estes dias que passam 821
80% dos portugueses esão enganados !!!
mcr, 2 -8-23
Leio desde o primeiro dia o "Público" e, desde o primeiro dia, tenho motivos de desacordo. E isso porque este jornal (como o "Expresso" que também leio desde o primeiro dia ou como "Le monde" que me companha desde 1961) abre as suas páginas a todas as correntes de pensamento, dá guarida a colaboradores de uma a outra ponta do arco político português ou mesmo ainda mais além.
Nunca pensei em deixar de o comprar (que eu compro religiosamente um monte de jornais e revistas e só os deixo quando acabam ou quando (no caso o El Pais) se deixam de vender cá.
Por razões de várias ordens tive a sorte, e em certos casos o privilégio , de viver curtos períodos (entre um e seis meses) da minha vida em França, Espanha, Itália e Alemanha (na época na RF, ou seja na Alemanha Ocidental) Neste último país tive a imensa sorte de viver em Berlin ainda dividido e mais tarde na Baviera. Em ambos os casos consegui visitar com bastante frequência tanto Berlin oriental como a então Checoslováquia na altura sob uma miserável ditadura comunista resultante do d infame ocupação depois da crise de Praga em 1974).
Estas estadias prolongadas que também tiveram como cenário a Holanda (2 meses) e a ainda Jugoslávia, fizeram-me ver uma parte de uma Europa extremamente diversa. Como ainda por cima, durante todo o meu segundo ciclo do liceu, vivi em Moçambique, posso dizer que, graças à minha ilimitada curiosidade, consegui chegar a esta época com algum "mundo", provavelmente com um "mundo" bem mais alargado que a grade maioria os meus concidadãos.
Ao longo de duas vidas (a de antes do 25 A e a de depois) posso também jactar-me de ter conhecido e sofrido na carne e nas aspirações da minha longínqua juventude, uma série de atropelos que não só não minaram os meus escassos ideais mas antes reforçaram a a minha crença na liberdade, na democracia, na igualdade e na dignidade de todos os cidadãos.
Sou, provavelmente, um liberal de esquerda, pois foi nessa casa comum, ruidosa, multifacetada, pejada de diferenças que me fiz adulto e que aprendi a separar o trigo do joio, o oiro da purpurina a verdade das ideologias que a tentam retratar ou deturpar
Nunca votei à direita mas também nunca dei o meu pobre mas honrado voto aos adeptos da ditadura do proletariado, aos que defendem ou veneram a cultura do partido único, do partido dos gulags, da bufaria institucionalizada (cujo máximo e torpe exemplo foi a RDA dsa STSI e da sus imensa caravana de informadores de todos os géneros), da perseguição sanguinolenta da cultura, do terrorismo contra a dissidência.
(e é bom que se recorde isto, esta medonha realidade do século X paralela e simétrica do nazismo, das teorias raciais, da eliminação dos "sub-humanos" onde se juntaram judeus, mulatos alemães, ciganos, socialistas, comunistas, católicos, conservadores civilizados e uma dúzia de povos da Europa Central e Oriental. E convirá ainda lembrar que estas duas ignominiosas ideologias antes de se combaterem, se aliaram para dividir a Polónia e para permitir através de um pacto infame, a invasão da Europa e o prosseguimento da guerra a ocidente. Depois guerrearam-se, é verdade, É que não cabem dois tiranos na mesma sala, na mesma cidade no mesmo continente, sequer no mesmo mundo)
Tudo isto para dizer que por cá, também tivemos a manifestação dos pequenos jacobinos e jacobinas, que os jornais acolheram com generosidade mesmo se, como todas as reportagens o comprovam, há gigantescas multidões (e não só de peregrinos). Ler estes abencerragens do anticlericalismo mais serôdio, e comparar o que dizem agora, com os inflamados protestos de amor aos pobres, mesmo que seja duvidoso que alguma vez tenham realmente partilhado com estes sequer uma bica.
Os nossos jacobininhos e jacobinhinhas vociferam contra o estado laico que "agoniza" por gastar umas dezenas de milhões cujo retorno é já uma realidade decuplicada sem se recordarem que aplaudiram exuberantemente o desaforo do desperdício de mais de três mil milhões com uma TAP falida desde a nascença. Provavelmente ose sus meigos coraçõezinhos ainda batiam com a recordação da comunicação aérea e imperial com a ´África dita portuguesa onde de resto muito bom e estridente progressista esteve de arma aperrada.
E tudo isto é particularmente curioso (e penoso de ver) quando se sabe que os católicos portugueses longe de se barricarem (como em Itália, do segunda metade so século XX) num partido confessional, distribuem serenamente os seu votos por todo o arco político e parlamentar.
Esquecem os piedoso e indignados jacobininhos e jacobininhas que são as estruturas católicas (Misericórdias, Caritas, centros paroquiais etc.) ou pela Igreja influenciadas (Banco alimentar, por exemplo) que conseguiram aguentar o impacto da crise, das crises aliás que se tem sucedido desde os princípios deste século.
Estou à vontade para o reconhecer pois saí da Igreja há sessenta e quatro anos sem angústia, sem azedume sem imprecações.
Ao fim e ao cabo sinto-me à vontade no seio de uma população em que três quartas partes se dá como testemunha da fé. E resta saber quantos do outro quarto morrerão com a bênção de um padre, terão o seu caixão numa igreja ou na casa mortuária anexa e serão acompanhado por um enterro religioso. Mas isso seria entrar nos domínios da ficção, melhor dizendo no extraordinário livro "o drama de João Barois" de Roger Martin du Gard, prémio Nobel nos finais dos anos dos anos trinta.
O mais ridículo destas jacobinices amadoras é o facto de os tiros disparados pelos seus autores não só parecem ser de pólvora seca mas sobretudo acertam nos próprios pés. Ou de como gente inteligente ou que se presume tl acaba por cair em esparrelas que qualquer criatura menos dotada facilmente evita.
(RMG é também autor de um roman fleuve de altíssima qualidade "Os Thibault". Há tradução portuguesa)
*a preguiça e, sobretudo a bimensal injecção nos meus dois pobres olhos atrazou a publicação do folhetim . Ainda bem pois o que a televisão nos tem mostrado supera tudo o que eu esperava e, julgo, dá-me razão.