Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 935

mcr, 12.09.24

 

 

 

Unknown.png

Pro Pudor!

mcr,12-9-24

 

A expressão, que, de resto, além de portuguesa é internacional, significa brandamente, "arre que isso é demais"  (versão mcr).

Vem a propósito da declaração de Sª Exª o Sr Presidente da República queenteneu conceder postumamente um qualquer grau da Ordem de Santiago da Espada a Augusto M Seabra.

O Sr  doutor Marcelo Rebelo de Sousa cruziu-se no Expresso (durante anos) com AMS. Desconheço se o lis ou não, se concordava ou não, sequer se o conhecia verdadeiramente. Com Seabra morto, multiplicaram-se os seus amigos e conhecidos "de toda a vida" como se o milagre dos pães tivesse aterrado nas terras de Santa Mari em versão críioco-cultural.

Não vou abundar neste campo por razões evidentes. 

Todavia, no exacto momento em que era anunciada a comenda, o Sr Presidente acrescentou (e está nos jornais) que "de certeza, Seabra nunca aceitaria a honraria. 

Em face disto, pergunta-se: a que título se vai contra a vontade de alguém, sobretudo se esse alguém já se não pode defender?

Terá Sª Exª reflectido dois minutos sobre a enormidade, direi a ofensa que faz a um cidadão que durante dezenas de anos andou por aí a escrever sem que qualquer reconhecimento oficial fosse visível. 

AMS morreu pobre como quase sempre viveu, por escolha própria. 

Arremessar-lhe à queima roupa com uma ordem honorífica sabendo que o visado nunca a aceitaria caso estivesse vivo é, no mínimo, uma vilania, uma brincadeira de péssimo gosto, uma afronta.

Não há outra maneira de descrever a coisa pelo que, tenho a ténue esperança de que a viúva (que será a única familiar próxima viuva) ponha cobro a esta operação  que, pessoalmente, me parece ser menos contra o morto e mais afavor de alguém que assim redora um brasão "cultural"  que durante a vidado crítico nunca foi visível. Tivesse durante esse tempo (e foram pelo menos sete longos anos...) sido anunciada a homenagem m eu provavelmente aplaudiria mesmo sabendo da ojeriza de Augusto Seabra a este tipo de honrarias.  ele recusaria mas ficaria o gesto de reconhecimento por uma obra  e um percurso que, repito, começaram há mais de quarenta anos.

Agora é tarde é ofensivo e, sobretudo, ridículo.

 

 

 

Estes dias que passam 934

mcr, 07.09.24

Na morte de um velho amigo

mcr, 7-9-24

Não sei bem quando conheci o Augusto M Seabra pois estivemos ambos no MES (74/75) onde  nos encontramos durante vários debates debaixo da mesma bandeira  mas,  qualquer coisa me diz que já antes nos teríamos cruzado no Festival de Cinema da Figueira, ainda ants do 25 de Abril.

Seja como for fomos durante uma boa dúzia de anos companheiros de percurso cinéfilo e/ou artístico apesar de vivermos em cidades diferentes  e, sobretudo distantes não só geograficamente mas também nos aspectos em que os nossos gostos coincidiam. 

De todo o modo, eu tinha a vantagem de o ler sempre que ele publicava algum artigo e nesse tempo, o AMS publicava muito (e muito bom)  no Expresso primeiro e depois no Público, jornais que leio desde o primeiro número. De todo o modo, foi no Festival da Figueira que mais nos encontrávamos.  Aí (juntamente com o Francisco Bélard e o Eduardo Prado Coelho) varamos noites quase inteiras e posso dizer que  com breves e ligeiras discordâncias  sempre tivemos um largo campo comum o que, de resto, e nos últimos anos, vinha já do que nos unira no MES 

Nem ele, e muito menos eu que era bstante mais velho, estávamos para ajudar aquela missa carnavalesca que, de resto pouco anos mais durou, A deriva ultra-esquerdista, a cópia risível dos métodos aparelhísticos do PC, a incapacidade de perceber o país fora do circuito fechado dos movimentos universitários e(ou protestários e minoritários de  meia dúzia se "amigos do povo" (mais tarde reconvertidos em amáveis e pachorrentos deputados e responsáveis políticos),, deu-me oportunidade de, numa reunião de nóveis dissidentes daquela breve experiência pouco feliz  de luta política convertida num mero espernear de insofridas tentativas de protagonismo sem bases políticas, sociais ou outras, fez com que conhecesse e ficasse amigo de algumas pessoas de que apenas citoo Luís Matias ex-emigrado político e eventualmente o Augusto se é que a hipótese de nos termos cruzado na Figueira pecar por falsa memória. 

Dizem agora os jornais, que o Augusto Seabra era irascível  até dizer basta e que nada o punha mais satisfeito do que polemicar com quem tinha opinião diferente.  Nos cerca de 12/15 anos em que nos encontrámos frequentemente nunca notei essa ferocidade de que alguns falam  mas também é provável que os encontros frequente mas não diários nem mesmo semanais que mantivemos não tivessem dado para tanto. Depois, era eu sobretudo qu tinha notícias dele atravé do que escrevia. E escrevi sobre muita coisa que me passava ao lado sobretudo no que toca à crítica de espectáculos que obviamente a trezentos e tal quilómetros de distância eu não estava em condições de o contraditar. 

Provavelmente, não tivemos tempo de aprofundar eventuais divergências e, também porque em certos domínios mormente a música contemporânea eu nunca saí da cepa torta. aliás o pouco que conheço devo-o a ele e ao Mário Vieira de Carvalho, um querido amigo de infância que me revelou que um antigo e desaparecido amigo da crise de 62 se tornara num extraordinário compositor (falo de Emanuel Nunes que nunca mais vi depois do tempo da crise académica mas que aparecia por essa altura em Coimbra e a quem eu ligava quando de longe em longe quando ia a Lisboa). 

Ainda tive oportunidade de convidar o Augusto Seabra para participar num ciclo de concertos e de colóquis sobre música que durnte o meu mandato à frente da Delegação Regional de Cultura levei a cabo. 

Devo dizer que a prestação do Augusto foi simplesmente brilhante e, sobretudo, inteligível pelo público . Depois, por razões meramente canalhas, entendi demitir-me desse cargo. Rareei por alguns anos as minhas idas a Lisboa pelo que só mais uma vez no funeral do Eduardo Prado Coelho o encontrei. E pareceu-me já nessa altura que ele não estaria bem. Depois, a sua colaboração nos jornais começou a tornar-se escassa a pontos de apenas uma vez o poder referir neste blog aquando da estrpitosamente imbecil ameaça de João Soares, uma perfeita mediocridade olhe-se por onde se olhar, ameaçando Sebara e Pulido Valente de umas bofetadas. claro que aquilo era só da boca para fora mas permitiu-me fazer a defesa de AMS. Anos depois ainda o referi sempre aqui com os elogios que entendi que ele amplamente merecia.  Lamento nãoter tido tempo de ir à procura desses textos tanto mais que nesta matéria sou quase um info-exccluído.

Fala-se muito na "excepcional" memória de AMS. Talvez valesse a pena explicar que na realidade ele (que de facto tinha boa memória era senhor de um grande inteligência e de uma sólida cultura. E era isso, essa combinação acrecida ao trabalho de pesquisa, ao estudo e a curiosidade que o tornou uma referência no campo da crítica.

A mim apenas me espanta (e mais: dói) que o Augusto não tivesse nunca querido passar ao ensaísmo e publicado obra menos "efémera".

Provavelmente, este maníaco da independência intelectual não estava para aí virado. Prova disso é o facto de nunca, com grave prejuízo económico, nunca ter queriso ser quadro de jornais ou de qualquer instituição cultural. Queria-se "de fora" e de fora ficou. Até morrer.

Quando se tem a minha idade, a morte é de há vários, longos, muitos anos uma espécie de visita  ou, pelo menos, algo que cada vez mais se avista.  E de cada vez que se fixa em alguém nosso amigo é como se nos estivesse a avisar que o nosso dia não demorará a chegar. E, de certo modo, vai-nos matando aos poucos.

estes dias que passam 933

mcr, 31.08.24

Preso por ter cão ( e por o não ter)

mcr, 31-8-24

No jardim à beira mar plantado a mesquinhice medra mis do que a merda bolsada pelos políticos.

O primeiro ministro não perdeu tempo em acudir ao local da tragédia no Douro. Fez o que devia e ai dele se o não tivesse feito tão rapidamente. 

Uma vez no local, entendeu meter-se numa lancha e navegar até à zona dos mergulhadores para, segundo ele, dar uma prova de apoio aquele esforço duro e perigoso. Alguém, na lancha fotografou-o e divulgou a imagem. Não ponho em questão que esse último toque teve mais de propaganda do que de piedade pelos mortos.

todavia é assim que a politica se move, É por isso, por exemplo, que quando alguém no duvidoso mundo da política quer dizer algo de sensacional se guarda para a hora nobre dos telejornais.

De todo o modo, mesmo dando por certo que na divulgação da viajem de lancha possa haver algum espectáculo, não vejo nisso mais do o costume e, convenhamos, do que os costumes mais admissíveis na chamada comunicação política. 

Não foi assim que os restantes políticos de outras áreas que não se terão lembrado de peregrinar até ao distante norte entenderam o passeio fluvial de Montenegro. 

Vai daí desataram numa berraria acusatória. Pelo que tive de ouvir nos noticiários televisivos foi maior a indignação que a comiseração pelos mortos. 

Pior, no "barulho das luzes" quase se subentendia que toda a acção de Montenegro fora mera encenação.

Estou à espera do que dirão sobre o dia de luto nacional. Aposto que, no mínimo ,se tentará murmurar algo que esteja próximo do "exagero". A menos que alguém de bom senso explique que a proclamação do dia de luto teve forte aceitação popular e terá calado fundo na região e nos elementos da GNR. 

 

Deixemos este triste aspecto da "nossa" política e passemos a outro tema: As eleições americanas.

Os leitores lembrar-se-\ao do escândalo que as declarações do chefe da bancada parlamentar do PPD  que por "não conhecer bem o pensamento da Kamala Harris tinha dificuldade  em optar por alguém. como se aquela anormalidade trumpesca não mostrasse, ao primeiro esgar, de que farinha era feita a personagem... Sobretudo, depois da experiência de quatro anos de presidência par já não falar das condenações e dos processos que enfrenta... Ou do ataque ao Capitólio.

Entretanto, leio no público uma declaração da criatura Pulo Raimundo, secretário geral do PCP que a propósito disse (e cito) "não  escolheria nem um nem o outro. Para mim não há dificuldade nenhuma.

Este pobre diabo revela a cada momento que passa. No afã de mostrar que é uma caricatura de proletário e um verdadeiro marxista leninista consegue dizer uma burrice que escandalizaria as cinzas de Stalin se lá chegasse o eco da sua voz.  Digamos que, nesta frase, se condensa o grau zero da inteligência política  e humana. Já não bastava ao PCP a sua pecha pelos ditadores de pacotilha bem visível no caso de Maduro onde conseguiu indispor o  "partido irmão"  mas uma declaração deste teor mostra até que ponto o autismo, a ignorância, a incapacidade política chegaram.  

Para terminar a "silly season" estas duas desoladas observações chegam e sobram. 

(antes que o nhabitual desconhecido, desate a comentar, convém recordar que nunca me passou pela cabeça votar à direita ou mesmo num PPd taavestido de soacial democrata. E não sou sequer fã de Luís Montenegro, que, porém, nesta tragédia, se portou decentemente. Como era seu absoluto dever.)

estes dias que passam 932

mcr, 30.08.24

Luís

mcr, 30-8-24

 

Despeço-me (provisoriamente...) do sr Luís, o proprietário do pequeno café e esplanada que se pira par férias (mais do que merecidas!) nestes próximos quinze dias. 

Vai ser horrível andar à procura de um local acolhedor para ler o jornal e tomar as duas primeiras bicas do dia! Provavelmente, a cerca de cem metros ou menos o  "Venha cá" ao fundo da galeria estará aberto mas eu é que não me habituo a essa pequena e breve mudança: falta-me a vista do jardim,  a plena luz diurna e solar, os rostos habituais daqueles a quem um vizinho de mesa chama "os habituais do centro de dia".

E, subitamente, começaram as coincidências: Um menino pequeníssimo e traquinas conseguiu evadir-se do carrinho e desandou esplanada fora explorando cada mesa. "Anda cá Luís..." murmurou, enternecida uma avó.

Entretanto, passou sem entrar um fantasma envelhecido que, costumava sentar-se à minha mesa quando um seu amigo me fazia companhia. Já não lhe recordo o nome mas nunca esquecerei o dia em que, consultando o telemóvel, anunciou que o Luís Neves tinha morrido há quarenta e muitos anos. Fiquei estarrecido. o Luís Neves, esse Luís, fora meu amigo de infância e juventude, Éramos vizinhos no Verão e durante quase vinte anos fomos do mesmo e inseparável  grupo de praia, Era o tempo dos imensos Verões de quase três meses, de milhares de jogos de futebol, nós contra o mundo ou pelo menos contra uma equipa de malta de Buarcos que andara comigo na escola primária. O Xico, irmão mais velho do Luís lá convencia o João S Marcos Amaro, o "Mantana", amigo certo que já não vejo há uns bons trinta anos, a criar uma equipa rival para tirar teimas futebolísticas.

Fomos caloiros no mesmo ano, eu o Luís, o meu irmão e o Alfredo Alberto (outro que também já cá não mora) mas a política académica e associativa lá nps foi afastando pouco a pouco até ao dia em que num estúpido e brutal acidente de automóvel, o Luís morreu. Digamos que foi essa a primeira vez que a morte nos bateu desalmadamente à porta. Subitamente, nesse dia que não esqueço o nosso grupo chorou copiosamente a chegada intempestiva da morte, uma desconhecida que ninguém esperava. 

E não é que numa mesa ruidosa se discutia acesamente o facto de Maria Luís Albuquerque ir para a Comissão Europeia, provavelmente para um posto honroso e apetecível, sobretudo pelo porque ela tem um currículo invejável  (professora universitária, deputada, Secretária de Estado e Ministra) para já não falar de um par de cargos no privado que a tornam forte candidata entre uma série de homens nomeados por governos que nem sequer apresentaram uma alternativa feminina ?

Coincidências demasiadas para uma sexta feira de Agosto, no ano do Vº centenários desse outro e gigantesco Luís (de Camões) de que tão pouco  sabemos  e que tanto nos deixou! 

E agora, enquanto desfio este relato da primeira parte desta manhã, vem-me à memória o rído que esta nomeação do actual Governo,  presidido por outro Luís, provocou. 

Eu que nunca votei PSD ou PPD, que não conheço o actual 1º Ministro ou a sua indicada Maria Luís, às vezes pasmo-me com a gritaria que se ouviu. Que a srª Albuquerque fora ministra de Passos Coelho e por isso responsável pela governação a meias com a troika em má hora trazida e provocada por um péssimo e alucinado Governo socialista cuja política levou o país à mais tremenda ruína post 25 de Abril, justificando a posteriori o diagnóstico de Durão Barroso (o país está de tanga, sic).

Pelos vistos, ainda hoje, ou já hoje, há quem leve a desmemória ao ponto de afirmar que um governo (aqui e por mim duramente criticado) poderia ter governado de outra maneira quando os credores nos batiam à porta e as agências internacionais nos tratavam como lixo. Que as criaturas do BE, do Livre, do PAN (do PAN, jesus Maria José!!!) regouguem contra percebe-se. Nunca passaram de pequenos ajuntamentos, sem experiência governativa, sem autarquias, sem sindicatos, sem real presença na imensa maioria das regiões do país, tudo o que trouxeram à discussão foi um penoso exercício de esconjuros  sem sequer distinguirem as capacidades da proposta comissária. Quereriam estas criaturinhas  que se propusesse alguém de "esquerda" sequer  "consensual" (e para eles o consensual é um mistério mais difícil dos que a Igreja ensina sejam eles dolorosos, gloriosos, gozosos ou luminosos) como se isso fosse possível ou sequer plausível no actual contexto político partidário.

Percebe-se que para o Pc este nome seja revulsivo mas, em boa verdade, p PC é contra a União Europeia, contra a sua influência e  existência. Neste capítulo apenas me surpreende que, apesar de tudo, o PC tente eleger deputados europeus ou aceite que o país receba ajudas económicas e financeiras desse detestável órgão,vera encarnação d capitalismo, (e já agora do imperialismo e de todos os restantes ismos com que, num rosário envelhecido e cada vez menos original, os comunistas rezam juntamente com a fraterna Coreia do Norte e outras potências "amigas"  cujos povos desfrutam de intensa felicidade, de amplos recursos e de um teor de vida absolutamente invejável, "democrático, patriótico e de esquerda")

Já o PS  que também entrou no coro  é mais difícil de entender. Então o Governo, este Governo, propõe Costa para as instâncias europeias e agora Maria Luís?

Teria o PS algum/a candidato/a mais óbvio/a e mais bem curriculado/a?

(já agora: nem sequer vou tentar enumerar as diferenças essenciais entre as políticas restritivas prosseguidas pelos governos em que MLA esteve e as famosas cativações que, em verdade pouco ou nada mudaram a vida das pessoas e os seus rendimentos.)

Bem que gostaria de ter metido nesta desgarrada algumas Luisas. E teria três excelentes candidatas, a saber a Novais, do tempo do Luís propriamente dito, a Feijó quase uma irmã e a "Ventoinha". Não perderão pela demora e até lá beijos muitos e sentidos.

 

(Coimbra, Latada  de Ciências, 1960. O Luís  é o primeiro e eu o segundo a contar da esquerda. Estava-se em plena guerra da Argélia e os grelados de Ciências entenderam mostrar o que sabiam sobre os recentíssimos camuflados usados pela tropa francesa.Os três restantes caloiros chamam-se *Santos da Cunha, Carlos Monteiro e Alexandre**

 

 

 

 

Digitalização 1-cópia.jpg

estes dias que passam 931

mcr, 26.08.24

thumbnail_IMG_1605.jpg

Ligar o complicador

(usar o estupidificador...)

mcr, 26-8-24

 

Viver no Porto não é sempre coisa fácil. Os cidadãos bem que fazem pela vida mas a Câmara Municipal saudosa dos bons velhos tempos em que mandava e desmadava o pópulo ingrato e insubmisso, tem por norma complicar-lhes a vida. 

Desta feita, poucos anos depois de ter gasto rios de dinheiro a arranjar a Avenida da Boavista, entenderam "eles, os camarários" mancomunados com as gentes do Metro voltar a rebentar com a única avenida relativamente ampla da cidade e meter-lhe no meio um "metrobus, ou seja uma espécie de autocarro a mover-se em via dedicada que sai da rotunda da Boavista e desemboca na rotunda da "anémona" em Matosinhos e, paralelamente usar a avenida Marechal Gomes da Costa fazendo também por ali passar o referido metrobus. A coisa terá o aspecto de um Y e neste segundo eixo tambem entenderam as temíveis criaturas camarário-metrobusistas destruir um arruameto que era um dos mais bonitos e aijardinados da cidade. 

Convirá dizer, para quem não tem a azar de viver na cidade "invicta" que quer o percurso em Marechal Gomes da Costa quer o último troço da Boavista servem residências luxuosas ou ainda prédios de andares a preços classe média alta ou muito alta. 

A meia da venida da Boavista, está a zona dita do "Foco" nome popular dado a um bairro constituído por seis blocos de prédios e quatro torres entre os dez e os dezoito andares para além de uma igreja, um hotel e uma edifício também de escritórios a que no prazo de dois anos se juntaram duas dúzias de moradias de alto (altíssimo !...) preço e de pelo menos um prédio frente à Igreja (serão mais num futuro não muito longínquo  a ladear uma boa centena de metros da Avenida com previsíveis densidades bem altas).

O referido e mal denominado bairro do foco agrupa quatro centenas de habitações  extremamente amplas com um jardim ao meio. Há também duas galerias comerciais e um hotel desactivado que em projecto será requalificado para mais umas dezenas de amplos apartamentos

Poderá falar-se sem qualquer exagero numa concentração de alguns milhares de pessoas incluindo, empregados de escritórios, de lojas, cafés, restaurantes que por sua vez atraem um número apreciável de visitantes diurnos e nocturnos.

Este conjunto está em vias de ser classificado (e muito bem) com de interesse municipal dada a alta qualidade da arquitectura e da construção. o conjunto é servido por três arruamentos de boa dimensão, além da rua que lhe serve de ligação à avenida da Boavista e que também ela está preenchida por uma dúzia moradias, além das três ligações à zona do estádio do Boavista também ela cm prédios de habitação de dimensões mais reduzidas, algum comércio e duas escolas secundárias.

Do bairro em questão saía-se para a Avenida por uma ampla rua com três pistas: uma de entrada e duas de saía para poente e nascente. Esta última implicava obviamente o atravessamento da avenida.

Subitamente, num envergonhado sábado de Agosto, apanhando moradores e visitantes  em férias, eis que as duas saídas para a Avenida se destinam unicamente ao lado poente.

Esta direcção é justamente a que é (muito) menos usada pelos moradores que terão na sua imensa maioria os seus empregos nas zonas mais centrais da cidade. 

Entretantoa saída mais próxima para nascente ficará limitada a uma estreita rua que liga o estádio à avenida  ou, andando mais uns centos de metros a outra rua igualmente estreita  (r João de Deus) que eventualmente ainda desembocará na avenida da Boavista.

Hoje, na esplanada, o habitual grupo de frequentadores dividia-se entre o sarcasmo e a irritação. 

Genericamente todos concordavam com a falta de sentido desta modificação que empurrava todos quantos quererão alcançar as zonas centrais da cidade para "um par de quelhos" pequenos em que o efeito de funil produzirá quase constantemente bichas que nas horas de ponta das escolas se transformarão em horas de embaraço, buzinadela, exasperação e, sobretudo, de incompreensão absoluta sobre o bem fundado da alteração  da rede viária. Todavia a maioria ia mais longe e acusava a Câmara ou o departamento de trânsito de ignorância cavernosa e de burrice supina.

Eu, mais modestamente, ia sugerindo que a Câmara ou o tal departamento apenas cumpriam galhardamente o seu destino histórico de complicar, de chatear o indígena ou provavelmente de tentarem enviesadamente impor mais dificuldades ao trânsito automóvel propondo o uso de um metrobus cujos tresloucados responsáveis que finalmente já terão percebido que na zona terá poucos usuários.

No meio disto, um cavalheiro que, pelas dez da manhã já ia na segunda cerveja, bramia que "os ricos devem pagar a crise" 

"O gajo ou já está como há de ir ou é da UDP-

Ainda tenti dizer que a dita UDP estava defunta ou amalgamada no Bloco de Esquerda juntamente com ex-revisionistas e outros tantos trotskistas mas os protestatários nem me quiseram ouvir. 

Aquilo é tudo uma cambada!... (claro que o substantivo usado foi mais barroco, mais tripeiro e mais saído do coração mas isto é um blog respeitável que não gosta de ofender as mães e avós dos cavalheiros que num dia perdido de Agosto  nos pregaram a partida que acima se descreve.

Arre!

(ou em latim macarrónico: arrium porrium catanorum cunque!...)

Junta-se mapa elucidativo 

estes dias que passam 930

mcr, 21.08.24

os outros, sempre os outros

mcr,17-8-24

 

os outros são maus, mesquinhos, estúpidos, de direita de extrema direita, radicais de esquerda, da esquerda infantil, ultra liberais)  incapazes politicamente, contra o povo e as classes laboriosas, ou contra o proletariado se ainda o houver, racistas, colonialistas, homofóbicos e tudo o mais incluindo traidores à pária.

Claro que, no debate político. ou naquilo que por cá corre com esse pseudónimo, h\a mais um milhar de variantes.

Repararão os leitores (se os há nesta época tão balnear e calorenta) que aquilo a que agora assistimos é apenas a desqualificação a outrance do Governo pelos vencidos (mas não convencidos) das últimas legislativas.

Não é novidade, apresso-me a dizer para não ser tomado por agente do Governo. apenas acontece que, com um governo minoritário, são em maior número e com os mais variados propósitos, as farpas atiradas contra o Poder.

Vejamos um par de exemplos:

o dr Montenegro anunciou a criação de dois novos cursos de Medicina. Logo o sr bastonário dos médicos veio uivar que médicos é o que mais há mas que estão mal aproveitados.

(se eu quisesse ser maroto, poderia afirmar que este cavalheiro fala em nome de interesses da classe nomeadamente na diminuição de concorrência.  A mim, não me repugna um excesso de licenciados em Medicina ou então teria de citar o tremendo excesso de licenciados em ciências humanas, em direito para só citar dois casos onde pelos vistos não há numerus clausus) Obviamente, se de facto há médicos mais que suficientes conviria repensar as razões da sua falta no SNS. Retribuição insuficiente?, má organização hospitalar, falta de meios técnicos para acolher e tratar quem se dirige ao hospital?

Qual (já agora...) a razão do sucesso dos hospitais privados, a rapidez no atendimento e crescente procura destes serviços que, no entanto, custam bastante a quem a eles se dirige? 

Já o sr Pedro Nuno veio desdenhar afirmando que a medida só terá efeito daqui a dez ou mais anos... 

Todavia não se ouviu da parte dele a mesma crítica feita pelo bastonário. em que ficamos? há ou não médicos a mais? E como é que estão distribuídos? Porque é que no Norte se verifica uma quase total situação de urgências abertas?

 

O Governo anunciou um subsídio excepcional de 100 a 200 euros aos reformados, a pagar de uma só vez em Outubro.

Logo os costumeiros  e alegados defensores dos pesionistas coitadinhos juraram que a medida é a)  eleitoralista, b) insuficiente c) descontextualizada ou d) um penso rápido!

em relação a este último ponto vou tentar ver quantos pensionistas indignados se recusam a receber o  cacauzinho.

E recordo que durante os precedentes anos outros governaram e não melhoraram especialmente ou de qualquer outra maneira a vida dos pensionistas.

Também aqui seria bom tentar perceber qual foi a vida contributiva dos trabalhadores ora reformados. Salários baixos levam a pensões baixas. Porém, salários baixos permitiram a milhares de empresas funcionar e criar emprego. Portugal é desde há muito (ou desde sempre) um país com pequenas e pequeníssimas empresas e, aí bate o ponto, continua a sê-lo. quando por milagre aparece uma empresa sólida ebem dimensionada são tantas as dificuldades (incluindo as burocráticas...) com que esta se debate que chega quase a parecer miraculoso o seu aparecimento e crescimento.

Mas sobre o tecido empresarial do país o debate ou não existe ou é quase nulo.

Aliás, não deixa de ser notável uma recente petição apresentada à AR para eliminar o trabalho aos domingos e feriados  nas grandes superfícies. A mesma petição propõe que se diminua o número de goras de abertura nas mesmas empresas. A ideia qque parece favorável aos trabalhadores tem porém uma contrapoartida: a eliminação de emprego na ordem dos 20 a 30%  do número de empregados. E para onde bão estes eventuais futuros desempregados?

Será que os peticionários sonham com a reabertura do pequeno comércio de rua que, em muitos casos, vendia produtos piores e mais caros? E onde se estabeleceriam essas eventuais e duvidosas lojas se não há locais acessíveis e a preço razoável? 

Gostaria de salientar, mais uma vez, ue não sou dos que embandeiram em arco com as propostas do Governo actual como de resto também não dei pulos de alegria com toda uma série de medidas do anterior e longo governo de António Costa.

Assisto com escassa ou nenhuma surpresa aos gritos de indignação com a situação de centenas de milhares de imigrantes que se acumulam às portas da AIMA para obter dois ou três papeis que, provavelmente, a Iunta de freguesia poderia (ou deveria poder) emitir.

No meio disto tudo, aquela ajuntamento de patriotiros parvos e ignorantes quer um referendo sobre a imigração. sto num país de ondem saem anualmente 50.000 jovens e onde falta mão de obra para quase tudo o que do campo, do interior ou mal pago (ou as três coisas juntas)-

Consta que o seu líder (ou patrão ) tem um curso superior e, mesmo, um doutoramento. Por muito pouco que, actuualmente, estas referências académicas valham ( e cada vez valem menos e significam menos) custa pensar que aquela gente (que só pensa pela cabeça do cabecilha) não tenham ainda reparado que sem imigrantes isto vai ao fundo. 

Os leitres recordarão que a crise dessa malfadada instituição que trata (mal) dos imigrantes sucedeu  ao SEF. E sucedeu porque um ministro paspalhão e um governo desnorteado não conseguiram resolver um problema infame mas simples (o homicídio de um desgraçado imigrante ucraniano que só queria trabalhar cá). A experiência acumulada pelo SEF e a eventual rapidez com que resolviam situações de acolhimento foram deitadas para o lixo e criou-se uma coisa pomposa que mete água por todos os lados e que, diz-se, vai sofrer um par de greves nos próximos dias. em países menos dóceis aquilo já teria sido invadido meia dúzia de vezes por gente que espera e desespera e provavelmente haveria um par de funcionários espancados. 

Mas não, as bichas repetem-se diariamente, os pobres desgraçados maldizem a sua sorte e agora apanharão com uma greve de funcionários eventualmente cansados!

Isto das greves a propósito ou a despropósito começa a ser doentia sobretudo na ferrovia, ou seja na cp que só tem 17 (dezassete!!!) sindicatos. Basta um para parar tudo e com quase dúzia e meia a coisa é simples e bastam  pequenos  acordos para dezenas de milhares de trabalhadores suburbanos perderem horas e dinheiro e tempo, muito tempo, graças às paragens constantes de algo que n\ao tem conserto possível enquanto tiver o monopólio do transporte ferroviário.

Alguém entretanto veio acusar o Governo em funções (o que não significa exactamente funciona, ou pelo menos funcionar adequadamente...) de querer promover a alternativa privada porque terá havido uma eventual redução do número de comboios a comprar!

Convenhamos que comprar locomotivas e carruagens para estarem paradas demasiadas vezes não faz sentido nenhum. 

Estamos no Verão pelo que tudo isto , este pequeno bulício, pode não querer dizer nada. A estação é a silly seadon pelo que resta-nos aguardar por mais semanas e meia.

E para fechar com o bouquet final e estafado do costume eis que acabo por saber que o sr Presidente da República se acolheu a um modesto hotel de três estrelas em Montegordo para. ao que parece, sentir o povo perto. Que lhe preste... 

E que aproveite o mar quente  que este ano está a dar forte e feio.

(este post sai mais remendado do que devia ser permitido mas tenho andado uma roda viva  que só terminará hoje à tarde, altura em que irei apanhar mais um par de injecções nos olhos. Não é petisco que deseja a quem quer que seja mas é o está a dar...)

estes dias que passam 929

d'oliveira, 10.08.24

sobre o sns e sobre a estupidez poltico sindical

 

mcr 10-8-24

 

(antes do mais: hoje, pela 1ª vez na minha vida, tive de contactar o SNS mais precisamente  a linha sns 24 Fui muito bem atendido, verifiquei que as pessoas que dialogam connosco são gentis, eficazes e educadas. Numa palavra: só tenho que dizer bem, aliás, muito bem. Delas e eventualmente do serviço no seu todo...

 

Convém começar pelas declarações esparvoadas da srª drª Mariana Vieira da Silva que, pelos vistos, ainda não percebeu que este Governo (que não teve o meu voto, é bom que o diga já) herdou uma situação que o longo  governo dela não só não resolveu mas permitiu que piorasse. Não é de hoje a crise nas urgências obstétricas e pediátricas dos hospitais a sul de Coimbra, basta ir aos jornais. 

Além desta luminária ouvi também um rapazola do BE que chamou incendiária à Ministra (que não conheço nem tenciono e, menos ainda, quero vir a conhecer. Convém lembrar que nos primeiros anos de Costa o BE ainda deu uma mãozinha a este e por isso não pode fingir que desconhece uma crise que já nesse tempo se avolumava.

Direi que em pouco mais de cem dias, por muito que se queira, nada se poderia resolver, sobretudo a falta de médicos nos hospitais onde as urgências abrem e fecham a horas incertas mas com pertinaz constância.

A dr`Martins poderá não ser grande cabeça mas não é a única culpada de algo que foi engrossando ao longo dos anos. Aliás até esteve brevemente ligada a altas instâncias da saíde no tempo do anterior executivo. 

Pior ainda é o comportamento duma criatura chamada qualquer coisa Bordalo e Sá e que, pelos vistos, é médica e presidente duma coisa chamada FNAM ou seja Federação Nacional dos Médicos. Se esta organização é grande ou pequena, divisora da classe ou não, não sei. Apenas recordo que no dia em que iria haver uma reunião sindicatos médicos ministério a FNAM marcou e cumpriu uma greve que não terá tido especial impacto.

Parece que o Ministério terá afirmado que senso assim não discutiria nada com a FNAM mas mesmo isso (que seria absolutamente legítimo ou obrigatório) não recordo se ocorreu. 

A criatura, Bodfalo e Sá veio dizer que era horrível que as grávidas dl Leiria eram obrigadas a fazer 200 quilómetros para parir quando afinal também tinham acesso assegurado a Coimbra que, se a minha geografia ainda vale, está a menos de sessenta.

Chama-se a esta afirmação  imbecil e falsa e de má fé. 

A srª Bordalo e Sá deve ter na sua especial bolsa de profissionais, um pancadão de obstetras a bramir por trabalho e perseguidos pela ministra que só não foi chamada de abortadeira pela senhora Bordalo por esquecimento.

Esta gentinha parece não perceber (ou percebe mas não o mostra) que este Governo ou outro qualquer fosse do sr Ventura, do pateta do BE  ou do Zé dos caracóis só deseja resolver um imbróglio que tem largos anos de existência e que foi amadurecendo e crescendo até à merda de hoje. Nem Trump, o das fake news, faria melhor.

O combate político começa a tentar habitar a sarjeta.

que os médicos são mal pagos, que não são numerosos sobretudo em certas especialidades que a administração hospitalar é uma piada de mau gosto, que ao longo de anos e anos as pessoas se habituaram a ir às urgências por uma canelada sem ferida aberta, é uma verdade.  Que o SNS desta gente cada vez mais parece condenado aos que não tem posse para fazer um seguro de saúde ou pagar os pesados 3,5& da ADSE é uma evidência

Ou seja,o salvatério pouco eficaz  de pobres e  do interior (que como Junqueiro diria são pobres de pobres pobrezinhos) apanham com o SNS e o resta da malta mais de 40% dos portugueses escapam para o privado...

Não vou sequer lembrar que o SNS está a debater-se com uma crise que atinge os congéneres da Europa e do mundo (onde os há e que são normalmente bem piores dos os de cá).

Que talvez fosse aconselhável recordar que neste domínio da racionalização de serviços, da organização da adequação de recursos e da remuneração aos médicos talvez valesse a pena ver o que se passa no medonho "privado".

E recordar que houve, in illo tempore, um par de ppp da saúde que até o tribunal de contas evidenciou como de grande qualidade...

Não proponho o seu regresso mas pelo menos que usem o que eles tem de melhorou seja na organização e na rentabilização dos recursos. 

Eu tenho por mim que, no calor da luta politico-politiqueira há gente a quem até daria jeito uma ou duas mortes de grávidas mas conviria perceber onde é que isso nos poderia levar.

claro que nem o patarata do BE nem a d. Marianinha nem a sindicalista feroz se lembraram deste facto simples: nas regiões onde há falta de médicos nos hospitais, há também falta de casas a preços decentes ou suportáveis pelo que muitos concursos ficam desertos por não haver concorrentes das respectivas zonas e ninguém estar disposto a pagar as rendas agora pedidas. Parece que o autarca de Oeiras no que respeita, pelo menos, a  professores entendeu e bem garantir alojamento a preços razoáveis ou, eventualmente, apetecíveis. 

O governo anterior (onde a D Mariana brilhou a grande altura) andou desde o primeiro ao último dia a jurar que tivera uma pesada herança. A gente do dr Passos Coelho  jurava que herdara de Sócrates algo bem pior que a legendária cicuta que vitimou o primeiro desse nome. Mas ninguém pudicamente se lembra desse cometa que está a tentar salvar-se de um julgamento que só a inépcia de certos agentes da Justiça  permite adiar.

Em Portugal a culpa morre sempre solteira ou então as vítimas coitadinhas apanham com um Alzheimer oportuno e cima.

Por outro lado a tonitroância que um certo Ventura usa e abusa leva o resto dos colegas ao desvario e à imitação. 

Finalmente, e nisto podem ver um recado, o sr Presidente da República parece dar-se ao luxo de marcar prazos  ao governo quanto à estabilização das urgências. Vem tarde e mal sobretudo neste domínio da saúde onde, sobre ele, correm desencontradas acusações quanto à marcação de actos médicos às duas crianças luso-brasileiras.

Tivesse Sª Exª mandado para o caixote do lixo o mail do filho (com quem agora estará eventualmente zangado...) e nada disto aconteceria nem aquela CPI  desastrosa e pouco educativa (e meço as minhas palavras...) não andaria a consumir tempo e televisões. E ainda temos um larguíssimo ano e qualquer coisa de professor doutor Marcelo. Muitos pecados havemos de ter cometido...

estes dias que passam 928

d'oliveira, 06.08.24

 

images.jpeg

O Verão, ou este Verão ...

mcr, 6-8-24

1 as urgências  para grávidas fecham sucessivamente.

As grávidas são empurradas para hospitais cada vez mais longe.

Parece que algumas tem sorte porque há um par de acordos SNS com hospitais privados.

A pergunta que qualquer cidadão faz é a seguinte: porque é que não há acordo com todos e se evitam deslocações de 200 ou mais quilómetros?

2 a palavra comboio em Portugal começa a ser mais rara do que o gato bravo que está em vias de extinção. 

Os programas arrastam-se, atrasam-se e cada vez parece mais difícil pensar em conclusão de trabalhos que deveriam estar finalizados em 2020!...

Pelo meio verifica-se que os concursos são lançados sem estudos prévios, sem planeamento de qualquer espécie e com preços e condições que não atraem ninguém.

Será assim que querem dotar o país de um tgv?

3 um leitor não identificado zangou-se com o meu últimopost sobre a Venezuela segundo a óptica (?) do PCP. 

entretanto o Partido comunista da Venezuela enfileira na oposição ao sr Nicolás Maduro, tiranete local , dá-o por derrotado nas urnas ao contrário dos cavalheiros portugueses do PCP que celebram a sua vitória e a sua "defesa corajosa e anti imperialista do povo venezuelano ou pelo menos do que ainda não conseguiu escapulir-se de um país  arruinado por décadas de poder chavista e bolivariano? Em que ficamos? Na versão lusa do paraíso ou na contestação do partido irmão da Venezuela? E o leitor desconhecido? Continua a ver o paraíso de Maduro ou a cruel realidade já o descoroçoou?

 

estes dias que passam 927

d'oliveira, 31.07.24

eleicoes-presidenciais-telesur-29-jul-2024.jpg

Será que perderam a cabeça?

(tragicomédia em 2 actos)

mcr, 31-07-24

 

Um sindicato de enfermeiros teria hoje uma reunião com a ministra da saúde. Pelos vistos iriam discutir-se toda uma série de questões já antigas, situações que não foram resolvidas por anterior(es) governo(s) . Não sei se o actual Governo as pderá resolver mas pelo menos, abriu a porta à discussão e, houve já um par de reuniões até gora exploratórias ou, pelo menos, inconclusivas. 

O sindicato, entretanto marcou uma greve para a próxima sexta feira ao mesmo tempo que se marcava uma reunião para hoje á tarde.

subitamente, esta manhã, o sindicato avisou que a greve não seria desmarcada fosse qual fosse o resultado da reunião a que, pelos vistos, compareceria.

Não sei exactamente qual é a actual posição do Ministério quanto aà oportunidade da realização de uma reunião que, seja quais forem os resultados, será mantida na próxima sexta feira o que como qualquer pessoa sensata faz prever um fimde semana alargado o que n início de Agosto, mês de férias e praia, não é despiciendo. 

Não sou um apreciaor da srª Ministra da Saúde que não conheço, não votei no partido que a colocou nesse lugar de martírio, mas neste caso não tenho a menor dúvida em afirmar que por mim, a reunião seria imediatamente cancelada  sem prévia marcação de data  próxima.

O sindicato poderá gostar deste jogo dos qutro cantinhos em que impudente e imprudentemente se meteu mas a reafirmação da greve aqualquer preço é um enxovalho à inteligência e honradez das relações de trabalho, ao sindicalismo, à Ministra e a todos quantos assistem a esta miserável e grotesca cena.

 

 

N Venezuela houve um simulacro de eleições. Mesmo assim persistentes sondagens ao longo das semanas anteriores previam uma pesada derrota para essa aberrante figureta de fuhrer tropical representada pelo senhor Maduro.

A jornada eleitoral mesmo asim foi cuidadosamente preparada pelo poder local que, como é habitual nestes casos começou por inabilitar os principais líderes da oposição  como , de resto, já tinha feito anteriormente. Isto quando os não prende ou força ao exílio...

A Venezuela está desde há cerca de cinte anos perdida numa lenta, eficaz e dolorosa descida aos infernos, com milhões de cidadãos fugidos ou emigrados para países vizinhos (ou para mais longe, casos de Espanha e Portugal, especialmente a Madeira). A taxa de inflação ultrapassou largamente e há muito tempo os 100%, a moeda é uma anedota, os serviços públicos estão totalmente degraddos, há falta de tudo inclusivamente de petróleo porque ninguém mantem as instalações petrolíferas. Parte do que ainda se produz vai directo para um par de países protetores que fornecem armas para a repressão e instrução para os agentes repressores. 

(Portugal, e isto passou-se já há um par de anos, foi mesmo acusado de falhar o fornecimento de pés de porco que é, parece, um dos petiscos natalícios dos venezuelanos. O loquaz Maduro chamou aos governantes portugueses tudo o que podem imaginar acusando o país de sabotagem!!!...)

Todas as equipas de observadores que entretanto se dirigiam para a Venezuela foram paradas na fronteira e dissuadidas  de entrar no país e menos ainda de verificar a legalidade das votações. Por outro lado, a Venezuela já proibiu dezenas de meios de comunicação incluindo uma boa dúzia de televisões, deixando apenas espaço para orgãos fieis ao regime.

Nas vésperas da votação, sexta feira, Maduro avisou que se perdesse haveria uma guerra civil. Alguém lá o avisou da absoluta estupidez de tal proclamação e, no dia seguinte, preparada já a chapelada eleitoral, veio dizer que respeitari o resultado das eleições e que todos os restantes candidatos deveriam comprometer-se a fazer o mesmo.

As "eleições" decorreram  sendo impressionante o número de eleitores que acorreram às urnas. 

Na segunda feira tivemos o ignóbil espectáculo da comissão eleitoral nacional vir indformar que Maduro vencia com 51%.

Esta mesma comissão veio depois apresentar um quadro a várias cores com as percentagens de voto conseguindo o impossível. Contados os números fornecidos a soma excedia os 131% !!!...

fica por saber se esta deonstrção era uma provocação, uma confissão ou um mero erro de aritmética quer no número de votos quer nas respectivas percentagens-

Perante tudo isto o inenarrável partido comunista português deu à luz um comunicado que não só saúda o povo venezuelano e o partido  vencedores bem o como a caricatura perigosa mas imbecil do seu líder como denuncia, como é habito, o governo português e os imperialistas, capitalistas e reaccionários de todo o mundo  que contestam ou poderão vir a contestar esta absurda palhaçada.

O pcp está a dar sinais de um prodigioso  e progressivo alzheimer  político e aa uma também crescente miopia  ética e social que não consegue ver como um país relativamente próspero caiu no buraco para onde foi atirado pela inépcia económica e política de uns ditadorezecos de terceira categoria e um partido feito à medida deles. 

Na sua corrida par o abismo, o PCP nem percebe que alhuma contenção nas declarações, algum silêncio poderiam ser-lhe úteis. Tambémm não admira numa organização que se sente fraterna com a Coreia do Norte, com a Rússia putinesta e com outros regimes que só se mantém pela força da repressão. 

 

 

 

estes dias que passam 926

d'oliveira, 27.07.24

 reparar o colonialismo?

 

mcr, 27-7-24

 

 

Não sou um admirador de João Lourenço,  presidente de Angola, mas sou obrigado a reconhecer que no caso das "restituições & restantes despropósitos neo-coloniais" meteu um golo a um estranho e não especialmente dotado guarda redes metropolitano. 

De  facto, ao ser inquirido sobre a pouco, nada, instante questão das indemnizações por colonialismo, o responsável angolano disse que o caso não se punha agora nem nunca se poria, dizendo que passados 49 anos de independência sem nunca se tocar no tempo, já não era ocasião para o fazer.

E aproveitou a boleia para referir o problema das fronteiras nacionais herdadas do período colonial que, mal ou bem parecem irreversíveis depois de cerca de 100, 120 ou 150 anos da sua criação. 

Só gente tolinha se lembraria de invocar uma redefinição de fronteiras africanas que, no melhor dos casos balcanizaria medonhamente o continente. 

Na verdade, tirando casos especiais Egipto, Marrocos ou Etiópia) todas as restantes fronteiras africanas possíveis deparam com problemas gigantescos e não é sequer pensável recorrer a critérios étnicos, linguísticos ou meramente históricos (caso dos impérios do oeste africano). Mesmo no caso dos países reeridos em primeiro lugar, a definição de fronteiras é difícil , basta lembrar o conflto sobre o sul de Marrocos  ou os que resultam da actual situação das regíões abissínias, caso da Eritreia ou da província insurgente do Tigré.

João Lourenço referiu este problema  e no caso de Angola está cheio de razão porquanto, a Angola actual é fruto de diferentes etapas colonizadoras e há territórios (cerca de 50% do actual espaço angola que se acrescentaram muito tardiamente à Angola história se é que os povoamentos anteriores a 1800 se podiam sequer considerar contíguos e controlando eficazmente as regiões do interior. 

Um terceiro e último problema é o da língua. Não é por acaso que usamos o termo palop (país africano de língua oficial portuguesa) De facto, a língua do colonizador e mesmo hoje ima "língua oficial" que substituiu os diversos vernáculos  que correspondem à grande variedade de etnias que o espaço nacional compreende (e que na imensa maioria nos casos fronteiriços ultrapassa os limites oficiais do pais). O  que se verifica é que nas principais cocentrações urbanas a língua oficial prevalece sobre as línguas vernáculas que correm, pelo menos aí, o perigo de desaparecimento. De facto as cidades tornaram-se pontos de atração para enormes multidões camponesas que imparavelmente aí acorreram (ou fugindo da pobreza, da guerra civil, das secas e da falta de futuro). Nessa espécie de melting pot africano a língua materna desaparece em três quatro gerações ou mais cedo ainda. O recurso à língua "oficial" torna-se imperioso  mesmo se, ao mesmo tempo, se criam crioulos  pouco expressivos  também eles votados à desaparição.

convenhamos: as criaturas que levantaram como principal problema a questão das reparações pela colonização (e se ela foi temível não apenas pela escravatura, mas também pelo sistema de trabalho obrigatório, pela imposição de culturas obrigatórias, pela introdução da economia monetária e do fisco, etc...) abriram as portas a todas as restantes heranças da presença do colonizador.

As antigas metrópoles coloniais continuam a ser para muitos africanos um imã Ainda ontem, na cerimónia da abertura  dos jogos olímpicos podemos ver um atleta francês de origem magrebina como portador principal da chama olímpica enquanto a marselhesa era cantada por uma grande cantora lírica negra, Estas duas mgníficas presenças mostram bem que, além do cálculo político que seguramente influenciou a sua escolha, a ideia honrada e generosa da possibilidade de integração racial num país como a França. gostaria de ter visto a cara dos adeptos da srª Le Pen, como também hostari  de ver e ouvir a reacção dos " cheguistas" à presença importante e crescente de atletas de origem africana na equipa olímpica portuguesa. 

Em Portugal, além do habitual grupo de  afro-descendentes que choram todas as mágoas do raciskmo , colonialismo e imperialismo um coctail mal amanhado e mal concebido  que usam como esconjuro para todas as maleitas reais ou imaginárias, sociais ou económicas, culturais ou étncas de que se acham vítimas, apareceu o sr Presidente da República cuja loquacidade seja a que nível for ultrapassa todo e qualquer entendimento a, num brilharete perante jornalistas referir esta última moda do masoquismo ocidental e da ideologia woke.

Sª Exª parece estar a tentar um novo caminho de declarações para se manter à tona do (re)conhecimento público. 

Mesmo que eu duvide muito das coincidências (pero que las hay, las hay...) e,  num sentido relativamente coincidente sentido, uma senhora doutorada em antropologia por uma universidade americana, veio afirmar em altas parangonas em duas inteiras páginas de um jornal de referência, que "a escravização financiou toda a empresa dos descobrimentos" !!!

eu recordatia à referida luminária que grande parte dos descobrimentos estava concluída até 1500, data do "achamento do Brasil" 

As caravelas portuguesas que começaram por descer  a costa africana m sucessivas etapas até à passagem do Cabo da Bo Esperança e ao reconhecimento da contra costa africana até tomarem a rota da Índia, não tinham capacidade pra transportar mais que cinco ou seis cativos  nem isso intressava muito aos seus cpita~es que iam em busca de coisa mais trasportável e preciosa. Não é por acaso que a Costa do Marfim e a Costa do Ouro ainda hoje tem esses nomes. Por outro lado, uma vez descoberta a rota da Índia foram as especiarias o alvo da cobiça, comércio, transporte nas pequenas embarcações. A coroa, de resto, cobrava forte e feio nessas arriscadíssimas viagens. "Descoberta" a índia logo uma pequena multidão de portugueses aí se instalou para traficar localmente ou para armar pequenas esquadras rumo aos confins do índico para encontrar as melhores e maiores zonas produtoras. É verdade que nesse tráfico também terá havido algum modesto, modestíssimo aprisionamento de escravos.  Fernão Mendes Pinto, ele mesmo terá sido aprisionado e escravizado um par de vezes mas a escravatura a sério, e sobretudo o seu tráfico teve de esperar por meios de transporte maiores e bem mais tardios. E teve sobretudo de esperar pela conquista das Américas incluindo a do Norte e pela introdução das culturas do açúcar primeiro e outras posteriormente  já ia adiantado o século XVII . A escravatura financiou ou coadjuvou tais produções  agrícolas que no caso português tiveram lugar fundamental no Brasil, um pouco n Madeira e, de certo modo povoaram as ilhas de Cabo Verde e S Tomé. Nesta tarefa nada houve de "Descobrimentos" pelo que a afirmação da doutora por extenso peca extensamente por ignorância absoluta e catatónica. 

Conviria lembrar que, os portugueses foram sobretudo intermediários entre as zonas de "exportação" de escravos e as zonas onde eles foram a principal mão de obra. 

De resto, mesmo nas colónias (melhor dizendo no Brasil) cedo se ouviram vozes contra a escravatura. A primeira denúncia partiu dos jesuítas instalos no Brasil  que começaram por criticar e condenar a tentativa de escravizar autóctones do Brasil, empresa que e resto falhou rapidamente e por isso deu origem à importação de africanos.

Depois, sem querer desculpar a particiapação portuguesa no tráficoseia bom lembrar que a grande percentagem de tráfico, transporte e venda de escravos competiu a outtraw potências europeias (Espanha para Cuba e boa parte da América central e o norte da América do Sul; França para as suas ilhas antilhanas e para as colónias americanas e a Grã Bretanha que terá sido responsávl por mais de 50% da angariação forçada, transporte e venda de escravos que continuou mesmo depois da independência dos Estados Unidos)

Também seria bom lembrar que a escravatura existia em África, em toda a África nomeadamente nas zonas fronteiriças ao Sahel e  na costa oriental africana (com especial predominância em Zanzibar)  quase sempre com destino ao Médio Oriente mas também ao Magrebe.

Na China que se manteve quase sempre inacessível aos europeus, a escravatura sempre existiu mas isso é questão que nunca terá aflorado à senhora antropóloga se é que la sabe que existiu um "celeste império". No que antigamente se convencionou chamar Insulíndia o fenómeno esclavagista existiu  muito antes da intrusão dos europeus, mormente dos holandeses  dos britânicos.

Que um jornal de referência dê duas inteiras páginas aos dislates da doutora por extenso sem sequer uma pequena nota e algum jornalista mis alfabetizado e sabedor destas coisas que se foram prendendo desde os primeiros anos de ensino de História é que me surpreende. E me amedronta em relação o futuro.

Hoje mesmo José Pacheco Pereira advertia que a tal "geração mais bem preparada de sempre" era de uma ignorância letal a tudo o que cheirava a História, Cultura Geografia Literatura e outras disciplinas que parecem ter sido esquecidas pelos planos gerais de eduquês e pelas universidades. Um desastre!

Um naufrágio a lembrar os da História Trágico Marítima que pelos vistos ninguém l(ou muito poucos...) lê ou sequer sabe que existe. 

Havia um dito do século XVII  que afirmava que Portugal (como a nau S Francisco Xavier) ia ao fundo com o peso da pimenta. Desta feita é com o da ignorância...