Pesadelo neoliberal
Escrevi há dias, para uma publicação portuguesa…
“A crise de sobreprodução que ainda vivemos, e viveremos por vários anos, teria sido uma oportunidade excelente para mostrar que a realidade tem leis objectivas, que as crises continuam a existir, que permanece na sociedade mundial, regional e nacional interesses contraditórios, que o bem-estar do grande capital não é o bem-estar da sociedade, antes pelo contrário para milhões de cidadãos à escala mundial.
Uma oportunidade excelente para combater-se o empolamento do financeiro em relação ao económico, do improdutivo em relação ao produtivo. Combater-se a especulação financeira mundial aceleradora da crise ao transferir dinheiro das nações para essa especulação. Combater-se a brutal fuga aos compromissos fiscais e às obrigações sociais, fuga que condena os Estados a financiarem-se junto de quem os roubou. Abdicou-se de uma política anti-cíclica.
Neste panorama internacional a política mais subserviente perante o grande capital, mais neoliberal e anti-social tem sido realizada pela União Europeia, nomeadamente pelo Banco Central Europeu. ”
Contudo, o comportamento dos últimos dias do Banco Central Europeu é mais do que a de campeão do neoliberalismo. É de subserviência (via empresas de rating, e não só) perante o principal rival nas políticas mundiais do sistema monetário, à hegemonia dos mercados financeiros: os EUA (sistema bancário, fundos de pensões, bolsa de títulos e valores, etc.). Subserviência perante os especuladores contra a moeda europeia, que aproveitam, como bons estrategas que são, os elos mais fracos, as divergências internas e a incompetência política dos decisores.
Quais as razões? O aprendiz de feiticeiro (o Mestre Financeiro da globalização actual ainda é os EUA) quer ser mais que o próprio feiticeiro? Os bancos europeus, incluindo os alemães, estão a ser excessivamente asfixiados pelos produtos financeiros do suprime, ainda “lixo tóxico”? É mera desorientação política (que a há, há!) perante o desmoronar dos sonhos dos políticos que não olharam para a dinâmica da sociedade? É o Snr. Jean-Claude Trichet que se anda a candidatar-se a algum “tacho” mais elevado?
É uma forma de mostrar quem manda na UE? É mera estupidez?
Os deuses que respondam. Os homens que lutem.