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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

linha de rumo 2

mcr, 14.05.11

 

 

Aproveitando o título de uma espécie de “editorial” aqui publicado há dias, por mcr, entendo acrescentar algumas linhas ao então exposto e que tem a ver com a relação leitores/autores.

Como é sabido, os colegas que comigo assinam este blog colectivo estão claramente identificados ou são claramente identificáveis se acaso isso for necessário.

Nem todos os comentadores o estão e nem isso se lhes pede.

Também, apesar de algum aviso nesse sentido, sempre se publicaram todos os comentários chegados. Os mais antigos (ou mais fieis, ou mais pacientes leitores) lembrar-se-ão do insulto soez que, há mais ou menos cinco anos. atingiu LC, fundador e coordenador do incursões.

Na altura, LC sentiu-se naturalmente indignado e um dos nossos camaradas (logo secundado pelos restantes) respondeu ao energúmeno que, sob diversos pseudónimos, acossava LC.

Até que, verificando-se ser de todo impossível convencer a criatura se lhe fechou contundentemente o blog.

Daí para cá, leitores (raros) criticaram tomadas de posição de vários contributors. Normalmente identificando-se ou tendo direcções noutros blogs lá se alimentou a polémica porquanto e genericamente a coisa não metia desqualificações nem insultos.

A isso, a esta atitude aberta, dever-se-á alguma da reputação do blog. Estamos aqui, opinamos aqui, damos a cara e damos voz aos leitores que fazem o favor de nos ler e comentar.

De longe em longe, algum leitor irrita-se e cai, porventura inconscientemente, na provocação ou em alguma encapotada ou explícita forma de insulto. A primeira reacção que nos vem á cabeça é censurar o texto não o publicando pois como se sabe há para tal os meios necessários e suficientes.

Ou, então, respondemos tentando explicar o óbvio: que isto é um blog colectivo que conseguimos sobreviver discutindo civilizadamente, que conseguimos discutir em liberdade e respeitando-nos mutuamente.

Se isso é assim entre os bloggers mais razão deverá ser assim com, e entre, os comentadores.

Nós não invadimos o espaço privado de ninguém nem forçamos ninguém a estar de acordo connosco. Por maioria de razão não nos parece bem que alguém se sinta enxofrado com o que dizemos e, em vez de aproveitar este espaço livre e democrático de discussão, caia no insulto.

Muito menos é aceitável que se ataque um blogger em comentários dirigidos a outro.

E isso torna-se ainda mais criticável quando o comentário traz uma assinatura de fantasia, um nick name, um pseudónimo. Assim, dessa maneira, é apenas uma mão escondida a atirar uma pedra sabendo que não poderá ser respondia a agressão.

Para continuarmos, como queremos, a dar voz a todos, teremos de relembrar as regras básicas da convivência democrática e civilizada: todas as críticas são benvindas desde que sustentadas em argumentos e isentas do recurso fácil e grosseiro ao insulto.

Num país onde o recurso à batota é cada vez mais corrente; numa sociedade anestesiada pela desinformação; num debate politico desideologizado e amorfo, este pequeno e modesto espaço pode servir de mesa de reflexão a quem esteja farto, indignado ou simplesmente ofendido. Para tal, impõe-se tentar evitar a berrata, a falcatrua e a chocarrice.

Quem vos escreve, ainda há dias, foi fartamente criticado por leitores (e colegas) que estavam em desacordo com um texto dele.. Em vinte e tal trocas de comentários nunca o debate desceu abaixo dos níveis honrados e limpos de uma discussão franca. Pessoalmente o autor pensa que ficou mais rico. E espera que os seus comentadores também tenham ganho alguma coisa.

Não vamos abrir uma lista de enfados, nomear A ou B como alvos deste texto. Não é de culpados que precisamos mas de gente que queira, pela prática, provar que merecemos viver livres e bem. Aqui e agora. 

D’Oliveira fecit, 14.5.2011

linha de rumo 1

d'oliveira, 29.04.11

 

Comentando os comentários,

restabelecendo linhas de força,

explicando o explicável


O JCP produziu um texto aí em baixo. Discordei e ele respondeu. Alguns leitores que são sempre benvindos e que são a razão da nossa intervenção, entenderam discordar de JCP. A conversa azedou-se mas anda aqui algum mal-entendido. Ora vejamos.

Eu digo ao JCP o que penso, como ele diz o que pensa. Noutro tempo, um de nós estaria preso... Mas vivemos em democracia e a democracia é isto: trocar argumentos sem recorrer aos tiros.

Acho que JCP defende mal a sua dama, mas isso é com ele e com ela (o P.S. de Sócrates, e só dele, pelos vistos).

Pessoalmente, e citando Antero de Quental, o mítico fundador do PS (de um outro PS, claro) ao referir-se a Teófilo Braga, cito: “esse senhor do ponto de vista moral é um esgoto.”

Penso exactamente isso de Sócrates tão acarinhado por JCP. Pensei o mesmo de Enver Hodja quando, em tempos difíceis, andava não muito longe de um certo maoísmo europeu. E de Stalin já agora... E dos sacripantas do oligarcas do Kremlin quando este existia. E dos miseráveis ditadores da America do Sul quando estes, como tantos outros matavam, “desapareciam” gente, roubavam crianças. E dos partidários da supremacia branca na África do sul. E do Salazar mailo o Franco que desgraçaram esta península. Fui pelo Vietnam contra a intervenção imperialista, fui contra o Vietnam quando este criava “boat people” e invadia os vizinhos. Detesto ditaduras sejam elas de esquerda, de direita do alto ou de baixo. Sou pela liberdade e por isso, penso, seria capaz de morrer. Embora prefira viver. Estou disposto, estive sempre disposto a discutir interminavelmente para fazer o meu ponto de vista ter vencimento. Pela persuasão, evidentemente.

Fui, como disse, “compagnon de route”  de um certo “marxismo-leninismo” até ao momento (1969-1970) em que percebi que a “grande revolução cultural e proletária” era uma imensa monstruosidade anti-marxista, anti-humanista, anti-socialista e anti qualquer pessoa honrada.

Isso não me impediu de, com o risco que talvez calculem, passar maoístas pela fronteira. E de passar “revisionistas” que fugiam da polícia. E de passar anti-colonialistas mesmo se nem todos fossem ou sejam hoje o que eu generosamente pensava deles.

Não puxo pelos galões mas digo de onde venho, como fui e como penso que continuo a ser. De esquerda, independente, critico, capaz de me indignar e incapaz de bater palmas a chefes e chefinhos, puta que os pariu...

A política sem discussão é irreversivelmente atraída pelo vórtice da tirania.

Este blogue, no qual empenho o meu modestíssimo nome, é democrático: aqui cabem todas as vozes e todos os comentários desde que sinceros e plausivelmente democráticos. Aqui cabe a discussão franca sem arcas encoiradas.

 Se o comentário for duro não é de espantar que a resposta use a mesma dose de violência. Eu, mesmo, ainda há dias, ripostei com violência a uma comentadora que me acusava de simpatizante do Portas!!!!  Mas espero que ela tenha compreendido que a minha violência não se dirigia a ela mas à acusação absurda e sem provas que ela disparava sem discutir um único dos meus argumentos. Quero que essa leitora aqui continue. Não para ter muitos leitores mas apenas para poder dialogar com eles.

Portanto, estou aqui, tenho o direito de estar aqui, de discutir aqui e ver as minhas opiniões aclamadas ou criticadas. Aqui!  Quem escreve, escreve para isso mesmo.

JCP tem opiniões nas quais não me revejo. Fora isso defendeu a honra e a decência da sua terra contra um miserável cacique espingardeiro e terrorista. Lutou pela liberdade dos seus concidadãos e, por extensão, pela nossa.  E é um simpatiquíssimo colega, jovial, bom garfo e um horroroso portista (um “Andrade”!). A história, citando Fidel de Casto, outra aberração política, “tem-no absolvido”! E a Naval 1º de Maio (não há nome como este!, nem terra como Buarcos, ou Paris, ou Berlin, ou Roma...), mais antiga e bem melhor do que o FCP, lá no fundo! Estou habituado à injustiça...

Aqui, nesta barca cabemos todos sem nos acotovelarmos. E cabem todos os nossos leitores que são sempre benvindos. Cabem todas as suas opiniões desde que se pautem por esta simples regra: discutir sem recorrer ao trabuco ou a acusações infundadas. Ser de Direita é tão razoável como ser de Esquerda. Ou do Centro, se há disso. Podem gostar do Sócrates (deus lhe traga a cicuta!...) ou do Coelho (tirado da cartola, etc...). Ou do Jerónimo, exímio dançarino e insuportável saudoso do “sol da terra”. Podem gostar de Portas (que não é um fascista mas apenas um conservador rançoso post-moderno) ou de Louçã que pensa que é moderno e jovem e pelas minhas contas é mais antigo que o senhor Afonso Costa. E igualmente desfasado do país, das gentes, do tempo e da circunstância presente. Ou mais... (Deus nos livre!...)

Portanto, um ponto de ordem. O blog “incursoes” (sem til dado o raio das regras internéticas) é assim, a sua tripulação é assim, gente livre num país que se quer livre e os textos só têm graça por não terem homogeneidade social, cultural e política.

Arreiem como e quando quiserem mas não se esqueçam que isto, a liberdade e a democracia, são coisas frágeis que merecem bom senso, ponderação discussão civilizada e, se possível cordial. Não somos bonzos intangíveis nem pau para toda a obra. Somos exactamente como Vocês, rimos e choramos, enternecemo-nos e indignamo-nos, vivemos e sofremos e escrevemos como pensamos.

E continuem conosco.

Um forte abraço do

mcr que, noutra vida, assina como Marcelo Correia Ribeiro que está velhote, gordo, teimoso e não resiste a virar o olhar para uma mulher bonita que passe ao seu alcance... 

 

* Buarcos!!! assoem-se lá a este guardanapo!