Um voto pelo FC Porto
Votei ontem pela primeira vez nas eleições do FC Porto. Fui um dos 488 associados (5,8%) que votaram em branco, não entregando o seu voto a qualquer das listas concorrentes. Um número expressivo, que inclusivamente superou uma das listas que se apresentou a votos, e que na prática faz com que a lista vencedora, de Jorge Nuno Pinto da Costa, tenha recolhido “apenas” 63,4 % dos votos depositados em urna e não os anunciados 68,65%, que não levam em conta as largas centenas de votos brancos e nulos.
Há quatro anos escrevi aqui sobre o que pensava sobre as eleições e a gestão do FC Porto, clube e SAD. Passados quatro anos tudo piorou: a vigilância da UEFA por incumprimento do fair-play financeiro, as contas cada vez mais depauperadas, o insucesso desportivo na maior parte dos anos, a gestão desportiva errática, os muitos negócios incompreensíveis, alguns deles com a intervenção do filho do presidente enquanto agente de jogadores, situação inadmissível do ponto de vista ético.
Nestas eleições, Pinto da Costa fugiu ao debate com os adversários e procurou embelezar a sua lista com os nomes de Vítor Baía e Fernando Gomes, ídolos de muitos adeptos. Contudo, os principais nomes associados à gestão do clube e da SAD nos últimos anos mantêm-se irredutíveis. Não fico nada certo que estes dirigentes tenham aprendido com os erros cometidos e sejam capazes de renovar métodos e procedimentos.
Nas outras listas concorrentes também não encontrei o percurso, a experiência de gestão e a liderança necessária para inverter a situação em que se encontra o FC Porto. Daí a decisão de votar em branco, sinalizando a minha preocupação com a situação do clube e o descontentamento face à gestão dos últimos anos, bem como a ausência de alternativas válidas para lidar com os desafios que se colocam ao clube.
O FC Porto faz parte da minha vida desde que me conheço, mas essa relação emocional não pode deixar-nos cegos face ao modo como o clube tem sido gerido ultimamente. Pinto da Costa é uma personalidade ímpar na história do FC Porto, mas impunha-se que tivesse o discernimento e a humildade de reconhecer que, se é verdade que largos dias têm 100 anos, também há alturas em que é necessário virar a página, renovar e encontrar um novo rumo para a vida das pessoas e das organizações. Enquanto há tempo.