Tenho andado ausente destas incursões, mas não podia deixar de enviar agora um Olá a todos os incursionistas - colaboradores e leitores fiéis - e sinceros parabéns e um bem-hajam, a todos aqueles que, nem sequer tendo estado na equipa desde o início, acabaram por manter vivo este espaço de opinião livre e partilha e de lhe dar mesmo um novo dinamismo, simblizado agora neste novo visual.
Muitos saberão que me afastei destas incursões por absoluta falta de tempo para acompanhar os muitos temas abordados (não gosto de opinar sem estar suficientemenrte informada) dado ter-me lançado - Kamikaze no seu melhor! - num projecto que exige a minha disponibilidade praticamente a 100%.
Nos últimos anos acumulei perdas sucessivas e muito duras a nível pessoal (morte da mãe, da futura neta aos 6 meses de gestação, de um cunhado querido e, agora, outra tão ou mais dolorosa, por todo o circunstancialismo que a envolveu). Como tenho de continuar a ser kamikaze no projecto que está à minha responsabilidade e em que não posso falhar, permitam-me pois, amigos do Incursões, que aqui, neste espaço, eu não precise de ser forte, que aqui eu não tenha de sorrir quando me apetecer chorar ou debater quando apenas me apetecer ler e pensar... sozinha. E trabalhar. Muito. Porque é mesmo preciso e para mais até é uma boa terapia :) Permitam-me, enfim, que use mesmo o novo nick, pois corresponde a um estado de espírito que também é, por ora, o meu. Pode ser Marcelo? :)
E por tudo o que escrevi, e sabem bem que não sou dada a escritas intimistas no blog - só o momento especial que o próprio Incursões vive, por um lado, e o momento igualmente especial que vivo, por outro, me permitiram este despudor - deixo-vos agora com as palavras minhas (a azul) e alheias (a preto) que coloquei aqui.
Voltarei, abortolina ou kamikaze, já que mo permitem e pedem... :).
POESIA
Alguém instituiu o dia de hoje com o o Dia da Poesia.
O Pedro, nosso colaborador, não simpatiza mesmo nada com este tipo de "instituições" ... Resolvi pregar-lhe uma partida: colocar aqui, hoje, o último poema que deixou no seu blog, e de que gostei muito. Sei que ele não vai levar a mal :)
quanto tempo demorará um bicho
a esquecer a cerca que o detém?
deve ser rápido, não?
o fim da correria, da inconstância
todos os dias iguais
como uma chuva fotografada
de uma manhã de fim de inverno
quase que acredito que há uma célula
na cabeça de quase todos
os animais à espera
que se multiplica velocíssima
um mercúrio que se parte
no pensamento e ensina
a monotonia aos recônditos
cantos de fera
quantos dias enfrentará um bicho
a ilusão do frigorífico
dos frutos tropicais de inverno?
quanto tempo leva até que faça
efeito o soporífero geral
e se amoche o animal
no colchão estendido sobre a vida?
quanto tempo até que
se lhe apague o riso
não por falta de graça e abundância
mas só e apenas porque se foram
as cócegas do chão?
Publicada por Liliana em 3/21/2009