Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Para quem tem medo

O meu olhar, 08.01.13

Um texto de Fernando Teixeira Carvalho:

 

“(…)Para quem tem medo, e a nada se atreve, tudo é ousado e perigoso. É o medo que esteriliza nossos abraços e cancela nossos afetos; que proíbe nossos beijos e nos coloca sempre do lado de cá do muro. Esse medo que se enraíza no coração do homem impede-o de ver o mundo que se descortina para além do muro, como se o novo fosse sempre uma cilada, e o desconhecido tivesse sempre uma armadilha. 
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”

Férias e provocações saudáveis

O meu olhar, 18.08.10

Estive de férias num local maravilhoso. É a quinta vez que lá vou e regresso sempre com vontade de voltar. São 30 kms de praia com um areal imenso e com água tépida e límpida. Grande parte da praia fica no Parque Nacional Doñana, um dos maiores e mais importantes da Europa e cuja visita recomendo vivamente.

Estas são as praias de eleição dos sevilhanos e quase não se vêem estrangeiros. A povoação, Matalascañas, transforma-se num grande centro urbano no Verão. É gente por todo o lado. O aspecto da praia mais central era invariavelmente este

 

 

 

Todavia, para os que não seguiam o carreiro habitual das formigas, como era o nosso caso, bastava andar alguns minutos e a praia que desfrutavam eram tranquila. Esta era a “nossa” praia.

 

É curiosa esta tendência que as pessoas têm de se amontoarem, andarem aos magotes, banharem-se num metro cúbico de água e acomodarem nos seus ouvidos milhares de gritos num só dia. Mais curioso ainda é quando têm a possibilidade, com um pequeno esforço saudável, de desfrutar de toda a tranquilidade que um areal de sonho, quase deserto, pode proporcionar. Claro que no caso, e tratando-se de espanhóis, há que ter em atenção que aquilo não eram idas à praia normais mas sim verdadeiras excursões tipo tribo, com  comodidades  “indispensáveis “ a acompanhar: cadeiras de todos os tamanhos e feitios, toldos, mesas , malas térmicas de diversos tamanhos e formatos, guarda sois e tudo o mais que se torna evidente para quem é espanhol e vai passar o dia todo na praia. Para nós, que temos hábitos simples, ou seja,  o saco com os livros, as toalhas, as raquetes de praia e o baralho de cartas. E já isto tinha que ser negociado entre os quatro para ver quem transportava o quê. Nos primeiros dias também levamos um tapa vento mas despertamos tanta curiosidade, dado se tratar de peça única por aquelas paragens, que optamos pela discrição de um anónimo guarda-sol.

O regresso a casa foi acompanhado de boa música. Uma das músicas fez-me pensar no jogo do Porto que tínhamos visto dias antes, pela Internet, num dos raros locais que dispunha dessa preciosidade. Já agora, também não havia nenhuma loja ou restaurante que tivesse pagamento por cartão multibanco. E lojas multibanco eram apenas duas. Isto para milhares de potenciais utilizadores. Um atraso de vida. A esse nível estamos a léguas dos espanhóis. Mas dizia eu  que uma música em especial me fez lembrar o jogo vitorioso do FCP e gozar com a antevisão do desenrolar do campeonato. E não adivinhava eu nessa altura qual seria o resultado do primeiro jogo do Benfica... Ora a música, como eventualmente já adivinharam, era esta:

 

 

 

(Aos benfiquistas, sportinguistas e outros adeptos cujas escolhas estão longe do azul as minhas desculpas pela provocação…)

 

 

Este regresso à civilização é de curta duração já que continuo de férias e volto a ausentar-me para longe de computadores. Por isso, até breve. Para quem está de férias o meu desejo que elas sejam EXCELENTES!

Clandestino

O meu olhar, 13.06.10

 

 

Há palavras assim, que quando aparecem, seja em que contexto for, nos caiem em cima como um martelo que abre a nossa memória e a faz sangrar, tornando presente o que queremos esquecer, ou esconder, mas que teima em voltar. Sempre. No caso foi numa esplanada, junto ao mar, uma voz numa mesa ao lado lançou para o ar, num tom determinado, essa palavra: clandestino. Não sei de que falavam. Na minha mesa as minhas amigas debatiam a forma mais prática de fazer um bom gelado de morango. Aquela palavra derrubou-me, levou-me para longe dali, para uma casa junto do mesmo mar, mas não daquela praia. Estavas certamente lá (estarias?) com um grupo de amigos. Compreendes, disseras-me com voz meiga, eles não te conhecem e eu acho que ainda é cedo para misturarmos as nossas vidas. Cedo? Doze longos meses não bastavam? Pensei, mas nada disse. Como sempre tu ditas as regras e eu amordaço o que me vai na alma. Calo mas não compreendo. Conheço vários casos de amor clandestino, mas, em todos eles, o parceiro está comprometido, ou é casado, ou namora. Até já conheci um em que era noivo. Mas no nosso caso, somos ambos livres, porquê esta clandestinidade, em nome de que valores, de que força, de que vontades? Certamente da tua, que não da minha. Questiono-me sobre a força do teu amor e mesmo sobre a sua genuinidade. Temo estar a ser ingénua. O futuro o dirá, se é que teremos um futuro conjunto. Pode ser que chegue o dia em que eu goste mais de mim do que de ti e nesse dia te surpreenda com um adeus livre de clandestinidade.

Comunicação entre gerações

O meu olhar, 07.05.10
 

Hoje vi uma jovem mulher de mão dada com uma criança ( filho, sobrinho? ). Uma cena banal . Tinham os dois um aspecto saudável e encantador. Um único senão: A mulher levava os ouvidos tapados com uns auscultadores de dimensões razoáveis e ia com o ar de quem ouvia a sua música preferida. O rapaz, uma criança dos seus quatro, cinco anos, tinha os ouvidos desimpedidos e um ar fechado de quem estava virado para si próprio.

Eu falo muitas vezes ao meu filho de 17 anos dos perigos que é andar na rua com os ouvidos tapados e, em viagens que fazemos juntos, tento que ele não coloque esse empecilho à comunicação nos ouvidos para podermos falar uns com os outros. Daí ficar estupefacta com a cena que vi. São opções. O que não se pode é depois dizer: não percebo, o meu filho nunca me conta nada.

 

Vera

O meu olhar, 04.05.10

 

 

Notícia de última hora: nasceu a primeira neta da Liliana, nossa companheira do Incursões. Chama-se Vera.

A Vera, a mãe e a avó estão bem. A primeira passou, cheia de energia e com um peso óptimo, para o lado de cá, para este mundo baptizado de cruel por uns e de maravilhoso por outros; a mãe também está, calculo, numa felicidade plena; quanto à avó está feliz e, seguramente, babada como todas as avós. Há quem diga que a experiência de ser avó é maravilhosa. Acredito plenamente e dou os Parabéns (!!!) às três, mas sobretudo à avó Liliana.

Atenção

O meu olhar, 22.12.09
   
Estamos na era da comunicação multimédia, em que se fazem “amigos” aos pacotes na ponta de um clique. Comunicar e pôr em comunicação parece ser a palavra de ordem. Paradoxalmente parece que cada vez estamos mais distantes de nos conhecermos verdadeiramente, de darmos espaço ao nosso íntimo e á sua partilha com alguém querido.
Tudo isso a propósito das televisões instaladas nos carros. Sinceramente fico chocada com a opção de se preferir colocar os miúdos a ver um filme em vez de se aproveitar o pouco tempo livre com os filhos para falar, trocar impressões, ouvir. Depois fica-se espantado porque na adolescência eles têm pouco para nos dizer. Criar o hábito de conversar, nem que sejam futilidades, é criar oportunidades de trocas de carinho pelas palavras.
Há quem lhe chame atenção. Simplesmente.