja, cozinha e crianças. 

Portanto, se antipatizo com a celebação não deixo de, à luz crua da realidade, verificar que a longa batalha das mulheres pela igualdade de direitos e deveres ainda vi  ter muito que andar.

São os salários que em condições iguais são sempre mais baixos, são a sobrecarfa de deveres no casal a cair sempre em cima da mulher, é a violência de género que por cada vítima masculina aponta vinte vítimas feminínas,

São os tribunais (e mesmo certas juízas mulheres) que decidem muitas vezes contra a mulher ou desculpam as malfeitorias masculinas  com uma espécie de conformismo com o sarro infame da tradição, enfim são  e há que dizê-lo sem receio, muitas mulheres que  aceitam passivamente um lugar mais que secundário na relação homem mulher. 

Tenho sobre a ideia de quotas por género muitas dúvidas quanto mais não seja porque a simples ideia de quota pode significar um favor, um entorse à igualdade, à competência e à inteligência.

E , convenhamos, basta reparar em certos pormenores para verificar que mesmo sem quotas, as universidades cada vez tem mais mulheres que homens. que certas profissões dantes consideradas exclusivo de homens são maioritáriamente exercidas por mulheres (médicos, magistrados, professores, investigadores científicos  -notem que, nesta lista, só empreguei, et pour cause, o masculino-).

Finalmente, costumo afirmar que não dou para o peditório "progressista"  que garante as virtudes endógenas da Esquerda como suporte único da igualdade homem mulher. Basta olhar para os setenta anos de socialismo real da URSS para verificar não só a falsidade do conceito como sobretudo perceber que durante esse período a causa das mulheres e a sua independência não passaram de uma caricatura.

E não é a actual China, a Coreia do Norte, Cuba ou a Venezuela que  poderão ilustrar tese contrária. Pelo contrário!

 

(seriam muitas as destinatárias  deste texto mas justamente por isso, entendi dedicá-lo à memória de duas amigas recentemente desaparecidas Teresa Alegre Portugal e Fernanda Dias Taborda, dois magníficos exemplos que, uma vez mais, quero recordas com fraterna ternura e indisfarçável carinho.

E junto-lhes a prima Maria Manuel  Viana e a amiga de infância Teresa Estrela Esteves. )

O título do folhetim remete para mais um apelo à solidariedade cidadã com as vítimas de violência de género. Que ninguém assobie para o lado ou passe fingindo não ver. Recusem qualquer solidariedade com o agrssor cobarde!

au bonheur des dames 622

mcr, 20.01.25

kiki no papel

18 anos de felicidade

"kiki de Montparnasse" , 

gata medrosa mas aventureira

mcr, 20-1-25

 

Encontrei-a na veterinária, escondida atás de um balde. Porventura achava-se protegida de um mundo a que recentemente dhegara.Vinha, ao que parece, da lota de Matosinhos, local perigoso para bichanos recém-naecidos. 

Foi amor (inteiramente correspondido ) à primeira vista. Instalou-se cá em cása logo seguida da Ingrid Bergman que  dias depois chegou, também recém nascida. As duas "pintaram a manta" numa casa suficientemente grande  para se escpnderem constantemente da CG que, inquieta, as procurava em vão. Quando os queixumes da aflita dona aumentavam e pareciam quase acusações contra o culpado do  costume (eu) respondia que elas tinham ido tomar um café na esplanada mas que voltariam em breve. 

17, 18 anos para gatas é mais do que oitenta e muitos para um humano. A Natureza tem leis quase tão implacáveis como as famosas de bronze duma economia antiga e que também já deu o que tinha dar. 

Estas duas gatas escorriam meiguice por todos os poros, seguisam a C G para todo o lado, cheguei a suspeitar se elas não se imaginariam cães de guarda,  Mas eram apenas gatas amáveis e amigáveis. 

Commo diz o meu neto Nuno Maria, estas gatas eram da família. Agora, sempre segundo ele, já só são estrelinhas no céu. Seguramente a velar por nós pobres pecadores, agora desamparados, 

Recentemente, do também recentemente falecido Eugénio Lisboa  saiu um belíssimo livro (Manual prático de gatos para uso diário e intensivo, ed Guerra e paz, 2024)  que vai hoje ser oferecido à CG Sei que não irá apagar a dor da perda mas que posso eu fazer? 

Talvez ela perceba que choro tanto quanto ela esta(s)  perda(s) sucessivas, esta casa mais vazia...

 

(Kiki de Montparnasse foi uma das grandes figuras estelares do movimento surrealista. Pintada e fotografada pelos melhores, escreveu um livro de memórias interessantíssimo que Hemingway prefacou  (e ele apenas prefaciou dois livros!... Isto diz tudo sobre a mulher e sobre a sua escrita..)

au bonheur des dames 621

mcr, 18.11.24

Um pranto por Maria Parda

(adeus Fernanda Dias)

mcr, 18-10-24

 

 

Ainda há poucos dias, o meu irmão

afirmava  que tínhamos tido uma sorte imensa ao chegar a Coimbra e à universidade em Outubro  de 1960. E isto não se devia a pena a termos vivido uma década de oiro e testemunhado algumas da mais importantes mudanças  que omundo (mesmo este ainda...) conheceu. Desde a eleição de Kennedy, às guerras da Argélia ee do Vietnam . à revolução cubana, ao desastre da "grande revolução cultural (mesmo se nada teve de cultural...) ou aos primeiros tempos da descolonização. A n´vel caseiro, foram os anos da mudança académica em Coimbra, do fortlecimento da oposição estudantil, da guerra colonial e de todos os seus efeitos. Junte-se-lhe o súbito aumento do turismo estrangeiro, a entrada maciça  das mulheres no mercado do trabalho  e paralelamente a primeira e incipiente "democratização" da universidade. Em 1960,  coimbra tinha 5000 estudantes, nove anos depois já ultrapassavam os 8000. E nesse número a entrada de mulheres na universidade tivera um aumento exponencial.  

É e aqui que chgamos à Maria Fernanda Dias (de Almeida Taborda pelo casamento com o António Taborda, seu companheiro de uma vida inteira. também ele dirigente académico, também ele expulso da universidade, advogado de todas as boas causas, amigo indefectível .)

No ano de 1960, a Associação Académica mudou de dirigentes. A mais de dez anos de direcções afectas ao regime salazarista , muitas vezes quase se confundindo com funcionários do governo, eis que uma nova geração irrompeu e graças a um mobilização extraordinária dos estudantes, venceu as eleições para a maior (e mais antiga) Associação de Estudantes do país. Foi a direcção Candal (assim se chamava o presidente eleito, mais tarde prestigiado advogado, importante lider da Oposição e depois, deputado socialista). Candal era apenas o "primus inter pares" dessa lista prestigiosa e prestigiada de estudantes . Apenas referirei que entre os restantes seis havia uma mulher (apenas uma!...) de seu nome Fernanda Dias, estudante de Direito. corajosa como poucos, inteligente como ainda menos, democrata e excelente actriz no TEUC (Teatro Universitário dos Estudantes de Coimbra). 

Em Coimbra, além da AAC, existiam diversos agrupamentos culturais estudantis que mobilizavam muitas  centenas de estudantes e que aliadas a estruturas informais mas tradicionais  na Academia, constituíram sempre o núcleo cultural e político da mudança profunda na massa estudantil.

E é bom lembrar, quase setenta anos depois, que essa geração, mesmo privilegiada pelo nascimento, pela educação e pela fortuna, comeu o pão que o diabo amassou, sofreu perseguições, ameaças de toda a espécie, viu muitos dos seus serem presos obrigados ao exílio durante anos, proibidos de aceder a um sem fim de cargos administrativos ou até à função pública. 

Esta geração, pelo menos os homens, apanhou com a guerra colonial , com as primeiras e duríssimas batalhas de Angola e deixou por lá um rasto de mortos  de que apenas quero referir o João Cabral de Andrade, méd.ico que já não voltou a Portugal , morto numa trivial estrada do norte de Angola. 

A História passa por cima de dramas individuais, de pessoas isoladas, de histórias de heroísmo, coragem, e dedicação para apenas fixar os grandes momentos.

De quando em quando, tento, sem grande talento e menor habilidade fazer o retrato de muitos amigos, companheiros, camaradas que involuntariamente (ou não) me fizeram quem hoje (ainda) sou. Sinto-me, cada vez mais, e mais dolorosamente, um sobrevivente que tem a estricta obrigação de testemunhar. E isso, e quase só isso, a razão desta minha teimosa permanência neste pequeno espaço onde vou escrevendo para eventuais e desconhecidos leitores, muitos ou poucos, pouco se me dá,  e, em boa verdade, uma que outra vez, chega-me desse lado  aí, um eco, um abraço uma pequena voz  que me obriga a continuar.

E hoje, melhor dizendo desde há dias, é a imagem da Fernanda nesse ano longínquo de 60 (ou 61. sei lá) no palco do Avenida a dizer o extraordinário "Pranto da Maria Parda" de Gil Vicente. 

A Fernanda era grande, voz possante, talento para dar e vender e "fazia" uma Maria Parda  extraordinária, vicentina, popular, inteligente. A comédia e a tragédia desse texto vicentino que apenas e, primeira leitura parece cómico, foi um dos grandes momentos do teatro que eu vi(vi) e notem que vi muito, do bom, do maus r do melhor por essa eurpa fora, às vezes em línguas que desconhecia  (e recordo o Piraikon Theatron, grego com duas sublimes tragédias ou uma récita sueca em que apenas descortinei a plavra "Pricessa", assim mesmo,  pelo menos ,assim a registei.  

Depois da actriz, conheci a rapariga, a colega mais velha, a profissional competente, a cidadã exemplar, a amiga. Com o andar dos anos, vamo-nos perdendo de vista e tenho ideia que a última vez que nos encontrámos foi no enterro do António seu marido  e meu amigo. Em envelhecendo vamo-nos isolando, perdendo por icúria ou preguça contactos , caras e amigos. subitamente a morte vm, e com ela um turbilhão de remorsos, recordações, gargalhadas antigas  ou a memória, também dela de momentos de aflição de que os nossos tempos de juventude não foram avaros. 

Agora a Fernanda  já não está. Resta um sorriso, uma palavra gentil o pranto inesquecível da Parda (que em Gil Vicente queria significar negra, que nessa época pré (des)Ventura já por cá mourejavam (e notem esta palavra. mourejar, sinal da mistura de raças e gentes)  pretos trazidos por alguma nau de torna viagem. 

Permitam, pois, este pranto agora meu, por alguém a quem devo uma alegria teatral, outras muitas amigáveis

E se aqui chegou alguém que leio uma vez mais o texto vicentino que em homenagando o Mestre, também há espaço para cumprimentar o actor que o ressuscita cada noite nas tábuas de um teato ode quer que seja.

au bonheur des dames 620

mcr, 08.11.24

Teresa Alegre Portugal

mcr, 8-11-24

 

Provavelmente, o nome dirá pouco a muita gente Haverá quem a tenha conhecido como Teresa Alegre, irmã do poeta ou Teresa Portugal mulher do António, enorme músico de Coimbra, auto entre tantas, da música da "trova do vento que passa", verdadeiro e belíssimo hino da minha geração.

Todavia a Teresa era muito mais do que irmã de um ou mulher do outro. 

A Teresa, como as estrelas, tinha luz própria e nunca pairou na órbita de outros mesmo grandes.

Conheci-a pouco depois de chegar a Coimbra já o marido e o irmão eram figuras conhecidas na Academia mas logo que pela primeira vez, falei com ela percebi que aquela jovem mulher (era dois anos mais velha  do que eu) sabia bem o que queria, como queria, tinha opiniões próprias, ousadas, mesmo que uma aparente sensatez e um tom pausado na conversa , a fizessem parecer modesta.

A Teresa, deixem-me dizê-lo já, era forte, cabeçuda, lutadora , bonita  e parecia ter jeito para tudo, sobretudo para o teatro, sempre o CITAC onde deixou uma bela marca como actriz.

Convenhamos que não era fácil ser mulher de um guitarrista do tamanho do António Portugal, excelente amigo e companheiro de tantas lutas ou irmã do Manel amigo também ele, poeta que se tornava notado, orador brilhante nas assembleias magnas e claramente um dos líderes da Esquerda estudantil coimbrã. 

(deixemos aqui uma pequena recordação de sua mãe, outra senhora notável que o Assis celebra num belo poema que alguma vez recitei em público numa das celebrações deste outro grande nome da poesia portuguesa e que também me honrou com a sua amizade ao ponto de me dedicar um dos seus livros.)

O acaso,  vida, a sua indisponibilidade para os jogos políticos fizeram com que ela tivesse uma carreira política cheia mas muito local. Foi deputada pelo PS mas fundamentalmente esteve ligada com vereadora à Câmara de Coimbra. Ignoro a razão porque nunca quis disputar a presidência daquela Câmara mas suspeito que não estava para compromissos  que uma presidência de Câmara implica.

A Teresa era de uma independência quase feroz, mesmo se a expressava com um sorriso amável, discreto e uma voz pausada (uma bonita voz, diga-se de passagem que nisso ela era muito parecida com o irmão...)

Conheci  um belo quarteirão de mulheres que me deixaram sempre a impressão que me ensinavam qualquer coia, que me melhoravam e que provavam com a sua vida e atitude aquela máxima atribuída a Mao Tse Tung (ou Zedong se preferirem) : as mulheres são metade do céu. Muitas ainda estão vivas mas aproveito o momento para citar a Helena Aguiar, a Fernanda da Bernarda ou a maria Manuel Viana , minha prima que praticamente vi nascer, crescer, escrever e morrer de um estúpido cancro depois da morte do filho Manuel num acidente ainda mais estúpido e cruel. Nesta minha longa travessia conheci outras na Alemanha, França  Itália, Espanha ou Holanda por onde felizmente andei o tempo suficiente para ganhar algum mundo e perceber melhor Portugal. Sou, de certeza, o pior feminista que conheço ou, pelo menos o que viu mais mulheres fora do comum, resignarem-se  de certo modo a uma quase clandestinidade que as impediu malgrado as suas qualificações, talento e inteligência,  malbaratando as suas capacidades  em gerir muito mais do que poderiam ter gerido. 

Incluo nesse grupo outra grande Senhora que conheci na mesma época coimbrã e que se chamava Maria( de Jesus) Barroso. E se a cito  com carinho e respeito é porque também foi através do teatro que tive oportunidade de a conhecer e falar com ela. Haveria de encontrar mais tarde e em circunstâncias mais agradáveis quando Mário Soares se candidatou  à Presidência da República. Maria Barroso que além de resistente, professora, deputada teve um forte papel como primeira dama  e mais tarde noutra funções Sobre s minhas amigas já citades tinha uma vantagem: vivia em Lisboa e isso pesa . Estava n o lugar certo e à hora certa  E tinha uma enorme coragem. 

quem me lê já conhece estas digressões um pouco fora o texto  mas julgo que apenas ilustram um par de pontos de vista e permitem pelos exemplos colocar no seu devido lugar tudo o que quereria dizer. 

Sou um leitor (e comprador, já agora) de jornais e revistas. Por isso espanta-me (ou talvez não...) o pouco relevo dado à morte da Teresa. Também essa escassez de notícias diz muito das razões da cris crise que afecta a imprensa escrita. ..

Morreu a Teresa há dois dias e só hoje soube disso. É tarde para o enterro mas nem por isso quero deixar bem claro que, para mim, seu amigo  antigo e infiel, foi uma honra, um privilégio, uma alegria  e uma imensa sorte tê-la conhecido

Um abraço aos familiares outro bem sentido ao Manel  e também a todos os que comigo tiveram a dita de conhecer e privar com a Teresa Alegre Portugal, uma grande Senhora.

 

(e já que se falou da Coimbra dos lavados ares permitam que recorde Judite Mendes de Abreu outra mulher que deu a Coimbra e à sua Câmara o melhor do seu talento e capacidades)

au bonheur des dames 619

mcr, 28.10.24

O Artur Pinto Faria já é só uma saudade

ncr, 28-10-24

 

Quando se chega a esta minha idade, a palavra "sobrevivente" adquire uma forte consistência quase sempre nimbada pela tristeza, pela ausência, pelo espanto de continuar vivo quando os mortos mais e mais nos cercam.

Desta vez, foi o Artur Pinto de Fari, bm mais novo do que eu, uma amigo que de certo modo me concedeu o privilégio de o ter podido acompanhar nas últimas semana

 de vida.

Avisado por sua mulher da doença que o prendia em casa e contra a qual tentava, com coragem e espírito,  l lá o consegui visitar algumas escassas vezes para as últimas conversas de um longo rosário de encontros em que nos fomos conhecendo, percebendo, entendendo até esta fatal anormalidade que é o ver morrer alguém bem mais novo. 

Aqui estava um homem bom, culto, inteligente que conheci já tardiamente mas ainda a tempo de ter podido desfrutar de um conversador brilhante que, ainda por cima, não se ficava pelo Direito e pela advocacia, duas coisas de que eu me gabo de já não ser praticante. 

Conheci, ao longo de uma também longa vida, muita e boa gente (mesmo se também me defrontei com muita outra que bem poderia ter passado ao largo). Reconheci nele, para além da viveza, da inteligência, da cordialidade e da extrema cortesia, alguém que aliava a curiosidade à reflexão e a um bom senso  a toda a prova. 

para boa parte, provavelmente a imensa maioria, dos leitores que me aturam, o seu nome não significa nada. Para quem com ele conviveu, conversou à rédea solta sobre tudo o que vinha à rede, e nós pescávamos em qualquer mar!...,  a falta do Artur Pinto Faria é já mais um peso para os dias que continuarão a suceder-se indiferentes à vida e à morte.

Todavia, e já por muitas vezes, aqui o escrevi, há ausências que magoam  que nos fazem sentir mais sós, mais abandonados. 

Boa viagem, caro Amigo. que o barqueiro te conduza depressa e bem à outra margem  onde um dia destes também chegarei com darta dose de novidades que nos farão conversar até tarde, entre gargalhadas  e boa disposição como sempre nos sucedeu ali em baixo na esplanada onde tantas vezes nos encontrámos com alegria e prontos a falar de tudo, excepto de Direito, coisa que eu sempre lagradecerei.  

 

 

Au bonhheur des dames 618

mcr, 05.09.24

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"Trabalhos do olhar"

mcr, 4.9.24

 

Os leitores repararão que o título vem entre comas, útil precaução  porque subitamente lembrei-me que alguma vez lera algo com título idêntico.  E depois de um par de minutos, veio-me o nome do livro em causa bem como o do seu autor. Trata-se de Al Berto um poeta  que descobri em 77, na finada livraria Opinião (Lisboa) local de obrigatória peregrinação onde fiz vários amigos e descobri um largo par de autores. Ora justamente nesse ano glorioso  numa tardinha dei por mim lá com o Fernando Assis Pacheco  no que era o lançamento de um livrinho "À procura do vento num jardim de Agosto" que, suponho ter sido a a segunda modesta obra do Al Berto. Com o  lançamento do livro havia também a vernissage de uma exposição de alguém que se chamaria Dodô e que titulava a mostra com o nome de  "Lápis de amor e outras fantasias"  (Oh memória absurda de repente tão solícita!...).

Recordo que o Assis me confidenciou que não perdia a apresentação de uma primeira obra fosse quem fosse o autor pois acreditava que no meio de muita juvenília poderia aparecer um autor. E foi o caso. AL Berto viveu pouco tempo mas deixou alguns livros memoráveis de grnde qualidade .

Todavia não é de literatura que venho falar mas tão só de mais uma tentativa de enganar a cegueira que espreita e que combato com injecções nos olhos (só para travar o progresso da maleita...).

Para além de ver mal sobretudo a curta distância,as minhas capacidades de leitura só são combatidas graças a uma verdadeira colecção de lupas electrónicas , cinco ao todo, para todas as ocasiões e para todo o tipo de livros.

No caso em concreto, tenho andado a colocar etiquetas nas estantes dos cds. Como de costume, e a tarefa foi para já reduzida  ao jazz, resolvi rearrumar os discos e, fundamentalmente, sinalizar claramente os autores de modo a poder ler de longe, enfim a meio metro, o nome do músico.

Claro que, e por isso falei em costume, também tive de fazer o mesmo em quatro gavetas onde jazem mais três centenas de peças, sem falar noutra estante essa de livros onde estacionam os discos que se agrupam em caixas grandes quase sempre colecções antológicas que normalmente trazem cem discos por caixa. Se essas são rfáceis de localizar, outras há onde agrupei por ordem alfabética  outros discos também arrumados por autor. enfim um trabalho  que já me permitiu descobrir discos repetidos ou um largo número de peças nunca ouvidas, por desleixo, por esquecimento ou apenas porque na altura entendi guardar a audição para melhor altura. 

Este trabalho beneditino está prestes a chegar ao fim pois num quarto e último lugar  juntei a quase totalidade das cozes femininas. E digo vozes porque à excepção de meia dúzia  de pianistas (todas de qualidade!...) a imensa maioria são cantoras de Bessie Smith a Sara Vaughan, de Billie Holiday a Dinah Washington ou de Ella Fitzgerald a Nina Simone. 

Paralelamente vou continuar uma outra tarefa que é a de meter muitos destes músicos em várias  pens  o que me permite sem mais trabalho fazer longas viagens sem nunca repetir peças ou autores. 

E se não cmecei já foi porque, agarrei num disco, Empty bed blues só para ouvir um trecho mas agora sinto que tenho de o ouvir até a fim.

E não se pode fazer duas coisas, sobretudo quando é Bessie que canta. Fica o folhetim por aqui que há mais 14 faixas para ouvir ...

 

Au bonheur des dames 627

d'oliveira, 02.08.24

g3 - cópia

A gata Ingrid Bergman e já uma saudade

mcr, 2 de Agosto 

 

Há um deus único e secreto

em cada gato inconcreto

governando um mundo efémero

onde estamos de passagem

Um deus que nos hospeda

nos seus vastos aposentos

de nervos, ausências, pressentimentos,

e de longe nos observa

Somos intrusos, bárbaros amigáveis Bergman

e compassivo o deus

permite que o sirvamos

e a ilusão de que o tocamos

(Manuel António Pina)

 

 

 

Ao fim de dezassete anos de pura alegria, de mimo de prodigiosos saltos e correrias pela casa, a gata Ingrid Bergman esgotou as suas sete vidas

Em termos humanos era pouco mais velha do que eu e mil vezes mais carinhosa, bem disposta, aventureira e curiosa.

Decerto mofo, ela parecia mais dona da casa, estantes incluídas, do nós. Tirando o colo da CG que ela considerava o seu lugar de eleição para o sono das seus da tarde, havia no mínimo uma duzia e meia de poisos onde era possível encontrá-la deitada a dormir o sono dos gatos bem aventurados. Isto não contando com outros sítios para onde se esgueirava quando via um gavetão aberto, uma porta de armário mal fechada.

Nesses  momentos a CG corria a casa desesperada mesmo sabendo que a gata estava lá dentro e, em princípio, livre de qualquer perigo. Com o passar dos tempos inventámos um método para a encontrar mesmo se isso nos custasse bastante tempo.

Um dos segredos era pensar onde é que ela não poderia logicamente estar. Devo dizer que em trinta por cento dos casos era tio e queda. Estava exactamente aí nesse local que julgávamos inalcançável.

Os gatos são, sabemo-lo todos, curiosos e há mesmo um dito inglês  (curiosity kill the cat) que vem desde Ben Johnson e Shakespeare.

No caso da Ingrid, a curiosidade vinha a meias com o habito de dar as boas vindas a quem quer que nos batesse  à porta. Fazia amigos de quem quer que nos aparecesse tanto mais que, ao contrário da Kiki de Montparnasse, sua companheira de sempre, era absolutamente intrépida e, como o velho chefe gaulês, só receava que o céu lhe caísse na cabeça  ("mais ça ne sera pour demain!").

A idade avançada, um coração subitamente frágil e mais três ou quatro complicações, levaram-na sem sofrimento mas com aflição extrema da CG. na tarde de anteontem.

Uma gata que já era da família (dezassete anos) sempre a partilhar a casa e os dias connosco deixa um rasto de saudade  que vários amigos e familiares já começaram a partilhar.

Este Verão é como o nome de um grande filme de Zurlini, um verão violentoe faz-me lembrar que não é primeiro, sequer o segundo em que apanho subitamente com a notícia da morte de seres queridos mesmo se já esperávamos (desesperávamos...) má notícias. No caso da gata  ela não se queixava mas apenas ia murchando, ia-se afastando, passava longos tempos escondida debaixo de um pequeno maple como se quisesse preparar-se para morrer escondida de todos. morreu com várias pessoas à votla, eutanasiada, na veterinária. Recusei-me a despedir-me dela e menos ainda a vê-la morrer. quero conservar como última imagem dela  o breve momento em que para gozo dela a escovei na varanda à janela. 

Há um par de anos, li uma crónica de Eugánio Lisboa em que este  excelente crítico  referia a morte de uma gata que também acompanhava a família há longos anos- Agora percebo melhor o desgosto que se reflectia no seu escrito. Todavia, o Eugénio, já também cá não está  para eventualmente me ler

*na  vinheta as gatas Ingris Bergman e Kiki deMontparnasse, A A Ingrid é a amarela

 

au bonheur des dames 627

mcr, 24.07.24

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Os meninos em liberdade

(E os adolescentes, os jovens estudantes e mais tarde os adultos com pouco tempo...)  

(no ano de 53...)

 

O jornal traz hoje a notícia da reabilitação e abertura da piscina mar da Figueira da Foz. E acrescentava a extensa notícia que a ideia fora de Santana Lopes, actual presidente da Câmara.

Convenhamos que depois de vários outros presidentes da mesma Câmara, quase sempre  socialistas esta novidade em um gosto entre o amargo e o doce. Eu tenho por Lopes a pior das impressões  mas a equidade, o bom senso  e ofacto de ser um pobre homem de Buarcos obrigam-me a aplaudir a Câmara que, aliás, foi quem tomou a cargo a obra. 

 

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Santana, de resto, já havia iniciado as obras do Mercado, um edifício de ferro dos princípios do século passado e foi o impulsionador do Centro de Artes. Tudo isto feito por fulano que nenhuma ligação tinha à Figueira e que só se apoderara da Câmara porque o PS a certa altura dividiu-se ao meio e abriu uma avenida triunfal para um político que falhou todos os objectivos a que se propôs 

Foi  nesta piscina de águas salgadas que aprendi a nadar. Melhor dizendo a nadar defeituosamente porque quer eu quer o meu irmão longe da vista paterna nos escapulíamos às aulas de natação para ter mais tempo para brincar.

 

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Quando regressei de Moçambique para fazer o 3º ciclo na “metrópole” passei longas férias na Figueira e a piscina era o meu poiso favorito em Julho. Nessaaltura, o nosso pequeno grupo de amigos (onde estarão elas e eles agora?) tínhamos a piscina toda (ou quase...) para nós.

Anos depois, já formado ainda me hospedei uma ou duas vezes na estalagem da piscina, 

Depois fui sabendo que a sociedade que a detinha a vendera a outros empresários e que pouco a pouco  se fora degradando a pontos de o que há agora (e que parece bom) tem poucas semelhanças com aquela piscina onde tive os naturais namoricos de Verão.

Pelos vistos, Santana Lopes quer refazer a estalagem ou algo do mesmo género. Que as mãos não lhe doam. Se for preciso que o reelejam!

A propósito de piscinas confesso que quase todas as que longamente frequentei estão em mau estado Incluindo a belíssima piscina do Club Ferroviário de Nampula que nas férias grandes /enormes) de Verão  (anos de 62, 63 e 6). Aqui perto de casa a piscina do hotel Tivoli está mesmo escaqueirada e tudo indica que não será reabilitada pelo menos para uso público.

(mais uma herança do BES que até à data não se resolveu fosse de que maneira fosse).

 Durante os anos em que trabalhei na Delegação Regional de Cultura do Porto, fiz um acordo com os meus antecessores e conseguia chegar à piscina antes do meio dia e meia e só sair para trabalhar duas horas depois. Compensava com um horário mais prolongado pela tarde que, de resto, favorecia todos os agentes culturais que só depois dos respectivos empregos podiam ir à DRN resolver problemas dos organismos que dirigiam Nada disto me tirou o prazer do mar desde que houvesse ondas mas uma piscina, se ainda por cima é de água salgada, é a melhor coisa que pode acontecer a quem tem pouco tempo disponível.

 

os leitores perdoarão esta evocação de anos antiquíssimos masquequerem. Estes dias calorosos não dão para mais. De cima para baixo a piscinada Figueira como era nos seus tempos de glória; a iscina do hotel tivoli foco aqui a dois passos como seguramente já não é e a piscina do clube ferroviário de Nampula que, pela fotografia parece estar quase na mesma mas nunca fiando...