linha de rumo 2
Aproveitando o título de uma espécie de “editorial” aqui publicado há dias, por mcr, entendo acrescentar algumas linhas ao então exposto e que tem a ver com a relação leitores/autores.
Como é sabido, os colegas que comigo assinam este blog colectivo estão claramente identificados ou são claramente identificáveis se acaso isso for necessário.
Nem todos os comentadores o estão e nem isso se lhes pede.
Também, apesar de algum aviso nesse sentido, sempre se publicaram todos os comentários chegados. Os mais antigos (ou mais fieis, ou mais pacientes leitores) lembrar-se-ão do insulto soez que, há mais ou menos cinco anos. atingiu LC, fundador e coordenador do incursões.
Na altura, LC sentiu-se naturalmente indignado e um dos nossos camaradas (logo secundado pelos restantes) respondeu ao energúmeno que, sob diversos pseudónimos, acossava LC.
Até que, verificando-se ser de todo impossível convencer a criatura se lhe fechou contundentemente o blog.
Daí para cá, leitores (raros) criticaram tomadas de posição de vários contributors. Normalmente identificando-se ou tendo direcções noutros blogs lá se alimentou a polémica porquanto e genericamente a coisa não metia desqualificações nem insultos.
A isso, a esta atitude aberta, dever-se-á alguma da reputação do blog. Estamos aqui, opinamos aqui, damos a cara e damos voz aos leitores que fazem o favor de nos ler e comentar.
De longe em longe, algum leitor irrita-se e cai, porventura inconscientemente, na provocação ou em alguma encapotada ou explícita forma de insulto. A primeira reacção que nos vem á cabeça é censurar o texto não o publicando pois como se sabe há para tal os meios necessários e suficientes.
Ou, então, respondemos tentando explicar o óbvio: que isto é um blog colectivo que conseguimos sobreviver discutindo civilizadamente, que conseguimos discutir em liberdade e respeitando-nos mutuamente.
Se isso é assim entre os bloggers mais razão deverá ser assim com, e entre, os comentadores.
Nós não invadimos o espaço privado de ninguém nem forçamos ninguém a estar de acordo connosco. Por maioria de razão não nos parece bem que alguém se sinta enxofrado com o que dizemos e, em vez de aproveitar este espaço livre e democrático de discussão, caia no insulto.
Muito menos é aceitável que se ataque um blogger em comentários dirigidos a outro.
E isso torna-se ainda mais criticável quando o comentário traz uma assinatura de fantasia, um nick name, um pseudónimo. Assim, dessa maneira, é apenas uma mão escondida a atirar uma pedra sabendo que não poderá ser respondia a agressão.
Para continuarmos, como queremos, a dar voz a todos, teremos de relembrar as regras básicas da convivência democrática e civilizada: todas as críticas são benvindas desde que sustentadas em argumentos e isentas do recurso fácil e grosseiro ao insulto.
Num país onde o recurso à batota é cada vez mais corrente; numa sociedade anestesiada pela desinformação; num debate politico desideologizado e amorfo, este pequeno e modesto espaço pode servir de mesa de reflexão a quem esteja farto, indignado ou simplesmente ofendido. Para tal, impõe-se tentar evitar a berrata, a falcatrua e a chocarrice.
Quem vos escreve, ainda há dias, foi fartamente criticado por leitores (e colegas) que estavam em desacordo com um texto dele.. Em vinte e tal trocas de comentários nunca o debate desceu abaixo dos níveis honrados e limpos de uma discussão franca. Pessoalmente o autor pensa que ficou mais rico. E espera que os seus comentadores também tenham ganho alguma coisa.
Não vamos abrir uma lista de enfados, nomear A ou B como alvos deste texto. Não é de culpados que precisamos mas de gente que queira, pela prática, provar que merecemos viver livres e bem. Aqui e agora.
D’Oliveira fecit, 14.5.2011