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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 431

mcr, 22.06.20

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Os dias da peste

Jornada nonagésima sexta

“Ergue-te sol de Verão...”

mcr, 22 de junho

 

 

É ainda manhã cedo mas o sol já lhe dá com força. A esplanada acolhe os seus habitués, oferece a quem quer uma sombra amável de guarda sol mas há clientes que preferem torrar. Já estão mais de 20 graus, anunciam-se trinta, a camisa de linho que envergo parece-me quente, suspiro pela praia que este ano não terei, a praia de Areas a sul de Sanxenxo, onde a esplanada da “Postiña” me esperava todos os dias com a promessa de mexilhões fresquíssimos, de ensaladilla, pão artesano, algum peixe  grelhado, enfim um almoço de Verão a antecipar uma sesta durante as horas quentes do princípio da tarde.

A família, ou seja a CG, a Ana, o Nuno e o Nuno pequenino (que não tem voz na matéria mas  serve de arma de arremesso) exigem uma casa no campo, com piscina e terreno amplo, na zona de Barcelos. Que fazer? Paguei a minha parte e não refilei. De certa maneira, eles tem razão. A Galiza e  a sua enorme paleta de mariscos e peixe fresquíssimo estão longe ( por acaso, nem isso), o covid que se cevou em terras de Espanha assusta e a prudência manda isolamento, cautela e caldos de galinha.

É o primeiro dia de Verão (ou o segundo?) e vem-me à memória a canção do Zeca cujo início titula o folhetim de hoje. E tem uma história esta bela cantiga que, ironicamente, se chama, creio, “coro da primavera”.

De facto, o Zeca era um tanto ou quanto desmemoriado, ou então escrevia tanto que, depois, já não se lembrava de tudo. Sei que muito antes de gravar esta cantiga a cantou em Coimbra num qualquer ajuntamento de estudantada. Quando era preciso, bastava telefonar, e o Zeca generoso e solidário (como aliás, também, o Adriano, outro amigo do peito) acorria.

Eu e dois muito queridos amigos, o António Mendes de Abreu e o João “grande” Nazaré, decorámos a canção só de ouvi-la uma vez. Seria o entusiasmo, a admiração, o facto de sermos todos da “oposicrática”, sei lá, mas a verdade era que cantiga ouvida era cantiga decorada.

Convém dizer que o António e o João tinham o que se chama bom ouvido enquanto este vosso criado nem o ré distinguia do dó. Isto tinha consequências: no numeroso grupo de amigos que se reunia amiúde e cantava sempre que podia, eu estava terminantemente proibido de intervir. Os meus notáveis dotes para desafinar contagiariam Rossini, Mozart ou Beethoven para só citar três criaturas de que, já nessa época, eu era devoto.

Lembro-me que a minha intervenção só era permitida num refrão  de Whimowhe (nem sei se é assim que se escreve) na versão de Pete Seeger. Nesse momento, único e irrepetível, toda a malta se virva para mim e eu berrava com sentimento o refrão.

Ora acontece que, num dia em que o Zeca mais uma vez veio a Coimbra, nós os três lhe pedimos para cantar o “coro da primavera” e ele não recordava a letra. O António e o o João lá se puseram a cantarolar e o Zé Afonso, comovido, só dizia “oh malta isto não é nada mau” Escreveu num papel em letras garrafais a letra e o Zeca lá se lembrou da música e mais uma vez se fez uma noite mágica.

O Zeca já cá não está, o António há muitos, muitos anos que é uma saudade e eu bem que indago pelo João mas não sei dele. Rezo, mesmo ateu, para que esteja vivo e bem.

Tudo isto, esta pequena enxurrada de memórias de um tempo difícil mas feliz, pleno de promessas e, ahimé!, de “juventud divino tesoro” (Ruben Dario) me veio à cabeça, nesta esplanada com vista para o jardim onde correm cães e num pequeno parque infantil brincam meninos sob o olhar vigilante de mães atentas.

O Verão está aí, quente, mas carregado de dúvidas. E de fogos que nos últimos dias, já as matas de Aljezur ardiam. Umas dúzias de hippies alemães, instalados ilegal mas pacificamente viram os seus acampamentos destruídos. Um deles afirmava que ia regressar à terra natal pois Portugal, descobria só agora, era “um país seco” e susceptível de fogos. O raio do teutão é parvo ou faz-se? Então só agora, depois de anos de fogos incontrolados naquelas partes entre Alentejo e Algarve é que chega a esta conclusão?

Se o alemão citado é meio tótó, que dizer dos portugas espertalhaços que se juntam em magotes por todo o lado, para aviar umas cervejolas sem cuidar de distanciamentos sociais e menos ainda do estupor do covid que ronda? Ou do filho da puta que aniversariou e já conseguiu que um cento dos convidados ficasse infectado?

Ada por aí tudo alvoraçado com as medidas de uma dezena de países que desconfiam do nosso desconfinamento e só agora é que começam suavemente a ameaçar os festejantes nocturnos.

Há um mês que a cintura de Lisboa regista entre 75 e 80% dos novos casos de infecção e só agora é que vai haver uma reunião de alto nível sobre o assunto? E querem turistas em força a acudir para este quase vespeiro?

Os poucos aviões que chegaram (e chegam) do Reino Unido e do Brasil com passageiros a quem ninguém sequer tirou a temperatura não indiciam burrice supina e escandalosa?

O Verão, imperturbável, chegou. Por esta altura, noutro tempo, preparavam-se as fogueiras, na Figueira os romeiros chegavam para o “banho santo” e a rapaziada do meu tempo estava de olho nas moçoilas que saiam do mar vestidas mas expostas ao nosso olhar concupiscente que a água moldava-lhes os corpos jovens como se nuas estivessem. Amanhã, por cá, seria noite de festa rija (oh que noites passadas entre a Baixa, as Virtudes a beira rio e a praia varada a madrugada em boa companhia... ), noite orgiástica, perfumada, atrevida, noite de todas as noites, de todos os excessos, Jesus que saudades...

Mas paira no ar, uma sombria ameaça que a imprudência de uns, as atabalhoadas medidas de outros e a geral impreparação de quem devia estar atento e rigoroso e preparado, tudo inquina.

“Ergue-te sol de Verão/ somos nós os teus cantores...”

(mas já se ouvem os temores... já se pressentem os horrores...).

Ainda iremos a tempo?

 

* na vinheta: banho santo?, Figueira da Foz, 1935 (tenho as mais fundadas dúvidas que a fotografia retrate o banho santo que costumava ocorrer na madrugada de 24. E aqui estamos em pleno dia. Provavelmente é apenas uma vista da praia dita “do relógio” que, aliás, ainda não existe...

 

 

 

 

 

 

estes dias que passam, 392

mcr, 13.05.20

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Diário das semanas da peste

Jornada quinquagésima sexta

“Irrecuperável!”

(Sartre, “As mãos sujas”, final)

mcr, 13 de Maio

 

O homem põe e o jornal dispõe. Ia escrever sobre a festa do Avante quando, ao ler – finalmente! – a revista do Expresso, dei com um artigo de Pedro Mexia sobre um dos volumes de “situações” de Sartre.

E, de súbito, as recordações acorreram em magote. Sartre, também ele, veio em piedosa peregrinação ao Portugal de 1975. Também, nessa altura, Portugal, estava na moda. De toda a Europa acorriam turistas revolucionários (ou nem tanto) para (vi)ver de perto a “revolução”. Recebi (e pastoreei) muitos que nos entravam porta adentro no MES em que militei até fins de Setembro desse ano. Holandeses, franceses, espanhóis, italianos sei lá que mais. Quando, uma vez, perguntei porque é que me calhava sempre a mim a tarefa de ser o cicerone, alguém (seria o Ivo ou o Zé Galamba, funcionários políticos e amigos, hoje, mesmo se raramente os lobrigo ao acaso de uma esquina?) me disse que, como eu me desembaraçava em línguas estrangeiras, tinham achado que aquela era uma missão adequada.

Nisto de missões adequadas, também me coube ser um dos que iam mais vezes a Lisboa, à sede. A razão era simples: tinha carro e podia pagar a gasolina do meu bolso! (como se vê, o slogan “os ricos que paguem a crise” já funcionava in imo pectore, naqueles tempos revoltos e naquela pequena organização!)

De certo modo, aquilo, aquele convívio rápido mas caloroso com gente que se entusiasmava com Portugal e com a nossa pequena formação política, não me desagradava, antes pelo contrário. E, uma que outra vez, conhecia-se alguém interessante.

E foi esse o caso quando Sartre e Beauvoir vieram em romagem ao país e ao Porto. Foi o Arnaldo Fleming (que há muito que já cá não anda) quem me pediu que fosse uma espécie de motorista, guia e intérprete de Jean Paul Sartre e de Benny Levy (que viajaria ainda sob o pseudónimo de Pierre Victor), antigo responsável da “Gauche Proletarienne”, antigo director do jornal “la cause de peuple” que Sartre apregoaria nas ruas de Paris depois da proibição da publicação, e um dos fundadores da Union des Jeunesses Comunistes Marxistes Leninistes, cuja revista ainda cá tenho quase completa.

(a sede da revista “cahiers de l’UJCML” era na rue Gît-le-Coeur, um cubículo que depois se reconverteu em livraria de bd erótica. Numa das vezes que lá fui por um determinado número, os dois rapazolas de serviço espantaram-se muito e declararam com venerável fervor  que eu era um dos antigo, dos primeiros, eventualmente dos melhores. Que candura!).

No dia aprazado, fui ter com os dois viajantes revolucionários que, entretanto, almoçavam num restaurantinho popular e simpático da rua do Bonjardim, uma das antigas praças fortes do bom comer tripeiro. Com eles estava Eduardo Lourenço que eu ainda não conhecia e que me informou placidamente que sentia especial simpatia pelo PS! Em 1975! Que ousadia, que descaramento, que coragem!

Amesendei-me e almocei e a conversa prolongou-se por várias horas. No dia seguinte, bem cedinho meti os dois peregrinos no mini e desandámos para fazer a via sacra das fábricas ocupadas. Numa delas, havia algumas simpatiquíssimas simpatizantes do MES e começou aí a faena.

Em determinada altura, uma das dirigentes da ocupação falou em comunidade. E eu, fiel tradutor, lá falei em communauté. Sartre deu um pulo e declarou que eu estava a embelezar a realidade. Que uma operária têxtil nunca usaria a palavra “comunidade”, noção demasiado elaborada...

A mostarda subiu-me ao nariz, pedi à rapariga para repetir e depois com evangélica paciência lá expliquei aos dois missionários que há um grande número de palavras portuguesas terminadas em ade ou dade que são exactamente convertíveis no franciú “té"  de liberté, comunauté, égalité e por aí fora. Terei sido tão expressivo e tão indignado que o “maitre  penser” me pediu desculpa e a partir daí aceitou sempre a tradução, aliás escrupulosa, que eu fornecia. Pelo caminho, parámos um par de vezes para nos reabastecermos de cerveja. Sartre era um bom apreciador da cerveja tirada a copo que por sorte nos serviram. Este comum gosto pelas bejecas, alguma sintonia ideológica, o facto de eu conhecer a sua obra (excepto a filosófica, claro) e de ter lido alguns dos seus escritores favoritos, não nos tornaram nos melhores amigos do mundo mas posso afirmar que simpatizámos. E muito. A viagem ainda teve alguns momentos altos, como aquele em que o principal dirigente da união de sindicatos têxteis, João Ribeiro, nos recebeu com um discurso muito bem elaborado que o filósofo apreciou bem que me dissesse à socapa que “aquela conversa era de pc”. Claro que era mas eu e o João Ribeiro já nos conhecíamos e tínhamos uma excelente relação de trabalho (eu presidia à Caixa de Previdência da Indústria Têxtil e o sindicato estava sempre a contactar-me).

Tive de explicar aos romeiros que, antes do 25 A, fora, entre outras actividades menos recomendáveis, advogado sindical e que daí vinha aquele conhecimento com um legítimo representante do mundo do trabalho bem como com alguns dos operários e operárias com que nos cruzámos. A partir daí, com uma subtil insistência  começaram a tentar perceber qual a razão de ter sido eu o escolhido (o “eleito”) para os acompanhar. Não valia a pena explicar que, provavelmente, dentre os falantes com algum à vontade de francês, ninguém se oferecera. Sartre e “Victor” tinham, com alguma razão, dadas as vénias já recebidas, uma ideia bastante lisonjeira de si mesmos. Nessa conversa de bica aberta que fomos mantendo durante dia e meio, veio à baila a minha pobre biografia pelo que quando souberam que eu tinha tido a bizarra honra de ter sido hóspede de alguns calabouços nacionais com relevância para Caxias (Não ficaram desapontados por me faltar Peniche no currículo pela simples razão de que ignoravam tudo sobre o Portugal anterior ao 25 A, coisa aliás comum em praticamente todos os intelectuais estrangeiros com quem contactei ao longo da vida), trataram-me com especial carinho. Merecia estar junto daqueles dois pilares d liberdade francesa!

De todo o modo, estas largas horas de convívio foram-me profícuas pois comecei a medir com mais modéstia as glórias alheias e os mitos da revolução do Maio francês.

Depois da partida para França, enviei-lhes recortes dos jornais que noticiavam a estadia breve deles entre nós. Para minha surpresa, Sartre escreveu-me a agradecer e quando enviei uma segunda leva voltou a fazê-lo educadamente e com um par de observações pertinentes. Via-se que não só estivera atento às nossas deambulações como extraíra de muitas outras conversas e encontros algo em que meditara.

Quando morreu, dei um depoimento a um programa de rádio então muito na moda e escrevi um artigo num jornal. Tal artigo foi em parte reproduzido num programa da ORTF (?) e, para minha surpresa, foi generosamente pago. Foi a primeira vez (fora um concurso literário que venci na categoria “ensaio”) que recebi dinheiro por escrever. Aliás, tal sorte só se repetiu mais duas vezes e sempre com alemães. Da primeira, o dr. Adolph Himmel, director do Instituto Alemão no Porto, convidou-me para participar num colóquio sobre a “resistência alemã contra Hitler” e, zás!, pagou generosamente o meu esforço. Mais tarde, e também por intermédio dele, escrevi um texto sobre uma exposição de arte portuguesa organizada pela DRN da SEC que correu algumas cidades alemãs e voltei a receber uns simpáticos marcos. Fora isso, apenas me pagaram traduções que, nem sempre, foram um prazer.

E as cartinhas do grande filósofo? Pois, custa-me confessá-lo, tanta é a minha burrice supina. Enviei-as para a sede dos “Temps Modernes” quando soube que se ia elaborar um número especial de homenagem. “Esqueceram-se” de as devolver e eu, por uma vez acanhado ou distraído mas sempre estúpido,, também não reclamei a sua devolução com a energia necessária. Aliás, nem sequer tive notícia do tal número especial de homenagem.

Conservo de Sartre uma imagem demasiado compósita: Disse barbaridades (algumas das quais elencadas por Mexia no artigo que já citei) que envergonham qualquer intelectual que se preze. Namorou desesperadamente uma ideia de revolução que evoluía à medida das modas parisienses, desde a famosa frase “um anti-comunista é um cão” ou estoutra “o terrorismo é a única arma dos oprimidos” até à derradeira elegia sobre o jornal “la cause du peuple”. Nem refiro as suas relações com Camus ou Boris Vian e muito menos com Raymond Aron. Deste último dizia-se que quando Aron acertava ninguém o citava e quando Sartre errava era aclamado.

O curioso nas relações entre estes dois homens é que Aron foi um resistente, exilou-se em Londres e colaborou com a “França Livre”. Sartre, depois de feito prisioneiro e libertado, passou todo o resto da guerra em Paris, escrevendo junto ao fogão de “Les deux magots” e permitindo que as suas peças fossem estreadas sob a ocupação alemã...

Ambos se encontrariam no mesmo barco, no final da vida na campanha “un bateau pour le Vietnam” que não só chamou a atenção para as exacções do governo de Hanói como permitiu salvar milhares de refugiados vietnamitas.

Devo muito aos dois e mesmo se no fundo devesse estar mais grato à lucidez de Aron de quem me recordo mais é de Sartre. De alguns textos seus, da força polémica que neles se respirava e da novidade de muitas das suas intervenções.

E ninguém pode esquecer a última palavra de “As mãos sujas”: “Irrecuperável!”

É todo um programa de vida!

Não faço a mínima ideia de quais os livros de Sartre ainda à venda por aí, mas todos merecem alguma atenção (o teatro, “As palavras” e “Situações”) mesmo em tradução. De Aron, sei que se traduziram as “Memórias”, “O ópio dos intelectuais”, “Defesa da Europa decadente” e provavelmente outros. Relembraria “Democratie et totalitarisme” e o utilíssimo “Marxismes imaginaires”  que, como os anteriores, facilmente se adquire em francês.

Com o covid à perna ler, se não for uma necessidade, é, pelo menos um modo de passar o tempo.

*na vinheta: Sartre vendendo “la cause du peuple” que acabara de ser proibida

O poder fingiu que o não via, assobiou para o lado, o costume. Já De Gaulle teria uma vez dito a Michel Debré, ministro do interior, que reclamava a prisão do filósofo “Debré, on n’arrete pas Voltaire”. Tirando o exagero da comparação, não deixa de ter graça a tirada do velho general que, como mais tarde, e a propósito de outro caso, Jean d’Ormesson escreveria em “Le Monde”, se repetiu:  “Sartre não conseguiu nunca obter a palma do martírio”.

 

diário Político 213

mcr, 02.05.20

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Em 1808, a dois de Maio, o povo miúdo de Madrid levantou-se contra os franceses que ocupavam o reino e tinham o Rei e a família real sob  tutela reforçada para não dizer prisão. A repressão a mando do general Murat foi violentíssima mas, na verdade, não só não parou a revolta mas deu início a uma guerra de libertação vitoriosa e exemplar.

 

 

diário politico 225

mcr, 13.04.20

Alguém deve ser responsável 

 

d’Oliveira confinado mas não resignado

 

O episódio do compasso nos arredores de Barcelos e mostrado na televisão seria ridículo e daria uma ideia de um Zé Povinho de que já nos tínhamos desabituado. Porém, no actual contexto, obriga a uma reflexão mais longa e mais penosa. 

A criatura do sexo feminino que brandia um crucifixo que um bando de transeuntes iam beijando à vez já deveria estar identificada e posta a bom recato. Aliás,  deve ser facílimo identificar essa palerma. Quanto aos restantes tontos valerá também a pena ver quem eram pois não parece insensato pensar que dali sairão infectados. 

Mas a teoria da irresponsabilidade e da insensatez destes “fregueses” que observam uma paródia de compasso obriga a que se vá um pouco mais longe. 

Quem autorizou esta palhaçada grotesca e perigosa? Quem forneceu o crucifixo?  Qual é a posição do pároco local e do senhor bispo (no caso o de Braga, ou o do Porto, desconheço os limites dos respectivos bispados)? 

A regra canónica tão pouco afeiçoada às mulheres já permite a uma o exercício deste mester que, verdade seja dita, é um tanto ou quanto pagão? 

Não me espantaria demasiadamente que nesta garraiada à antiga portuguesa estivesse a mão escondida de algum eclesiástico local ou regional. Ainda há pouco tempo vimos um pároco de uma localidade perdida a celebrar missa contra, parece, as indicações do bispo. E há a vaga notícia de mais umas desgarradas tentativas noutros locais. Padres estúpidos e ignorantes não faltam que nisto, na distribuição da inteligência e do bom senso há democracia até dizer basta. 

Não venho à ribalta para fazer propaganda anti-clerical, era o que me faltava. Penso, mesmo, que a Igreja tem neste processo de combate à pandemia um papel relevante, essencial. Os párocos, os centros paroquiais e as demais organizações eclesiais de base poderão contribuir de forma especial e importantíssima. O que torna este espectáculo ainda mais perigoso e risível. E exige, por isso mesmo, um inquérito imediato, completo, rápido e sem contemplações. E é por isso que, justamente, se espera uma posição clara do bispo local. E, já agora das autoridades civis, Junta de Freguesia e Câmara Municipal. 

Também se pergunta se, neste exibicionismo torpe, houve qualquer reacção policial pois duvida-se que ninguém tivesse prevenido as autoridades. 

......

(em aparte: depois de ouvir na televisão o senhor bispo do Porto, sem dessa entrevista tirar qualquer conclusão desfavorável, soube que Sª Eminência foi à ponte Luís 1º abençoar a cidade. De certa forma, isso surpreende-me. Na realidade a Sé do Porto e o Paço episcopal estão a uma cota mais alta (e mais histórica!) de onde a bênção eventualmente alcançaria mais almas. Será que o senhor bispo  e os seus conselheiros geográficos ignoram  o conceito de altitude?) 

(em segundo aparte, desta feita laico. O senhor Ministro da Administração Interna deu há momentos uma conferencia de imprensa que me faz crer que ou ignora o que se passou na zona de Barcelos ou prefere não se molhar condenando aquele estropício. É pena! )

 

estes dias que passam 360

mcr, 12.04.20

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Diário das semanas da peste

Jornada vigésima sétima

“13”

mcr, 12 de Abril

 

Estive para deixar este tema para amanhã, 13 de Abril  mas achei que não valia a pena. Não por hoje ser dia de Páscoa (ai os anos em que aproveitei esta semana para uns dias de praia no Algarve: partia do Porto sempre a horas de chegar a Évora para jantar opiparamente no Fialho e dormir o sono dos gulosos num pequeno hotel . No dia seguinte muito cedo arrancava para Albufeira e, zás!, praia com ele! Normalmente, havia sempre um grupo de amigos que tratava da logística. Eu só tinha que pagar a minha parte e não chatear ninguém) mas porque, graças ao restaurante “Treze”, vamos a CG e eu, dar conta do cabrito tradicional.

Treze (13) é número que nunca me meteu medo e nunca me deu azar. No único ano escolar em que fui o melhor aluno da turma (1º ano dos liceus) fui o número 13. Até ao nº 8 eram raparigas que não tinham cabido na turma das meninas. E do 9 (António Manso Pinheiro, 10: Bartolomeu de Abreu Pereira, 11: Carlos Veríssimo da Cruz, 12: Pedro Bento Pessoa) até mim já não resta ninguém. Sou um sobrevivente, assim o seja também desta vez.  

Foi, por duas vezes, oh coincidência!, o dia em que comecei a namorar duas raparigas, uma de cada vez, se faz favor !, e com vários anos de intervalo.

Todavia, o “treze” que, hoje, aqui me traz, refere–se a um restaurante que tem sido alvo de grandes elogios dos críticos gastronómicos. Ainda por cima, os preços são razoáveis e a relação preço qualidade é mais que boa.

Tudo começou quando, um amigo meu espanhol e vendedor de livros de altíssima (e caríssima) qualidade me informou que gostava de bacalhau. Combinámos que, quando ele voltasse a passar pelo Porto com encomendas para mim, ir-se-ia por um bom restaurante onde se servisse um bacalhau “à maneira”. Ora, eu conheço poucos restaurantes, o que é natural. Normalmente come-se em casa e, sobretudo quando vamos comer fora tento-me por outros pratos -quase sempre peixe grelhado- que não se façam em casa. Portanto, pus-me em campo, recorri ao meu amigo de blog JCP, fino gastrónomo e habitué de restaurantes tripeiros. O JCP com a generosidade que o distingue, forneceu-me uma pequena lista que pecava por ter estabelecimentos não muito centrais para o efeito. O acaso, sempre ele, fez com que numa ida ao barbeiro para cortar a gaforina, me tenha lamentado. E, sempre o acaso, fez com que nesse dia fosse atendido não pelo meu barbeiro do costume, mas por outro, o senhor Silva que, prestemente me informou da existência do “Treze”. Com a sorte dos inocentes, e porque era cedo, chegámos ao restaurante e tivemos mesa. Aviámos um belo bacalhau à lagareiro que mereceu aplauso meu e gritos de pura alegria do espanhol que, imediatamente declarou que, para a próxima seria ele a pagar. O que aconteceu algumas semanas depois. O espanhol quis repetir, enquanto eu, sempre fiel ao fiel amigo optei por outra versão bacalhoeira.

Dias depois, o “Público” em artigo de página inteira, tecia um rosário de louvores ao restaurante. Terá sido óptimo  para o simpático restaurante mas um desastre para mim. Entre Outubro do ano passado e Janeiro deste ano por mais vezes que telefonasse para reservar mesa, dava sempre com os burrinhos na água. Até que, um dia, liguei e disseram-me que se viesse cedo, haveria provavelmente lugar. Transportei-me maila CG e comemos um óptimo “bacalhau à Braz”. Ela lambeu-se toda, bebeu mais um copo de vinho, atirou-se aos doces, enfim, empanzinou-se!

E, porque é uma fervorosa das “redes sociais”, descobriu que o “Treze”, nesta época de aflição e redobrados trabalhos neste casarão, com a empregada recolhida na sua quarentena, fazia “take away”. Mais, por uma ridicularia traz-nos a casa a comidinha encomendada. Como é bom de calcular, afreguesámo-nos num ápice.

Ontem, por cautela, telefonei para saber se um cabrito assado no forno, proposta para o dia de hoje, já podia ser encomendado. Que não! Que, desde a segunda feira, estavam todas as encomendas “fechadas”. Porém, hoje, desconfiada ou iluminada, a CG ordenou-me que renovasse a tentativa. E não é que, a gerência do “Treze”, empolgada pelo sucesso, tinha conseguido que o talho lhe fornecesse mais dois ou tês cabritos? “Venha já!”, disseram-se “que ainda se arranja qualquer coisa!” Cinco minutos depois, aterrava no restaurante e obtinha o cabrito que só necessitava de um quarto de hora no forno. Para o efeito, o restaurante enviava uma nota com os passos a seguir.

O animal, mais o arroz de forno e um esparregado perfeitamente decente, já passou ao estreito. Com a ajuda de uma botelha de “Altano, reserva, 2008” que provou estar no momento exacto para ser consumida. A CG, provou, lambeu-se e opinou que sim senhor aquilo era, como o nosso amigo Sérgio diz, “uma pomada”!

Não foi o Algarve, não são (ahimé!) os meus quarenta e poucos anos, a praia é uma miragem, mas estamos bem, na nossa casa, carregados de saudades da filha, do genro, do neto e de todos os outros, arrenegando da pandemia e desejando a todos os amigos e leitores um bom dia de Páscoa, uma semana feliz e uma luz, uma luzinha, ao fim do túnel.

*a vinheta. Os leitores saberão que temos um neto que vai nos dois anos e meio. Terão reparado que, fora a notícia do seu nascimento, não abusei contando as gracinhas do petiz. Não resisto, porém, a mostrá-lo hoje. Agora despe-se, vá lá saber-se porquê, mas reparem no garbo com que monta o cavalo, nas luvas (mas que obediência aos cuidados que deve ter-se neste momento de pandemia!) e na chupeta que ele achará que serve de máscara.

Ai que avô babado!

(e a propósito da Páscoa eis duas sugestões: “Páscoa Feliz” ( e “Leah e outras histórias)  dois livros de José Rodrigues Migueis, um autor imperdível. E um disco “Grande Páscoa Russa” de Rimsky-Korsakov (Decca). Ou então a grande música religiosa: 

"Chants dela liturgie slavonne",  choeur des moines de Chevetogne (musique d'abord, Harmonia Mundi

"Chants de Catédrale de Benevento" (Harmonia Mundi)

"Divine lturgie orthodoxe a Zagorsk" (le Chant du Monde)

(nota: como já disse muitas vezes, só recomendo obras que conheço bem e que normalmente tenho, como é o caso. Três discos - cd - explendorosos e tods com uma parte de musicas pascais.)

 

 

Estes dias que passam

mcr, 04.04.20

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adenda à jornada 19 do diário das semanas da peste

(e vai dedicadaaos amigos do Chico e em especial ao Alcino)

Pela presente declaração se comprova e dá pública fé que....., além das elevadas qualidades morais que sua mãe sempre lhe reconheceu, esteve presente em corpo e espírito na celebração da passagem do primeiro cinquentenário de Francisco Cordeiro.

Mais se atesta que a participação do titular deste documento certifica perante toda e ualquer autoridade civil, militar ou religiosa, a obrigação livremente assuida, jus et de jure, de continuamente, e por todos os meios ao seu alcance, desde que lícitos, decorosos e constitucionais, dedicar ao homenageado a admiração e inveja (e mesmo alguma amizade) que constituem pressuposto e razão última da sua presença. 

A apresentação deste certificado constitui direito definitivo do titular para efeitos de trânsito, permanência (e abono de víveres) em todos os países com que Portugal mantém relações diplomáticas os quais deverão ainda prestar-lhe, caso sejam solicitados, assistência moral e religiosa.

Não serve de guia de marcha para comboios, aviões, navios e similares nem pode ser usado como comprovativo de idade no caso do titular pertencer ao sexo feminino. 

Obteve-se o imprimatur e todas as restantes licenças necessárias

Lagares da Beira, 3 de Agosto de 1991

Laus Deo

au bonheur des dames 425

mcr, 13.12.19

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Pido la paz y la palabra

 

mcr 13 Dezembro 2019

 

 

O título do folhetim de hoje é de Blas de Otero, poeta grande entre os grandes e resistente entre os resistentes, ao franquismo primeiro e a tudo na realidade.

E se uso Otero nesta croniqueta é porque talvez (um talvez esperançado mas não muito) o seu nome seja conhecido por Eduardo Ferro Rodrigues,  pelo menos devido ao facto do poema com este título ter dado origem a uma bela canção de Paco Ibañez que se ouvia muito nos anos duros a cujo estertor final EFR assistiu e, aliás, para o qual colaborou, honra lhe seja.

Gostaria de começar com um “meu caro Féfé” mas não o faço. Foi na qualidade de Presidente da Assembleia da República que ele tropeçou e a uma autoridade destas há que, mesmo para a criticar, usar um tom que sem ser subserviente não caia no desrespeitoso ou no demasiado familiar.

De facto, ontem o sr. Presidente da AR perdeu a cabeça e a contenção exigida pelo alto cargo que exerce. E, pior, cometeu uma injustiça ao tratar diferentemente dois deputados que usaram a mesma palavra “vergonha”. A um tratou-o rudemente, para não dizer mal, para não dizer que abusou da sua posição naquele areópago. Ao censurar o termo “vergonha” e, sobretudo ao extrapolar do seu uso para um insulto aos restantes deputados, o sr. Presidente demonstrou (mesmo que, como espero, contra vontade e para além do que devia) uma impaciência (e estou a ser demasiado suave) e um forte desconhecimento da língua portuguesa.

“Vergonha” mesmo no plural (“vergonhas” por partes pudendas masculinas ou femininas) não é insulto.

Mais: é usado aqui e em muitos outros lugares, parlamentos incluídos e quase não há sessão no britânico em que alguém não brade em discurso ou em aparte, “shame on you!”

Eu, como o dr Ferro Rodrigues (presumivelmente) não tenho qualquer simpatia pelo doutor André Ventura. Em boa verdade tenho mais sorte que o meu ex-camarada de MES porquanto nem sequer conheço a criatura e muito menos sou obrigado a ouvi-la.

Porém, o Presidente do parlamento está lá para ouvir sem emoção os desabafos, desde que civilizados, dos deputados. E mesmo os outros pois a AR já foi palco de muita discursata ofensiva.

Não cabe nas funções de Presidente da AR deidir qual o português que se usa e, muito menos, interpretar semanticamente o que se diz. No caso, nem sequer é uma interpretação. É uma distorção absoluta ou, em língua corrente e,  com o respeito devido, uma asneira de todo o tamanho.

Há porém mais, como argutamente o notava o caricaturista Luís na última página do Público de hoje. O dr Ferro Rodrigues deu, de mão beijada, ao representante (por enquanto único) do Chega uma oportunidade extraordinária de mostrar urbi et orbe, que é perseguido por quem deveria velar pela ordem , pela paz e pelo bom uso legítimo das palavras na AR

A coisa torna-se ainda mais caricata, o dr Ferro Rodrigues que me desculpe, quando na mesma sessão uma deputada do BE usou a mesma palavra sem ser admoestada.

Claro que poderemos sempre pensar que o dr Ferro Rodrigues quis ser um “galantuomo” e tratar uma senhora com requintes de amabilidade e compreensão. Mas também aí erra e não pouco. De facto o BE é um potencial aliado do PS, partido a que o dr Ferro Rodrigues pertence. Fez parte da “geringonça” e os seus votos são fundamentais para a aprovação do Orçamento.

Não ouvir a “vergonha” do BE quando ao som da outra do Chega se perde a calma e a razão e o sentido da língua é um erro dramático e um péssimo sinal para a defesa da democracia. Pode parecer parcialidade!

E em política, dr Ferro Rodrigues, o que parece É    

 

(a parte: como amigo do visado a quem reconheço humor e inteligência devo dizer que fiquei arrepiado com a sua intervenção, com o tom que usou que me pareceu prepotente. Numa palavra: estou envergonhado)

 

O leitor (im)penitente 209

mcr, 16.06.18

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Uma obra mítica

mcr 15.Jun.2018

 

Reedita-se, graças ao jornal “Público” o livro de Victor Palla e Costa Martins  “”Lisboa “cidade triste e alegre””. Trata-se de uma obra há muito desaparecida da circulação e que atingia preços elevadíssimos nos raríssimos leilões de alfarrabistas em que algum exemplar era licitado. Pessoalmente, nunca a tinha visto, mesmo se acompanhara uma que outra almoeda em que constava.

Trata-se de uma obra compósita recheada de excelentes fotografias (a preto e branco) comentadas por grandes autores contemporâneos da 1ª edição (Alexandre O Neil, Armindo Rodrigues, David Mourão-Ferreira, Eugénio de Andrade, Jorge de Sena, José Gomes Ferreira precedida por um belíssimo texto de Rodrigues Miguéis) e é mais uma mostra do invulgar talento de Victor Palla e de Costa Martins.

Sairá em fascículos  semanais (sábado) até fins de Julho e apresenta-se como um fac-simile da 1ª (e única até hoje) edição. Celebremos a ideia, a oportunidade, a possibilidade de muita gente se poder deliciar mas levante-se desde já uma objecção pouco meiga:

A “maioria dos herdeiros” (sic) exigiu contratualmente uma redução de 15% lineares nas dimensões da edição original, conforme consta do que, eventualmente será a última folha da obra.

Portanto, quanto a fac-simile, estamos conversados. Mas, independentemente disso, esta exigência da referida e famigerada “maioria dos herdeiros” (que em nada contribuíram para a edição orginal e se limitam a perceber os direitos desta), fere gravemente a edição. Alguém acredita que Victor Palla (logo ele!) e provavelmente Costa Martins não tiveram o cuidado de fixar com rigor as dimensões daquele livro-objecto?

Terá a esforçada “maioria dos herdeiros” sequer uma vaga consciência do que significa esta amputação da obra dos dois autores?

Será que essas mal inspiradas criaturas temeram que esta edição pudesse concorrer com a desaparecida e valiosa anterior que, de resta está toda na mão de colecionadores e leitores?

Ou presumirão estes surpreendentes herdeiros (“maioria”) que com esta alteração melhoraram a obra dos autores?

Deixemos este pequeno atentado na consciência (se a têm) da tal “maioria” de herdeiros. De certo modo, esta posição ridícula, estúpida e presunçosa, demonstra claramente que o talento, a criatividade e a inteligência não se herdam.

E compremos, mesmo assim, este belo livro. Será, de todo o modo, uma homenagem aos seus autores que não são culpados de terem os herdeiros que lhes caíram na rifa.

Estes dias que passam 372

mcr, 29.05.18

Nem sim nem não

 

mcr 29.V.18 

 

 

O Parlamento chumbou as propostas de legalização da eutanasia. Porém, o grande problema do distinto areópago era outro: nenhum dos senhores e senhoras deputados/as estava mandatado para se pronunciar sobre esta questão. Retificando: o PAN teria colocado a questão no seu programa eleitoral. Os restantes, nada.

Percebe-se, aliás, a razão, desta omissão tremenda da defesa dos direitos humanos: há custos, altos custos, eleitorais neste tipo de propostas fracturantes. 

A senhora coordenadora do BE já disse que voltará ao Parlamento com proposta idêntica. Espero que, dessa vez, o faça confortada com o voto dos seus eleitores. O mesmo desejo para os restantes. É bom, é salutarmente democrático, que os eleitores saibam o que farão os deputados com os votos por aqueles conferidos. Espero, mesmo  com fortes dúvidas, que todos os que vierem solicitar o nosso voto tenham a coragem de em plena campanha se assumirem como defensores ou opositores da eutanásia. 

Pessoalmente, quero ser eu a decidir sobre a minha morte. Recuso-me, todavia, a obrigar quem quer que seja, mormente médicos ou enfermeiros do SNS, a aceitar a minha decisão e a (eventualmente) violar a sua consciência.Em segundo lugar, devo advertir que a famoa discussão pública foi escassa, quase inexistente. 

E, já agora, gostaria de saber porque raio não me é permitido pedir a um par de amigos que me atirem ao mar. Parece que isso, com ou sem eutanásia, é proibido. Notem que nem falo de um pobre vivente mesmo em coma inexorável e em grande sofrimento: falo do meu desditoso futuro cadáver. 

Ou será que alguém pretende proteger as funerárias que à falta de se poderem cevar no morto, cobram balúrdios aos vivos que sobram? Senhores deputados, esta causa não é fracturante, não defende especiais direitos humanos mas tambem não ofende as crenças de quem quer que seja.O mar dá-se melhor com um cadáver do que com o plástico, o lixo, os óleos contra o sol e outras porcarias do mesmo tipo. Desejo-vos boa vida e, se possível, melhor morte.

 

 

diário Político 226

mcr, 15.05.18

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A criatura Bruno de Carvalho devido às suas conferencias de imprensa e aos seus escritos é claramente responsável e cúmplice do gang que atacou o centro de estágio.

Ninguém acredita que os cinquenta cobardes de cara tapada tenham agido sem terem as costas quentes e sem uma palavra de ordem. De onde poderia ela vir senão de quem desde há meses atiça o fogo e o ódio aos jogadores?

A minha proposta é simples: imediata passagem do clube a um escalão inferior, se possível bem inferior. Ninguém pode aceitar que o “fecundo ventre” de onde saíram os agressores apareça nos estádios rodeado dos gangues organizados que vivem por ele, para ele e com ele. Se até o principal e festejado goleador Bas Dost está ferido e impossibilitado de jogar na final da Taça, que é que se pode esperar desta súcia que anda por aí à solta?

(estava eu a escrever este folhetim e eis que a SIC fornece o registo de uma conversa de um responsável (e intermediário) sportinguista que, sem papas na língua, se alarga (e confessa) sobre a tentativa (dele) de corrupção de árbitros de andebol. Estamos num mundo nauseabundo.