Au bonhheur des dames 618
"Trabalhos do olhar"
mcr, 4.9.24
Os leitores repararão que o título vem entre comas, útil precaução porque subitamente lembrei-me que alguma vez lera algo com título idêntico. E depois de um par de minutos, veio-me o nome do livro em causa bem como o do seu autor. Trata-se de Al Berto um poeta que descobri em 77, na finada livraria Opinião (Lisboa) local de obrigatória peregrinação onde fiz vários amigos e descobri um largo par de autores. Ora justamente nesse ano glorioso numa tardinha dei por mim lá com o Fernando Assis Pacheco no que era o lançamento de um livrinho "À procura do vento num jardim de Agosto" que, suponho ter sido a a segunda modesta obra do Al Berto. Com o lançamento do livro havia também a vernissage de uma exposição de alguém que se chamaria Dodô e que titulava a mostra com o nome de "Lápis de amor e outras fantasias" (Oh memória absurda de repente tão solícita!...).
Recordo que o Assis me confidenciou que não perdia a apresentação de uma primeira obra fosse quem fosse o autor pois acreditava que no meio de muita juvenília poderia aparecer um autor. E foi o caso. AL Berto viveu pouco tempo mas deixou alguns livros memoráveis de grnde qualidade .
Todavia não é de literatura que venho falar mas tão só de mais uma tentativa de enganar a cegueira que espreita e que combato com injecções nos olhos (só para travar o progresso da maleita...).
Para além de ver mal sobretudo a curta distância,as minhas capacidades de leitura só são combatidas graças a uma verdadeira colecção de lupas electrónicas , cinco ao todo, para todas as ocasiões e para todo o tipo de livros.
No caso em concreto, tenho andado a colocar etiquetas nas estantes dos cds. Como de costume, e a tarefa foi para já reduzida ao jazz, resolvi rearrumar os discos e, fundamentalmente, sinalizar claramente os autores de modo a poder ler de longe, enfim a meio metro, o nome do músico.
Claro que, e por isso falei em costume, também tive de fazer o mesmo em quatro gavetas onde jazem mais três centenas de peças, sem falar noutra estante essa de livros onde estacionam os discos que se agrupam em caixas grandes quase sempre colecções antológicas que normalmente trazem cem discos por caixa. Se essas são rfáceis de localizar, outras há onde agrupei por ordem alfabética outros discos também arrumados por autor. enfim um trabalho que já me permitiu descobrir discos repetidos ou um largo número de peças nunca ouvidas, por desleixo, por esquecimento ou apenas porque na altura entendi guardar a audição para melhor altura.
Este trabalho beneditino está prestes a chegar ao fim pois num quarto e último lugar juntei a quase totalidade das cozes femininas. E digo vozes porque à excepção de meia dúzia de pianistas (todas de qualidade!...) a imensa maioria são cantoras de Bessie Smith a Sara Vaughan, de Billie Holiday a Dinah Washington ou de Ella Fitzgerald a Nina Simone.
Paralelamente vou continuar uma outra tarefa que é a de meter muitos destes músicos em várias pens o que me permite sem mais trabalho fazer longas viagens sem nunca repetir peças ou autores.
E se não cmecei já foi porque, agarrei num disco, Empty bed blues só para ouvir um trecho mas agora sinto que tenho de o ouvir até a fim.
E não se pode fazer duas coisas, sobretudo quando é Bessie que canta. Fica o folhetim por aqui que há mais 14 faixas para ouvir ...