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Incursões

Instância de Retemperação.

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Instância de Retemperação.

diário Político 228

d'oliveira, 16.03.21

Diário político  225

d’ Oliveira fecit nos idos de Março (ou quase)

 

antes que me esqueça: Na Europa foram cinco de milhões de pessoas as vacinadas com a Astra Zeneka. E 30 (ou menos) os casos de aparecimento de coágulos sanguíneos. Isto, em boas contas, significa menos de um caso por milhão de pessoas vacinadas.

Eu desconheço qual a perigosidade dos coágulos. Mesmo aceitando (sem qualquer dificuldade, aliás) que são grave 225s ou muito graves, sempre direi que a percentagem é ínfima e há possibilidades de nem sequer haver relação de causa e efeito no caso em apreço. 

Temo bem que nisto, nesta súbita e arrebata precaução, haja muito de populismo e de “Maria vai com as outras”. Quem já anda a esfregar as mãos de contente é a habitual seita da conspiração, os negacionistas do covid e quejandos. As redes sociais, claro, na sua infinita balbúrdia ignorante, ajudam. 

A DGS deveria explicar a alegada gravidade dos sintomas e, de passagem, qual é a diferença entre as duas (sic) reacções portuguesas e as registadas na Europa. Ao não o fazer ajuda, e de que maneira, o pânico a instalar-se, a desconfiança a aumentar  e a histeria a ensurdecer o mais pintado. Arre!)

 

 

 

 

diário político 212

d'oliveira, 10.12.20

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A infâmia nunca tem limites

d'Oliveira fecit 10.XII.20

 

O caso do assassínio a frio de um emigrante ucraniano no aeroporto de Lisboa, às mãos de (pel menos) três inspectores do SEF, tresanda. Tresanda por todos os lados. E intoxica tudo e todos.

Não vale a pena descrever os pormenores sórdidos da conspiração para ocultar uma morte cujas causas só foram descobertas graças à autópsia. Até nisso os miseráveis assassinos foram desleixados. Ninguém ignora que uma morte em pleno aeroporto por alegadas causas nacionais tem de ser analisada no Instituto de Medicina Legal. Esse exame foi categórico.

Que a responsável do SEF, uma tal senhora Cristina Gatões, tenha, durante nove meses, estado encerrada num bunker de silêncio é não só terrivelmente significativo mas, sobretudo, raia as margens do criminoso. Por uma razão simples: o seu silêncio só aproveitou a uns indivíduos que, durante bastante tempo, estiveram presos no recato do lar, sem a chatice de ir picar o ponto mas recebendo um ordenado, exactamente o que, provavelmente, o assassinado procurava em Portugal. Pelos vistos irão a julgamento dentro de algumas semanas. Não foi a única pessoa calada. O senhor Cabrita, Ministro da Administração Interna, também não foi nada prolixo, bem pelo contrário.

Hoje, veio a público numa penosa conferência de imprensa, que observada sem grande severidade, leva o observador a pensar que Eduardo Cabrita conseguiu tornar-se um ministro zombie, um “has been”. O Ministro jura que “foi o primeiro a agir”. Agiu com uma leveza a fazer lembrar um poema de Augusto Gil sobre a neve que caía. Nem a porta voz do PS, Ana Catarina Mendes (num programa televisivo) nem o BE numa declaração dura, deixam grande espaço ao sr.

O mesmo senhor Cabrita teve o arrojo, não vou dizer a sem vergonha, de afirmar que ninguém falou sobre este caso de polícia. É evidente que, também ele, não lê os jornais. Este senhor está perigosamente equivocado a menos que esteja a sofrer de autismo e não disse a verdade.

Tudo isto, aliás, só parece suceder depois de uma entrevista à mulher do assassinado e de uma embaraçosa declaração vinda de uma comissária europeia.

Ao mesmo tempo, sabe-se que a transladação do corpo do assassinado foi paga pela família entretanto privada de alguém que seria o seu principal ganha pão! Quanto a indemnizações, está quieto ó mau! Pelos vistos isso não é da responsabilidade de ninguém pelo menos até haver caso julgado...

Sempre fui inimigo dos defensores das teorias da conspiração mas começo a pensar que tais teorias ganham raiz neste género de truques, falsificações, desleixos, que uma morte brutal num local tão visível indicia. Como português estou enojado, como cidadão entendo que a varredela (que se tentou para baixo do tapete) não pode limitar-se a uma burocrática reestruturação do SEF, à exoneração da directora . É impensável que alguém que se deixou estar durante nove meses tenha agora, subitamente, visto a luz. A criatura foi empurrada e só lhe deixaram a possibilidade de fingir que saía por seu pé e não a pontapé.

Quanto ao Ministro, homem muito próximo de António Costa, eu lembraria que a sua manutenção no cargo só irá complicar a vida a este.

Todavia, a sua sorte é-me indiferente. Sempre tive a ideia de que não era uma águia mas apenas um peru que voava. Se as vacas voam não vejo razão para os perus mão voarem, mesmo que seja baixinho.

 

Na vinheta: há duas crianças, aquelas da fotografia, que perguntam por que razão o pai não voltou. Pelos vistos, nem o SEF, nem a directora, nem o Ministro nem os seus colegas se deram sequer

diário político 212

d'oliveira, 28.11.20

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para quem consiga perceber

d' Oliveira fecit 

Se para pessoas com mais de setenta e cinco anos não está suficientemente provada a eficácia da vacina , porque é que ela vai prioritáriamente ser dada às pessoas internadas em lares que, numa esmagadora maioria, tem idades superiores a esse patamar etário?

E qual será a eficácia das vacinas para as pessoas entre os setenta e os setenta e e quatro anos e onze meses? 

nota este texto destina-se apenas, e só, a quem está em condições de conseguir perceber a razão de todos os noticiarios de rádio e televisão e todos os (ou quase, apontem-me um que não fale do assunto) os jornais se referirem ao assunto. Admite-se que os analfabetos, surdoe e cegos achem boa a medida proposta e fruto de um trabalho sério e responsável. Estão m boa companhia com o Bolsonaro e o Trump. Deus os guarde do vírus... E dos "especialistas"...

 

diário político 222

d'oliveira, 07.11.19

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Estes dias bizarros

d'Oliveira fecit 7/XI/ 2019

 

! Nunca fui adepto de dar o nome de pessoas vivas a ruas, prédios ou instituições. As razões são muitas se bem que a mais óbvia seja esta: depois da homenagem, o homenageado pode perder a cabeça e desatar a fazer tropelias de todo o género ou, pelo menos, tornar-se uma criatura odiosamente vaidosa e insuportável.

Recordo, entre parêntesis, que, na minha meninice, vivi anos a fio na rua ou avenida Almirante Tenreiro, um homem forte do Estado Novo e manda-chuva do sector das pescas. Com o 25 de Abril a toponímia mudou porventura por iniciativa dos primitivos homenageantes. Aconteceu algo de semelhante à ponte Salazar rebaptizada “25 de Abril”.

Ora, para evitar estas desastradas reviravoltas toponímicas, bem avisado andará quem só queira o seu nome glorificado depois de morto.

Tal não sucedeu com Rosa Mota. A cidade do Porto entendeu que se Lisboa dera o nome de Carlos Lopes (outro campeão olímpico da maratona, para quem porventura já não saiba quem é) a um pavilhão desportivo no parque Eduardo VII, bem que se poderia dar novo nome ao pavilhão do Palácio de Cristal e de uma penada homenagear a atleta.

Convenhamos que a homenagem era fraca porquanto o “palácio” estava já num estado deplorável a pedir obras urgentes.

Apareceu uma cervejeira disposta a pagar caro a publicidade e enterrou uma boa dezena de milhões no edifício, restituindo-o à sua primitiva dignidade e melhorando muito o seu interior. Percebe-se, assim, que a tanto milhão gasto corresponda uma enfática vontade de perpetuar grandiloquentemente o nome da marca e eis que temos o “superbock arena em letra grrafal (como compete a uma marca de cerveja!...) e mais em baixo e um pouco menos apelativo “pavilhão Rosa Mota”.

Rosa não gostou mesmo se, em seu tempo de atleta, tenha provavelmente usado dorsais com marcas de produtos que amparavam e subsidiavam a sua carreira. Desconheço se, nessa época, criticou o estado calamitoso do pavilhão que tinha o seu nome.

Agora, recusou-se a assistir à inauguração do renovado espaço. Estava no seu direito e não serei eu quem a critique. Porém, além de faltar à cerimónia, que, de todo o modo se realizou com a habitual pompa e circunstância, Rosa Mota resolveu alertar a pinião pública para a “desconsideração” sofrida. Pelos vistos, desconhece a força do dinheiro e a penúria das instituições públicas que se viram obrigadas a recorrer ao mecenato da “superbock”.

Parece que, apesar de convidado, o senhor Presidente da República não esteve presente. Agenda sobrecarregada, preparativos para a recentíssima e feliz intervenção cirúrgica ou mera solidariedade com a atleta que S.ª Ex.ª há pouquíssimos dias exaltara como valendo mais que muitos, todos, os presidentes da república. Eis que o Professor de Direito se revela um conhecedor da Grécia clássica e da admiração sem limites ali professada pelos atletas vitoriosos.

A Câmara do Porto apanha por tabela mesmo se parece evidente que, no caso, pouco ou nada poderia fazer. Alguém acha que o senhor Presidente da Câmara, deveria comparecer de corda ao pescoço ou de luto carregado apelando aos “homens bons” da cidade dita invicta ou à plebe que se está nas tintas para substituir a superbock por uma “sagres”?

Quem sou eu para aconselhar Rosa Mota, sobretudo depois do caldo entornado. De todo o modo bastava-lhe faltar à cerimónia, envolvida num digno mas loquaz silêncio para se perceber o seu desagrado. Ao proclamá-lo tão ruidosamente (acompanhada ou não pela indignação de uns, pelo calculismo de outros e pelo populismo de eminentes figuras públicas) a coisa adquire um risível tom que diz muito sobre o “torrãozinho de açúcar”....

 

2 O novo Governo da pátria imortal nação valente averba 69 responsáveis! É obra! Eu não vou pela facilidade da acusação mesquinha quanto ao custo de tantas luminárias a que se irão somar infindáveis hostes de assessores e demais afilhados.

Também não vou, à semelhança de um Ministro remanescente, chorar sobre a perda de uma senhora Ministra por acaso, mero acaso, esposa amantíssima do mesmo cavalheiro. Aqui, à puridade, sempre direi que ela me parecia valer por três dele mas isso é porque talvez eu seja um feminista que se desconhece.

Eu, sobre relações familiares no Governo não digo sim ou não. Também não digo “nim”. Como se ensinava na imortal faculdade de Direito que me amargou a juventude, cada caso é um caso. E naquele, nunca me dei conta que os negócios do mar andassem com o mesmo lento e frágil vagar que o senhor Eduardo Cabrita imprime ao seu pelouro. O ar pesado e cansado do ministro parece ser o retrato do estado do seu ministério. Mas isso é outro contar.

O único mas formidável problema que veja em tanto ministro e secretário de Estado é o raio da sobreposição. Eu, ave de mau agoiro e piores fígados, temo conflitos em série nas áreas secantes ( e, muito provavelmente das tangentes) de cada senhor Secretário de Estado pois as próprias atribuições já conhecidas não estabelecem fronteiras fáceis, sequer seguras entre cada pelouro. Depois, os Secretários de Estado, sobretudo os caloiros vão fazer o possível e o impossível para mostrar de que madeira são feitos (e nisto não vai qualquer comparação com o imortal Pinóquio, tanto mais que Costa é demasiado espesso e encorpado para fazer de Gepeto).

A juventude (que é uma doença que passa com a idade) é assim. Muito afirmativa, muito senhora do seu nariz (e volto a dizer que nada de Pinóquio aqui, mesmo se alguns governantes mentirem mais do que o ousado boneco e sem o perigo de lhes crescer o nariz...). Mas mesmo sem o sangue a ferver-lhes nas guelras o simples estado dos problemas que vão enfrentar e a bandalheira em que está o desgraçado interior vão dar água pela barba a muitos destes jovens cavalheiros.

Este governo gigantesco tem no seu gigantismo (perdão pela estilo pleonástico) a ameaça maior para o sucesso. Por muito hábil que seja o Primeiro Ministro, coordenar 19 (+ 50 por interpostas pessoas) criaturas não vai ser pera doce.

Depois, nunca fui, não sou, e já não me deve restar tempo para ser, adepto desta moda de desmultiplicar ministérios (agora vamos ter o da função pública, Jesus Maria, José!...,) como se isso fosse a poção mágica do sucesso. Não é. Os detalhes por muitos que sejam, não implicam que não deva haver uma visão de conjunto que o desregramento de ministérios pode ferir.

 

 

3 Parece que a senhora Ministra da Função Pública vai premiar os funcionários que faltarem pouco. Eu aceito que se premeie o funcionário que não falte e mais ainda o que produza trabalho que se veja que inove, que proponha, que cumpra. A falta (não falo de doença, claro) é sempre uma anomalia e, por definição, acarreta custos quanto mais não seja pela descoordenação que pode provocar num serviço. E, na generalidade. não deve ser tolerada, 

Eu teria estimado que S.ª Ex.ª tivesse referido o escândalo da nomeação de chefias, o favoritismo político a falta de respeito pela CRESAP, a situação inacreditável de centenas de responsáveis em funções a título de substituição e por períodos que são até contra a lei.

Dir-se-á que isto é óbvio. Será, mas nunca é demais insistir, reconhecer uma realidade que corrói as instituições e afecta o bom nome da função pública no seu todo.

É verdade que o mal vem de longe mas justamente por isso é que é urgente extirpá-lo.

E já que se fala de função pública seria bom que, de uma vez por todas, se permitisse aos mais de dez mil novos contratados para o exercício dessas funções o acesso à ADSE, como é desde há muito pedido pelo Conselho Geral da instituição (lembremos que o silêncio da administração e do Governo sobre isto que parece justíssimo e, aliás, necessário para a boa saúde financeira da ADSE, é ensurdecedor.). Além de ser um indiscutível direito desses trabalhadores, é, seguramente, uma boa ajuda para as finanças da instituição. Parece que a senhora presidente da ADSE ainda não percebeu isto.

Nós não percebemos como é que a criatura lá foi parar mas esse é um mistério facilmente resolúvel...

 

 

 

diário político 224

mcr, 18.10.17

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A moção e os seus adversários

(d'Oliveira fecit 18.10.17)

 

Na directa sequência dos incêndios do fim de semana, o CDS entendeu propor uma moção de censura ao Governo.

Como disse o Sr. Primeiro Ministro, trata-se de algo normal e constitucional. Não podia dizer outra coisa. como é evidente. Todavia, o Sr. Carlos César, que exerce –parece – de presidente do PS veio a terreiro com a sua notória inabilidade oratória e política (e, pelos vistos, um escasso conhecimento da Constituição e das normais práticas políticas) afirmar que esta moção é, meço as minhas palavras, um “despropósito” e não passa de uma mesquinha tentativa de fazer baixa política.

No mesmo surpreendente sentido, o senhor comentador Rui Tavares (última página do “Público” hoje, 18 de Outubro) fala de “inqualificável sentido da moção” por lhe parecer a ele Tavares, e provavelmente a uns poucos mais, que a moção só tem o fito de derrubar a Ministra. Tavares, se fosse menos ingénuo, mais cauteloso, mais sabedor dos meandros da política, poderia ter aguardado um dia. Verificaria, assim, que a Ministra “já era”. que o Presidente da República anunciara a mesma coisa, ou seja a demissão dela (voluntária ou forçada. Claro que foi forçada, forçadíssima, à ultima da hora quando já só tinha a cabecinha pensadora fora de água).

Tavares não percebeu (ou percebeu mas esconde a mão) que a moção do CDS só por mero acaso, oportuno acaso, visava a Ministra. Sei que isso, provavelmente, é muita areia para a camionete de Tavares, fundador de um ajuntamento chamado “Livre” sem expressão eleitoral sequer nas cidades e muito menos no país.

Tavares, dissidente notório do BE (mesmo se apenas fosse deputado europeu independente nas listas deste) tem andado por aí a pregar a unidade das esquerdas. Obviamente, não foi por ele que essa (entre nós insólita) unidade se afirmou. De facto, quem quiser lembrar-se sabe que a coisa começou quando, depois de Costa ter lacrimejado pela sua derrota, Jerónimo, num passe de mestre acenou-lhe com o poder apoiando-o quando dois dias antes o atacava com tudo o que podia.

Costa aceitou, Passos Coelho amuou, o BE alinhou e eis que estamos em plena “geringonça” como Portas, rapidamente retirado para outras mais proveitosas batalhas, baptizou.

Não vou agora fazer o processo desta unidade para a qual Tavares não foi convidado (e porque é que o seria?) mesmo se ele tente, a todo o custo, apanhar o comboio.

Tavares ainda não percebeu (ou se percebeu finge que não) que o CDS apenas quer mostrar à evidência que o PS está refém da votação do PC e do BE. Se, porventura, se abstivessem ou a votassem, o PS caía. Redondo! Catrapus!

Há dias, isto não prejudicaria o PS. As sondagens, pouco fiáveis, como. por experiência sabemos, davam-lhe uma claríssima vitória senão a maioria absoluta. E por mais que Costa jurasse que nem assim abandonaria as suas duas (entretanto inúteis) muletas, é evidente que ficaria com total liberdade para governar como habitualmente o PS governa e que sempre suscitou ásperas críticas do PC (e do BE, mesmo se com estas possa o PS muito bem).

Todavia, tudo mudou nestes tempos de luto e de cólera. À uma Costa não percebeu que o país espera um sentido, choroso, pedido de desculpas. E que não tendo sido feito, as coisas, bem exploradas, mudam muitas vontades. Depois, a derrota do PC, as dez Câmaras “roubadas” indignam e mobilizam (ainda mais) o PC e os sectores a quem a política vagamente conciliatória de Jerónimo irrita ou enfurece.

O país descobriu que nada ou pouco se fez contra as catástrofes. que a insensibilidade de uma Ministra, de um Secretário de Estado não tiveram, por parte de Costa, qualquer censura. que este, numa crucial conferencia de imprensa, chutou para canto todas as perguntas incómodas e não se preocupou em parecer triste ou responsável. Ele que anda nestes governos desde sempre, que já esteve na Administração Interna (sob a agora negregada batuta de José Sócrates) está, neste momento, numa posição incómoda sobretudo porque Marcello Rebelo de sousa lhe retirou o guarda chuva de cima.

Nada disto prenuncia uma vitória do centro-direita tanto mais que o PPD entrou em convulsão. Mas, como dizem os nossos vizinhos mesmo sem se acreditar em bruxas “que las hay, las hay!” Ou seja uma moção de censura incomoda e muito. Mesmo perdedora, como tudo indica. Ficará evidente, para muitos, senão para todos os que abandonaram o voto PPD pelo PS (ou até, e isso não foi tão bizarro como alguém pensou) pelo BE.

Poderão estar agravados com os anos duros. Poderão estar agradados com este orçamento bodo à esquerda mas cujos efeitos poderão ser contestados se subirem o preço do petróleo ou dos juros da dívida, se mudar a política do Banco Europeu, se a situação espanhola se reflectir nas nossas exportações para lá, se o novo ministro das finanças alemão vier, como tudo indica, do partido liberal (já aqui afirmei que iríamos ter saudades de Schauble), etc., etc.

Todavia, e os resultados das autárquicas, valendo o que valem, mostram que nem o PC nem o BE (um mais severamente derrotado que o outro, também perdedor) ganharam com a geringonça. Se o PS der sinais de erosão depois da tragédia do fim de semana e da leitura diferida dos relatórios sobre os fogos, para já não falar do ultimato do Presidente da República, então o CDS, mesmo perdendo a moção marca pontos e não poucos junto da opinião pública. E o PPD pelo menos não perde nada.

Esta é a razão do mau humor de César. O homem não será um luminar mas também já aprendeu qualquer coisa. Tavares pode não ser um estrela política (não o é de todo em todo) mas como rapazinho aplicado também não lhe escapou este efeito da moção “inqualificável”.

A política, como tudo o resto debaixo da roda do sol, tem sempre dois tempos. No caso em apreço, não é esta, para o PS, a boa altura de estar a desvendar qual deles prevalece.

Conceição Cristas tem tudo a favor dela. Arriscou, ganhou e o partido do táxi já se sente o partido dos comboios especiais. E age como tal. E, em política, por vezes, o que parece é. Goste-se ou não.

Isto ainda vai ser divertido.