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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Au bonhheur des dames 618

mcr, 05.09.24

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"Trabalhos do olhar"

mcr, 4.9.24

 

Os leitores repararão que o título vem entre comas, útil precaução  porque subitamente lembrei-me que alguma vez lera algo com título idêntico.  E depois de um par de minutos, veio-me o nome do livro em causa bem como o do seu autor. Trata-se de Al Berto um poeta  que descobri em 77, na finada livraria Opinião (Lisboa) local de obrigatória peregrinação onde fiz vários amigos e descobri um largo par de autores. Ora justamente nesse ano glorioso  numa tardinha dei por mim lá com o Fernando Assis Pacheco  no que era o lançamento de um livrinho "À procura do vento num jardim de Agosto" que, suponho ter sido a a segunda modesta obra do Al Berto. Com o  lançamento do livro havia também a vernissage de uma exposição de alguém que se chamaria Dodô e que titulava a mostra com o nome de  "Lápis de amor e outras fantasias"  (Oh memória absurda de repente tão solícita!...).

Recordo que o Assis me confidenciou que não perdia a apresentação de uma primeira obra fosse quem fosse o autor pois acreditava que no meio de muita juvenília poderia aparecer um autor. E foi o caso. AL Berto viveu pouco tempo mas deixou alguns livros memoráveis de grnde qualidade .

Todavia não é de literatura que venho falar mas tão só de mais uma tentativa de enganar a cegueira que espreita e que combato com injecções nos olhos (só para travar o progresso da maleita...).

Para além de ver mal sobretudo a curta distância,as minhas capacidades de leitura só são combatidas graças a uma verdadeira colecção de lupas electrónicas , cinco ao todo, para todas as ocasiões e para todo o tipo de livros.

No caso em concreto, tenho andado a colocar etiquetas nas estantes dos cds. Como de costume, e a tarefa foi para já reduzida  ao jazz, resolvi rearrumar os discos e, fundamentalmente, sinalizar claramente os autores de modo a poder ler de longe, enfim a meio metro, o nome do músico.

Claro que, e por isso falei em costume, também tive de fazer o mesmo em quatro gavetas onde jazem mais três centenas de peças, sem falar noutra estante essa de livros onde estacionam os discos que se agrupam em caixas grandes quase sempre colecções antológicas que normalmente trazem cem discos por caixa. Se essas são rfáceis de localizar, outras há onde agrupei por ordem alfabética  outros discos também arrumados por autor. enfim um trabalho  que já me permitiu descobrir discos repetidos ou um largo número de peças nunca ouvidas, por desleixo, por esquecimento ou apenas porque na altura entendi guardar a audição para melhor altura. 

Este trabalho beneditino está prestes a chegar ao fim pois num quarto e último lugar  juntei a quase totalidade das cozes femininas. E digo vozes porque à excepção de meia dúzia  de pianistas (todas de qualidade!...) a imensa maioria são cantoras de Bessie Smith a Sara Vaughan, de Billie Holiday a Dinah Washington ou de Ella Fitzgerald a Nina Simone. 

Paralelamente vou continuar uma outra tarefa que é a de meter muitos destes músicos em várias  pens  o que me permite sem mais trabalho fazer longas viagens sem nunca repetir peças ou autores. 

E se não cmecei já foi porque, agarrei num disco, Empty bed blues só para ouvir um trecho mas agora sinto que tenho de o ouvir até a fim.

E não se pode fazer duas coisas, sobretudo quando é Bessie que canta. Fica o folhetim por aqui que há mais 14 faixas para ouvir ...

 

estes dias que passam 933

mcr, 31.08.24

Preso por ter cão ( e por o não ter)

mcr, 31-8-24

No jardim à beira mar plantado a mesquinhice medra mis do que a merda bolsada pelos políticos.

O primeiro ministro não perdeu tempo em acudir ao local da tragédia no Douro. Fez o que devia e ai dele se o não tivesse feito tão rapidamente. 

Uma vez no local, entendeu meter-se numa lancha e navegar até à zona dos mergulhadores para, segundo ele, dar uma prova de apoio aquele esforço duro e perigoso. Alguém, na lancha fotografou-o e divulgou a imagem. Não ponho em questão que esse último toque teve mais de propaganda do que de piedade pelos mortos.

todavia é assim que a politica se move, É por isso, por exemplo, que quando alguém no duvidoso mundo da política quer dizer algo de sensacional se guarda para a hora nobre dos telejornais.

De todo o modo, mesmo dando por certo que na divulgação da viajem de lancha possa haver algum espectáculo, não vejo nisso mais do o costume e, convenhamos, do que os costumes mais admissíveis na chamada comunicação política. 

Não foi assim que os restantes políticos de outras áreas que não se terão lembrado de peregrinar até ao distante norte entenderam o passeio fluvial de Montenegro. 

Vai daí desataram numa berraria acusatória. Pelo que tive de ouvir nos noticiários televisivos foi maior a indignação que a comiseração pelos mortos. 

Pior, no "barulho das luzes" quase se subentendia que toda a acção de Montenegro fora mera encenação.

Estou à espera do que dirão sobre o dia de luto nacional. Aposto que, no mínimo ,se tentará murmurar algo que esteja próximo do "exagero". A menos que alguém de bom senso explique que a proclamação do dia de luto teve forte aceitação popular e terá calado fundo na região e nos elementos da GNR. 

 

Deixemos este triste aspecto da "nossa" política e passemos a outro tema: As eleições americanas.

Os leitores lembrar-se-\ao do escândalo que as declarações do chefe da bancada parlamentar do PPD  que por "não conhecer bem o pensamento da Kamala Harris tinha dificuldade  em optar por alguém. como se aquela anormalidade trumpesca não mostrasse, ao primeiro esgar, de que farinha era feita a personagem... Sobretudo, depois da experiência de quatro anos de presidência par já não falar das condenações e dos processos que enfrenta... Ou do ataque ao Capitólio.

Entretanto, leio no público uma declaração da criatura Pulo Raimundo, secretário geral do PCP que a propósito disse (e cito) "não  escolheria nem um nem o outro. Para mim não há dificuldade nenhuma.

Este pobre diabo revela a cada momento que passa. No afã de mostrar que é uma caricatura de proletário e um verdadeiro marxista leninista consegue dizer uma burrice que escandalizaria as cinzas de Stalin se lá chegasse o eco da sua voz.  Digamos que, nesta frase, se condensa o grau zero da inteligência política  e humana. Já não bastava ao PCP a sua pecha pelos ditadores de pacotilha bem visível no caso de Maduro onde conseguiu indispor o  "partido irmão"  mas uma declaração deste teor mostra até que ponto o autismo, a ignorância, a incapacidade política chegaram.  

Para terminar a "silly season" estas duas desoladas observações chegam e sobram. 

(antes que o nhabitual desconhecido, desate a comentar, convém recordar que nunca me passou pela cabeça votar à direita ou mesmo num PPd taavestido de soacial democrata. E não sou sequer fã de Luís Montenegro, que, porém, nesta tragédia, se portou decentemente. Como era seu absoluto dever.)

estes dias que passam 932

mcr, 30.08.24

Luís

mcr, 30-8-24

 

Despeço-me (provisoriamente...) do sr Luís, o proprietário do pequeno café e esplanada que se pira par férias (mais do que merecidas!) nestes próximos quinze dias. 

Vai ser horrível andar à procura de um local acolhedor para ler o jornal e tomar as duas primeiras bicas do dia! Provavelmente, a cerca de cem metros ou menos o  "Venha cá" ao fundo da galeria estará aberto mas eu é que não me habituo a essa pequena e breve mudança: falta-me a vista do jardim,  a plena luz diurna e solar, os rostos habituais daqueles a quem um vizinho de mesa chama "os habituais do centro de dia".

E, subitamente, começaram as coincidências: Um menino pequeníssimo e traquinas conseguiu evadir-se do carrinho e desandou esplanada fora explorando cada mesa. "Anda cá Luís..." murmurou, enternecida uma avó.

Entretanto, passou sem entrar um fantasma envelhecido que, costumava sentar-se à minha mesa quando um seu amigo me fazia companhia. Já não lhe recordo o nome mas nunca esquecerei o dia em que, consultando o telemóvel, anunciou que o Luís Neves tinha morrido há quarenta e muitos anos. Fiquei estarrecido. o Luís Neves, esse Luís, fora meu amigo de infância e juventude, Éramos vizinhos no Verão e durante quase vinte anos fomos do mesmo e inseparável  grupo de praia, Era o tempo dos imensos Verões de quase três meses, de milhares de jogos de futebol, nós contra o mundo ou pelo menos contra uma equipa de malta de Buarcos que andara comigo na escola primária. O Xico, irmão mais velho do Luís lá convencia o João S Marcos Amaro, o "Mantana", amigo certo que já não vejo há uns bons trinta anos, a criar uma equipa rival para tirar teimas futebolísticas.

Fomos caloiros no mesmo ano, eu o Luís, o meu irmão e o Alfredo Alberto (outro que também já cá não mora) mas a política académica e associativa lá nps foi afastando pouco a pouco até ao dia em que num estúpido e brutal acidente de automóvel, o Luís morreu. Digamos que foi essa a primeira vez que a morte nos bateu desalmadamente à porta. Subitamente, nesse dia que não esqueço o nosso grupo chorou copiosamente a chegada intempestiva da morte, uma desconhecida que ninguém esperava. 

E não é que numa mesa ruidosa se discutia acesamente o facto de Maria Luís Albuquerque ir para a Comissão Europeia, provavelmente para um posto honroso e apetecível, sobretudo pelo porque ela tem um currículo invejável  (professora universitária, deputada, Secretária de Estado e Ministra) para já não falar de um par de cargos no privado que a tornam forte candidata entre uma série de homens nomeados por governos que nem sequer apresentaram uma alternativa feminina ?

Coincidências demasiadas para uma sexta feira de Agosto, no ano do Vº centenários desse outro e gigantesco Luís (de Camões) de que tão pouco  sabemos  e que tanto nos deixou! 

E agora, enquanto desfio este relato da primeira parte desta manhã, vem-me à memória o rído que esta nomeação do actual Governo,  presidido por outro Luís, provocou. 

Eu que nunca votei PSD ou PPD, que não conheço o actual 1º Ministro ou a sua indicada Maria Luís, às vezes pasmo-me com a gritaria que se ouviu. Que a srª Albuquerque fora ministra de Passos Coelho e por isso responsável pela governação a meias com a troika em má hora trazida e provocada por um péssimo e alucinado Governo socialista cuja política levou o país à mais tremenda ruína post 25 de Abril, justificando a posteriori o diagnóstico de Durão Barroso (o país está de tanga, sic).

Pelos vistos, ainda hoje, ou já hoje, há quem leve a desmemória ao ponto de afirmar que um governo (aqui e por mim duramente criticado) poderia ter governado de outra maneira quando os credores nos batiam à porta e as agências internacionais nos tratavam como lixo. Que as criaturas do BE, do Livre, do PAN (do PAN, jesus Maria José!!!) regouguem contra percebe-se. Nunca passaram de pequenos ajuntamentos, sem experiência governativa, sem autarquias, sem sindicatos, sem real presença na imensa maioria das regiões do país, tudo o que trouxeram à discussão foi um penoso exercício de esconjuros  sem sequer distinguirem as capacidades da proposta comissária. Quereriam estas criaturinhas  que se propusesse alguém de "esquerda" sequer  "consensual" (e para eles o consensual é um mistério mais difícil dos que a Igreja ensina sejam eles dolorosos, gloriosos, gozosos ou luminosos) como se isso fosse possível ou sequer plausível no actual contexto político partidário.

Percebe-se que para o Pc este nome seja revulsivo mas, em boa verdade, p PC é contra a União Europeia, contra a sua influência e  existência. Neste capítulo apenas me surpreende que, apesar de tudo, o PC tente eleger deputados europeus ou aceite que o país receba ajudas económicas e financeiras desse detestável órgão,vera encarnação d capitalismo, (e já agora do imperialismo e de todos os restantes ismos com que, num rosário envelhecido e cada vez menos original, os comunistas rezam juntamente com a fraterna Coreia do Norte e outras potências "amigas"  cujos povos desfrutam de intensa felicidade, de amplos recursos e de um teor de vida absolutamente invejável, "democrático, patriótico e de esquerda")

Já o PS  que também entrou no coro  é mais difícil de entender. Então o Governo, este Governo, propõe Costa para as instâncias europeias e agora Maria Luís?

Teria o PS algum/a candidato/a mais óbvio/a e mais bem curriculado/a?

(já agora: nem sequer vou tentar enumerar as diferenças essenciais entre as políticas restritivas prosseguidas pelos governos em que MLA esteve e as famosas cativações que, em verdade pouco ou nada mudaram a vida das pessoas e os seus rendimentos.)

Bem que gostaria de ter metido nesta desgarrada algumas Luisas. E teria três excelentes candidatas, a saber a Novais, do tempo do Luís propriamente dito, a Feijó quase uma irmã e a "Ventoinha". Não perderão pela demora e até lá beijos muitos e sentidos.

 

(Coimbra, Latada  de Ciências, 1960. O Luís  é o primeiro e eu o segundo a contar da esquerda. Estava-se em plena guerra da Argélia e os grelados de Ciências entenderam mostrar o que sabiam sobre os recentíssimos camuflados usados pela tropa francesa.Os três restantes caloiros chamam-se *Santos da Cunha, Carlos Monteiro e Alexandre**

 

 

 

 

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estes dias que passam 931

mcr, 26.08.24

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Ligar o complicador

(usar o estupidificador...)

mcr, 26-8-24

 

Viver no Porto não é sempre coisa fácil. Os cidadãos bem que fazem pela vida mas a Câmara Municipal saudosa dos bons velhos tempos em que mandava e desmadava o pópulo ingrato e insubmisso, tem por norma complicar-lhes a vida. 

Desta feita, poucos anos depois de ter gasto rios de dinheiro a arranjar a Avenida da Boavista, entenderam "eles, os camarários" mancomunados com as gentes do Metro voltar a rebentar com a única avenida relativamente ampla da cidade e meter-lhe no meio um "metrobus, ou seja uma espécie de autocarro a mover-se em via dedicada que sai da rotunda da Boavista e desemboca na rotunda da "anémona" em Matosinhos e, paralelamente usar a avenida Marechal Gomes da Costa fazendo também por ali passar o referido metrobus. A coisa terá o aspecto de um Y e neste segundo eixo tambem entenderam as temíveis criaturas camarário-metrobusistas destruir um arruameto que era um dos mais bonitos e aijardinados da cidade. 

Convirá dizer, para quem não tem a azar de viver na cidade "invicta" que quer o percurso em Marechal Gomes da Costa quer o último troço da Boavista servem residências luxuosas ou ainda prédios de andares a preços classe média alta ou muito alta. 

A meia da venida da Boavista, está a zona dita do "Foco" nome popular dado a um bairro constituído por seis blocos de prédios e quatro torres entre os dez e os dezoito andares para além de uma igreja, um hotel e uma edifício também de escritórios a que no prazo de dois anos se juntaram duas dúzias de moradias de alto (altíssimo !...) preço e de pelo menos um prédio frente à Igreja (serão mais num futuro não muito longínquo  a ladear uma boa centena de metros da Avenida com previsíveis densidades bem altas).

O referido e mal denominado bairro do foco agrupa quatro centenas de habitações  extremamente amplas com um jardim ao meio. Há também duas galerias comerciais e um hotel desactivado que em projecto será requalificado para mais umas dezenas de amplos apartamentos

Poderá falar-se sem qualquer exagero numa concentração de alguns milhares de pessoas incluindo, empregados de escritórios, de lojas, cafés, restaurantes que por sua vez atraem um número apreciável de visitantes diurnos e nocturnos.

Este conjunto está em vias de ser classificado (e muito bem) com de interesse municipal dada a alta qualidade da arquitectura e da construção. o conjunto é servido por três arruamentos de boa dimensão, além da rua que lhe serve de ligação à avenida da Boavista e que também ela está preenchida por uma dúzia moradias, além das três ligações à zona do estádio do Boavista também ela cm prédios de habitação de dimensões mais reduzidas, algum comércio e duas escolas secundárias.

Do bairro em questão saía-se para a Avenida por uma ampla rua com três pistas: uma de entrada e duas de saía para poente e nascente. Esta última implicava obviamente o atravessamento da avenida.

Subitamente, num envergonhado sábado de Agosto, apanhando moradores e visitantes  em férias, eis que as duas saídas para a Avenida se destinam unicamente ao lado poente.

Esta direcção é justamente a que é (muito) menos usada pelos moradores que terão na sua imensa maioria os seus empregos nas zonas mais centrais da cidade. 

Entretantoa saída mais próxima para nascente ficará limitada a uma estreita rua que liga o estádio à avenida  ou, andando mais uns centos de metros a outra rua igualmente estreita  (r João de Deus) que eventualmente ainda desembocará na avenida da Boavista.

Hoje, na esplanada, o habitual grupo de frequentadores dividia-se entre o sarcasmo e a irritação. 

Genericamente todos concordavam com a falta de sentido desta modificação que empurrava todos quantos quererão alcançar as zonas centrais da cidade para "um par de quelhos" pequenos em que o efeito de funil produzirá quase constantemente bichas que nas horas de ponta das escolas se transformarão em horas de embaraço, buzinadela, exasperação e, sobretudo, de incompreensão absoluta sobre o bem fundado da alteração  da rede viária. Todavia a maioria ia mais longe e acusava a Câmara ou o departamento de trânsito de ignorância cavernosa e de burrice supina.

Eu, mais modestamente, ia sugerindo que a Câmara ou o tal departamento apenas cumpriam galhardamente o seu destino histórico de complicar, de chatear o indígena ou provavelmente de tentarem enviesadamente impor mais dificuldades ao trânsito automóvel propondo o uso de um metrobus cujos tresloucados responsáveis que finalmente já terão percebido que na zona terá poucos usuários.

No meio disto, um cavalheiro que, pelas dez da manhã já ia na segunda cerveja, bramia que "os ricos devem pagar a crise" 

"O gajo ou já está como há de ir ou é da UDP-

Ainda tenti dizer que a dita UDP estava defunta ou amalgamada no Bloco de Esquerda juntamente com ex-revisionistas e outros tantos trotskistas mas os protestatários nem me quiseram ouvir. 

Aquilo é tudo uma cambada!... (claro que o substantivo usado foi mais barroco, mais tripeiro e mais saído do coração mas isto é um blog respeitável que não gosta de ofender as mães e avós dos cavalheiros que num dia perdido de Agosto  nos pregaram a partida que acima se descreve.

Arre!

(ou em latim macarrónico: arrium porrium catanorum cunque!...)

Junta-se mapa elucidativo 

estes dias que passam 930

mcr, 21.08.24

os outros, sempre os outros

mcr,17-8-24

 

os outros são maus, mesquinhos, estúpidos, de direita de extrema direita, radicais de esquerda, da esquerda infantil, ultra liberais)  incapazes politicamente, contra o povo e as classes laboriosas, ou contra o proletariado se ainda o houver, racistas, colonialistas, homofóbicos e tudo o mais incluindo traidores à pária.

Claro que, no debate político. ou naquilo que por cá corre com esse pseudónimo, h\a mais um milhar de variantes.

Repararão os leitores (se os há nesta época tão balnear e calorenta) que aquilo a que agora assistimos é apenas a desqualificação a outrance do Governo pelos vencidos (mas não convencidos) das últimas legislativas.

Não é novidade, apresso-me a dizer para não ser tomado por agente do Governo. apenas acontece que, com um governo minoritário, são em maior número e com os mais variados propósitos, as farpas atiradas contra o Poder.

Vejamos um par de exemplos:

o dr Montenegro anunciou a criação de dois novos cursos de Medicina. Logo o sr bastonário dos médicos veio uivar que médicos é o que mais há mas que estão mal aproveitados.

(se eu quisesse ser maroto, poderia afirmar que este cavalheiro fala em nome de interesses da classe nomeadamente na diminuição de concorrência.  A mim, não me repugna um excesso de licenciados em Medicina ou então teria de citar o tremendo excesso de licenciados em ciências humanas, em direito para só citar dois casos onde pelos vistos não há numerus clausus) Obviamente, se de facto há médicos mais que suficientes conviria repensar as razões da sua falta no SNS. Retribuição insuficiente?, má organização hospitalar, falta de meios técnicos para acolher e tratar quem se dirige ao hospital?

Qual (já agora...) a razão do sucesso dos hospitais privados, a rapidez no atendimento e crescente procura destes serviços que, no entanto, custam bastante a quem a eles se dirige? 

Já o sr Pedro Nuno veio desdenhar afirmando que a medida só terá efeito daqui a dez ou mais anos... 

Todavia não se ouviu da parte dele a mesma crítica feita pelo bastonário. em que ficamos? há ou não médicos a mais? E como é que estão distribuídos? Porque é que no Norte se verifica uma quase total situação de urgências abertas?

 

O Governo anunciou um subsídio excepcional de 100 a 200 euros aos reformados, a pagar de uma só vez em Outubro.

Logo os costumeiros  e alegados defensores dos pesionistas coitadinhos juraram que a medida é a)  eleitoralista, b) insuficiente c) descontextualizada ou d) um penso rápido!

em relação a este último ponto vou tentar ver quantos pensionistas indignados se recusam a receber o  cacauzinho.

E recordo que durante os precedentes anos outros governaram e não melhoraram especialmente ou de qualquer outra maneira a vida dos pensionistas.

Também aqui seria bom tentar perceber qual foi a vida contributiva dos trabalhadores ora reformados. Salários baixos levam a pensões baixas. Porém, salários baixos permitiram a milhares de empresas funcionar e criar emprego. Portugal é desde há muito (ou desde sempre) um país com pequenas e pequeníssimas empresas e, aí bate o ponto, continua a sê-lo. quando por milagre aparece uma empresa sólida ebem dimensionada são tantas as dificuldades (incluindo as burocráticas...) com que esta se debate que chega quase a parecer miraculoso o seu aparecimento e crescimento.

Mas sobre o tecido empresarial do país o debate ou não existe ou é quase nulo.

Aliás, não deixa de ser notável uma recente petição apresentada à AR para eliminar o trabalho aos domingos e feriados  nas grandes superfícies. A mesma petição propõe que se diminua o número de goras de abertura nas mesmas empresas. A ideia qque parece favorável aos trabalhadores tem porém uma contrapoartida: a eliminação de emprego na ordem dos 20 a 30%  do número de empregados. E para onde bão estes eventuais futuros desempregados?

Será que os peticionários sonham com a reabertura do pequeno comércio de rua que, em muitos casos, vendia produtos piores e mais caros? E onde se estabeleceriam essas eventuais e duvidosas lojas se não há locais acessíveis e a preço razoável? 

Gostaria de salientar, mais uma vez, ue não sou dos que embandeiram em arco com as propostas do Governo actual como de resto também não dei pulos de alegria com toda uma série de medidas do anterior e longo governo de António Costa.

Assisto com escassa ou nenhuma surpresa aos gritos de indignação com a situação de centenas de milhares de imigrantes que se acumulam às portas da AIMA para obter dois ou três papeis que, provavelmente, a Iunta de freguesia poderia (ou deveria poder) emitir.

No meio disto tudo, aquela ajuntamento de patriotiros parvos e ignorantes quer um referendo sobre a imigração. sto num país de ondem saem anualmente 50.000 jovens e onde falta mão de obra para quase tudo o que do campo, do interior ou mal pago (ou as três coisas juntas)-

Consta que o seu líder (ou patrão ) tem um curso superior e, mesmo, um doutoramento. Por muito pouco que, actuualmente, estas referências académicas valham ( e cada vez valem menos e significam menos) custa pensar que aquela gente (que só pensa pela cabeça do cabecilha) não tenham ainda reparado que sem imigrantes isto vai ao fundo. 

Os leitres recordarão que a crise dessa malfadada instituição que trata (mal) dos imigrantes sucedeu  ao SEF. E sucedeu porque um ministro paspalhão e um governo desnorteado não conseguiram resolver um problema infame mas simples (o homicídio de um desgraçado imigrante ucraniano que só queria trabalhar cá). A experiência acumulada pelo SEF e a eventual rapidez com que resolviam situações de acolhimento foram deitadas para o lixo e criou-se uma coisa pomposa que mete água por todos os lados e que, diz-se, vai sofrer um par de greves nos próximos dias. em países menos dóceis aquilo já teria sido invadido meia dúzia de vezes por gente que espera e desespera e provavelmente haveria um par de funcionários espancados. 

Mas não, as bichas repetem-se diariamente, os pobres desgraçados maldizem a sua sorte e agora apanharão com uma greve de funcionários eventualmente cansados!

Isto das greves a propósito ou a despropósito começa a ser doentia sobretudo na ferrovia, ou seja na cp que só tem 17 (dezassete!!!) sindicatos. Basta um para parar tudo e com quase dúzia e meia a coisa é simples e bastam  pequenos  acordos para dezenas de milhares de trabalhadores suburbanos perderem horas e dinheiro e tempo, muito tempo, graças às paragens constantes de algo que n\ao tem conserto possível enquanto tiver o monopólio do transporte ferroviário.

Alguém entretanto veio acusar o Governo em funções (o que não significa exactamente funciona, ou pelo menos funcionar adequadamente...) de querer promover a alternativa privada porque terá havido uma eventual redução do número de comboios a comprar!

Convenhamos que comprar locomotivas e carruagens para estarem paradas demasiadas vezes não faz sentido nenhum. 

Estamos no Verão pelo que tudo isto , este pequeno bulício, pode não querer dizer nada. A estação é a silly seadon pelo que resta-nos aguardar por mais semanas e meia.

E para fechar com o bouquet final e estafado do costume eis que acabo por saber que o sr Presidente da República se acolheu a um modesto hotel de três estrelas em Montegordo para. ao que parece, sentir o povo perto. Que lhe preste... 

E que aproveite o mar quente  que este ano está a dar forte e feio.

(este post sai mais remendado do que devia ser permitido mas tenho andado uma roda viva  que só terminará hoje à tarde, altura em que irei apanhar mais um par de injecções nos olhos. Não é petisco que deseja a quem quer que seja mas é o está a dar...)

au bonheur des dames 627

mcr, 24.07.24

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Os meninos em liberdade

(E os adolescentes, os jovens estudantes e mais tarde os adultos com pouco tempo...)  

(no ano de 53...)

 

O jornal traz hoje a notícia da reabilitação e abertura da piscina mar da Figueira da Foz. E acrescentava a extensa notícia que a ideia fora de Santana Lopes, actual presidente da Câmara.

Convenhamos que depois de vários outros presidentes da mesma Câmara, quase sempre  socialistas esta novidade em um gosto entre o amargo e o doce. Eu tenho por Lopes a pior das impressões  mas a equidade, o bom senso  e ofacto de ser um pobre homem de Buarcos obrigam-me a aplaudir a Câmara que, aliás, foi quem tomou a cargo a obra. 

 

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Santana, de resto, já havia iniciado as obras do Mercado, um edifício de ferro dos princípios do século passado e foi o impulsionador do Centro de Artes. Tudo isto feito por fulano que nenhuma ligação tinha à Figueira e que só se apoderara da Câmara porque o PS a certa altura dividiu-se ao meio e abriu uma avenida triunfal para um político que falhou todos os objectivos a que se propôs 

Foi  nesta piscina de águas salgadas que aprendi a nadar. Melhor dizendo a nadar defeituosamente porque quer eu quer o meu irmão longe da vista paterna nos escapulíamos às aulas de natação para ter mais tempo para brincar.

 

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Quando regressei de Moçambique para fazer o 3º ciclo na “metrópole” passei longas férias na Figueira e a piscina era o meu poiso favorito em Julho. Nessaaltura, o nosso pequeno grupo de amigos (onde estarão elas e eles agora?) tínhamos a piscina toda (ou quase...) para nós.

Anos depois, já formado ainda me hospedei uma ou duas vezes na estalagem da piscina, 

Depois fui sabendo que a sociedade que a detinha a vendera a outros empresários e que pouco a pouco  se fora degradando a pontos de o que há agora (e que parece bom) tem poucas semelhanças com aquela piscina onde tive os naturais namoricos de Verão.

Pelos vistos, Santana Lopes quer refazer a estalagem ou algo do mesmo género. Que as mãos não lhe doam. Se for preciso que o reelejam!

A propósito de piscinas confesso que quase todas as que longamente frequentei estão em mau estado Incluindo a belíssima piscina do Club Ferroviário de Nampula que nas férias grandes /enormes) de Verão  (anos de 62, 63 e 6). Aqui perto de casa a piscina do hotel Tivoli está mesmo escaqueirada e tudo indica que não será reabilitada pelo menos para uso público.

(mais uma herança do BES que até à data não se resolveu fosse de que maneira fosse).

 Durante os anos em que trabalhei na Delegação Regional de Cultura do Porto, fiz um acordo com os meus antecessores e conseguia chegar à piscina antes do meio dia e meia e só sair para trabalhar duas horas depois. Compensava com um horário mais prolongado pela tarde que, de resto, favorecia todos os agentes culturais que só depois dos respectivos empregos podiam ir à DRN resolver problemas dos organismos que dirigiam Nada disto me tirou o prazer do mar desde que houvesse ondas mas uma piscina, se ainda por cima é de água salgada, é a melhor coisa que pode acontecer a quem tem pouco tempo disponível.

 

os leitores perdoarão esta evocação de anos antiquíssimos masquequerem. Estes dias calorosos não dão para mais. De cima para baixo a piscinada Figueira como era nos seus tempos de glória; a iscina do hotel tivoli foco aqui a dois passos como seguramente já não é e a piscina do clube ferroviário de Nampula que, pela fotografia parece estar quase na mesma mas nunca fiando...

 

estes dias que passam 925

mcr, 22.07.24

América, América...

mcr, 22.7.24

 

no país onde os valores da juventude são exacerbados, ser Presidente com mais de setenta anos ´algo de incomum. Mesmo se nos lembrarmos de Ronald Reagan e da sua fortíssima presença, a presidência não é algo que, por lá, os eleitores apreciem cofiar a quem passou a barreira acima citada.

É verdade que Joe Biden fez um excelente mandato mas isso não foi suficiente para se candidatar de novo. Os anos pesam-lhe, anda devagar, e mesmo se não se lhe possa absolutamente prever um fim de vida dificil tmbém nada aconselhava a que se recandidatasse.

Joe Biden deixa um registo bom e melhor seria se a tempo tivesse permitido que surgisse um/a candidato/a viável para enfrentar Trump, que também nada tem de jovem mas que ainda se mostra impetuoso e capaz de mentir  ou melhor capaz de entre vinte mentiras dizer alguma verdade.

Contra um radical narcisista qualquer campanha é difícil. Se, como no caso, um rapazinho registado como eleitor republicano  (é bom lembrar isto, repetir isto e perguntar com é que pode chegar até onde chegou, carregado de arma e munições, ser visto por várias pessoas e mesmo assim ter tido tempo para disparar um par  de rajadas  que mataram um inocente e rasparam na orelha do vilão)  se dá ao luxo de tentar um magnicídio (horrenda palavra sobretudo se nos lembrarmos do alo) antes de oportunamente ser enviado ad patres pelos atiradores que não o viram chegar mas rapidamente o liquidaram, temos farta dose de factos para embarcar nas mais desvairadas teorias da conspiração.

Contra um adversário ungido por um tiro na orelha, Biden que perdera um debate, não tinha já qualquer hipótese. Resta saber se alguém no campo democrata a terá a começar pela srª Kamala Harris, uma vice-presidente que nunca deu nas vistas ( que não parece gozar de especiais simpatias na classe política de ambos os laos e, sobretudo, na população).

Acima afirmei (e não me arrependo) que Biden fez um bom trablho nestes quatro anos aliás difíceis e tornados infernais desde a guerra na Ucrânia até ao desastre do Médio Oriente.

E seria bom lembrar que, nos dois casos citados, Joe Biden agiu com discernimento, prudência e habilidade. Basta lembrar que tinha um Congresso hostil  para já não referir o gigantesco problema das multidões que de toda a América latina marcharam e marcham em direcção à fronteira sul dos EUA.

Faltou a Biden aquele senso comum (que sempre teve numa carreira política de cinquenta e tal anos) que aconselharia a não se candidatar. 

Todavia, não carrega sozinho as culpas porquanto os grndes dirigentes democratas falharam repetidamente no conselho ao Presidente  e só tarde, muito tarde, começaram a duvidar, a tergiversar ou mesmo a criticar abertamente. Nesse capítulo o partido Democrata mostrou-se tão dócil quanto o rival Republicano que mesmo depois da derrota pungente nas anteriores presidenciais e das vergonhas sucessivas que culminaram no assalto ao Capitólio , foi incapaz de ver além de Trump mesmo quando este começou a ser, finalmente, tardiamente, alvo de processos de todo o género. 

convenhamos, o Partido Democrata, está dividido em clãs raivosos que se digladiam violentamente e impedem o aparecimento de líderes capazes de atrair votantes. 

É verdade que Biden não é nada novo mas a srª Pelosi  que subitamente apareceu a criticá-lo é pelo menos dois ou três anos mais velha do que ele! 

Eu não dou para o peditório das conspirações mas que aqui neste drama intra-democrata  anda muita confusão, muita tontice e pouca visão dos tempos que correm , algo cheira mal.

Repare-se que normalmente muito tempo antes das eleições começam a aparecer candidatos  ao cargo. Desta vez, nada. Nem um! E Biden ainda não tinha declarado que se recandidataria...

Das duas uma: ou havia uma generalizada convicção que ele poderia tentar com êxito o segundo mandato ou, subitamente ninguém, rigorosamente ninguém, se chegou à frente!!!

Agora a um mês da convenção, eis que há tudo afazer ou a refazer. Só não há tempo que chegue.

Trump jura que sobreviveu por milagre, pela mão de Deus. Vejamos se Deus na sua "infinita bondade" também dá uma mãozinha aos democratas e, já agora, a nós todos que temos uma boa visão da América, do jazz, do grande cinema, de Bob Dylan e de Bruce Springsteen, de Faulkner, de withman, de  Pinchon  ou de Pound, vá lá dos Peanuts ou do rato Mickey, para não citar mais ninguém .

*o título é roubado a Eliah Kazan

 

 

estes dias que passam 924

mcr, 19.07.24

o outro país

mcr, 19-7-24

 

há uma lei, mais uma!..., que regula o número de medicamentos que um cidadão pode comprar na farmácia só de uma vez...

Pelos vistos tal lei, sempre com o fito de proteger os cidadãos estúrdios que devem espojar-se de alegria comprando mantimentos em quantidades  gigantescas, aproveitando a boa fé dos médicos que os prescrevem.

A lei, como de costume, talha a direito, e não prevê a situação dos doentes crónicos. 

ou melhor, lá prever, prevê, mas provavelmente entende-se que a tais viciosas criaturas convirá ir mutas vezes à farmácia pois é sabido que o exercício físico, por exemplo, andar, faz bem à saúde.

Esqueceram-se os legisladores que o país anda a suas velocidades,  primeira e sexta. Ou seja nos distritos de Bragança, Viseu Guarda, Castelo Branco, Évora e Beja, pelo menos nestes, o povoamento disperso faz com que dezenas ou centenas de milhares de cidadãos que vivem fora dos escassos centros urbanos mais importantes n\ao tem farmácias perto (e também não tem bancos, caixas multibanco e outros serviços importantes. Como normalmente também não há transportes públicos, eis que uma pessoa para aviar a receita se desloca  muitos quilómetros e de táxi! 

Ainda há dias uma reportagem de Bragança avançava cm números aterradores Fora dos grandes centros (que são poucos e pequenos) não há caixas multibanco ou, melhor , há quatro. Os bancos privados não estão interessados e aquela merda de banco público que se chama CGD está-se nas tintas (ou borrifando ou outra coisa pir e mal cheirosa...) para a saloiada, os "cafoni" que vegtam naqueles sertões indignos.

Há jntas de fregesia que de bom grado acolheriam as ditas caixas mas mesmo assim ninguém se chega à frente. 

Todavia, farmácias é pior ainda, tanto mais que normalmente são empresas privadas que necessitam de instalações maiores, com mais pessoal .

As criaturas que uivam de cada vez que alguém põe em causa os serviços de saúde, a sua organização e distribuição, acusando tudo e todos de vendidos ao capitalismo sanitário, ao imperialismo e não sei a que mais obscuros e horrendos interesses.

Eu não vivo no interior, não faço tenções de me mudar para o "campo" e cada vez mais sinto que viver nesse outro país é uma maldição mas quando vejo os auto proclamados defensores do povo (que vivem na cidade, claro)  fico com vontade de vomitar.

 

 

 

 

 

 

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estes dias que passam 923

mcr, 15.07.24

A história à moda deles 1

mcr, 15, 7, 24

 

Um jovem doutorando em Cambridge, de seu nomeJoão Moreira da silva, entendeu opinar sobre algo que lhe escapa, pelo menos ao bom senso. 

Sob o título “Restituir os arquivos coloniais”  vem, em substância vociferar contra o roubo, a espoliação deste mesmos arquivos que jazem sossegados no Arquivo Histórico Ultramarino (em Lisboa)

Entende a jovem criatura que os documentos relativos à História colonial portuguesa deveriam estar nos territórios a que dizem respeito  par que as populações desses mesmos países possam vir a conhecer a sua História pregressa anterior a 1974/5. 

Pelos vistos a história colonial portuguesa não tem nada a ver com Portugal, o colonizador malfazejo, mas tão só com as inocentes comunidades hoje livres da opressão  e toda a sorte de malefícios europeus. Assim, na posse da documentação “sonegada” poderiam os ex-colonizados aprender a sua História e dá-la a conhecer expurgada dos horrendos vícios coloniais  que seguramente a hão de mostrar enviesada, falsificada e “racicalizada!”

E dá o exemplo d S Tomé, colónia em que há cerca de dois séculos foram retirados os arquivos e enviados para Lisboa deixando assim a população são-tomense sem possibilidade de conhecer o seu passado dado o custo de um deslocação à ex-metrópole colonial.

E refere que o mesmo problema se pões hoje aos eventuais estudiosos do arquipélago que não terão recursos para vir estudar a história do seu libertado país a Lisboa.

Portanto a solução seria o envio de toda a documentação arquivada para os territórios  de onde foi retirada  ha um par de séculos. 

Eu perceberia que o doutorando em Cambridge advogasse a digitalização de toda a documentação relativa aos países que fizeram parte do "Império do Minho a Timor" para ser disponibilizada localmente nos países em causa (se estes a solicitassem).

Ao que sei a fundação Mário Soares tem digitalizado muitos documentos também de implicação colonial, a começar pelos arquivos dos irmãos Pinto de Andrade.

Todavia isso, não é uma restituição de documentos que creio continuam na mão dos seus antigos possuidores ou dos seus familiares. 

De resto, não se vê motivo para qualquer restituição pelo facto simples de serem documentos administrativos portugueses que, estão, de resto à disposição de qualquer estudioso que solicite a sua consulta.

Questão diferente seria a do estabelecimento de protocolos, acordos ou algo semelhante para se digitalizarem documentos que as ex-colónias considerassem necessários para os seus arquivos históricos. 

O artigo vem na onda da novíssima moda da restituição dos bens usurpados pelas potências coloniais durante o período da colonização.

É verdade que os grandes museus franceses, ingleses, alemães, belgas, holandeses e americanos tem peças notoriamente (ou provavelmente) roubadas  durante as campanhas coloniais ou mesmo antes. 

O mesmo sucedeu com outras paragens não coloniais: o oiro de Troia foi cuidadosamente contrabandeado para Berlin sem que o governo turco desse pelo furto; a actriz Melina Mercuri que foi ministra grega também iniciou uma campanha para a devolução de esculturas da Acrópole que permanecem em Londres; em Berlin há um  museu  criado para acolher o altar de Pérgamo e  as portas de Micenas. E por aí fora...

De Portugal, as tropas de Junot levaram o "cabinet de Lisbonne" uma importante colecção etnográfica recolhida no sec XVIII pelo dr António Rodrigues Ferreira, um sábio desconhecido dos portugueses. 

Os territórios colonizados por Portugal nao deram azo a que houvesse especiais saques de bens artísticos  africanos. Provavelmente, a tropa e os agentes administrativos portugueses (com algumas excepções) eram demasiado ignorantes para perceber o valor dos "manipanços" encontrados nas campanhas tardias de pacificação (3º quartel do sec XIX até meados do 2º quartel do sec XX)

Aliás, o melhor das colecções coloniais ficou no Museu do Dundo (quase monográfico e dedicado à etnia tchokwé) e no de Nampula (com algumas notáveis  peças maconde). Por cá, as colecções que conheço, tem origem legal em compras  em galerias respeitáveis e, de resto, não tem, de perto ou de longe, a riqueza de algumas estrangeiras bem conhecidas (onde, de resto, há africanas particulares!!)

Tendo em linha de conta o que aconteceu em timbuctu com a acção de guerrilhas radicais  religiosas temo bem pela sorte de muitos bens africanos mesmo dentro de museus nacionais.

Por outro lado, a campanha restituidora  parece ser obra de uma minoria bem distante das preocupações e da vida da imensa maioria de cidadãos africanas.

Desconheço se o jovem doutorando é português ou são-tomense (ou até ambas as coisas) como ocorre com uma franca maioria de anti colonialistas e anti racistas que, curiosamente, vivem sempre fora de África. 

Nem sequer receio que esta posição tenha quaisquer consequências imediatas mesmo se certas criaturas de cá se ponham logo em bicos de pés para provar o seu progressismo woke.

No entanto, não vale a pena pensar que estas erupções de tolice anti colonial e anti racial são só a espumados dias. 

À falta de propostas mobilizadoras para a sociedade recorre-se a tudo para num mundo que vive enredado em redes sociais onde tudo  acontece, servem estas como sinal de heroísmo contestatário  Que um "doutorando" de Cambridge tome este comboio não diz nada de bom.  

Nem, infelizmente, de original...

 

 

 

 

estes dias que passam 922

mcr, 13.07.24

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a ida futura e inútil ao Parlamento

mcr, 12-7-24

 

Houve uma geral (e provavelmente fingida) surpresa quando se anunciou uma entrevista da srª Procuradora Geral da República a uma televisão.

E disse "fingida" porquanto já se esperava uma situação destas quando anunciaram com espavento a ida da referida senhora A AR.

Tal deslocação só se efectuará depois de concluído um relatório que pouca curiosidade desperta dado o facto de os inquéritos em curso serem muitos e estarem abrangidos pelo segredo de justiça. Por outro lado, pode antecipar-se um rosário de desculpas pela morosidade dos trabalhos em curso sempre (obviamente) devidos à falta de meios, à complexidade da investigação, à má vontade dos arguidos, suspeitos e acusados, enfim  tudo o que se quiser excepção feita à falta de capacidade, diligência, saber, dos senhores magistrados. 

É duvidoso que no dito relatório (futuro) se acrescente qualquer coisa de valioso, interessante ou útil quanto à profusão e duração das escutas e à demora de processos que, em teoria, seriam fáceis e rápidos.

A entrevista da referida magistrada tem o objectivo de desminar o terreno e desarmar os parlamentares mais curiosos. Já tudo foi dito, nada mais há a acrescentar, etc., etc...

Não vale a pena bater mais no ceguinho analisando a entrevista ou o que dela se foi extraindo nestes dias.

Aquilo é o retrato de uma magistrada que estará convencida do seu alto contributo para a história da justiça nacional. Pessoalmente descobri que devo ter estudado outro Direito, noutra língua, noutro país quando perpasso, com pouca vontade, os olhos pelo que foi dito. 

Provavelmente vivemos em realidades paralelas, isto é que nunca se cruzam, em países diferentes e épocas diversas. A culpa, naturalmente, é  minha e só minha.

Numa coisa, todavia, estou de acordo. Há claramente uma tentativa de, a partir de casos concretos, (um par de árvores), destruir a floresta. Ainda bem que estamos na época dos fogos pois certamente, e se parar de chuviscar aí virá uma fogachada horrenda  que resolve tudo depressa e sem remédio. 

De resto, parece que umas centenas de magistrados do MP estarão convencidos que anda por aí uma associação secreta que quer acabar com eles, com o MP, com a Justiça que ainda por cima é cega, enfim há uma conspiração permanente.

Por outro lado, também apareceram com as mesmas "águas de Março" ou de Abril, umas dezenas de criaturas que entendem que estamos perante um golpe de Estado permanente, cujos fautores se acoitam no Palácio Palmela  preparando bombas, fake news, escolhendo políticos inocentíssimos (ou quase) para promoverem uma república que à falta de bananas produzira xerifes vingadores.

Convenhamos que num terreno tão pantanoso como o que uns e outros imaginam estas teorias tem uma insuspeiada veracidade. 

Em boa verdade, ao navegar em tão turvas águas, o que se quer é deixar tudo na mesma. A uns não convém um MP preparado, capaz, diligente e cumpridor não só da lei como também de um par de regras de civilidade e bom senso. A outros dá jeito lançar a d´vida sobre tudo e todos, considerar que estamos em plena lei do indigenato pelo que é preciso mão  forte e salvadora sobre os súbditos (e nunca os cidadãos inexistenes)

No entanto, basta olhar para o que se passa: processos que duram anos e anos e que acabam deitados ao lixo, escutas que se prolongam por igual período e que ninguém teve o bom senso de ir eliminando tudo o que era inútil pretextando que  o que agora parece inocente pode amanhã revelar um crime horroroso, o  uso e abuso da detenção de pessoas que depois penam dias e dias à espera de alguém que as escute e lhes diga que acusações existem. Saber que um cavalheiro madeirense é desde há não sei já quantos meses "arguido" e ainda não  ter sido ouvido é perdoarão, uma indignidade para não dizer uma infâmia. A mim, poucas dúvidas restam que o que se pretende éeliminar a criatura da vida política madeirense. (só que o homem não é Costa, não tem um cargo internaional à espera dele e é teimoso como uma mula)

É que quando se anuncia que X é arguido atira-se a criatura para o mais sórdido dos tribunais, o da opinião pública que imediatamente se rebola na "deliciosa   ee habitual acusação a outrem sobretudo se este é poderoso, rico, conhecido ou político.  

Os senhores magistrados deveriam ser obrigados a  ouvir imediatamente todos quantos apodam de arguidos em vez de  os  assar em fogo lento, mergulhados na suspeição geral. Estas demoras, cada vez mais frequentes são, ou deveriam ser, uma falta grave  e, por vezes,  um crime e como tal punido. 

Nunca aceitei a ideia de que isto é como a pide, coisa que só se afirma porque nunca se viveu paredes meias com tão sinistra organização. Sei do que falo e como eu ainda por aí andam uns milhares de testemunhas do que se chamou "Estado Novo"

Somos poucos, já mas temos o dever e o direito de cortar bem cerce as burrices ou as sacanices dos novos apóstolos da democracia. Não isto não é (ainda) a pide , a "estátua", o "sono" a violência física destemperada, a humilhação dos detidos. que se saiba ainda não há violação sistemática  da correspondência  ou angariação igualmente sistemática de "bufos", denunciantes ou provocadores. Também não há pressões sobre empregadores ou repartições públicas para vigiar, perseguir ou despedir subordinados desconformes com o pensamento único (que também ainda não há) que caracterizava o regime anterior ao 25 .

Há, porém, sinais alarmantes  de tentativas  (sempre em nome da descoberta da verdade, da luta contra a corrupção ou de qualquer outra balivérnia canalha) de alargar a outras entidades, maxime às comissões da AR, o recurso às escutas e outros meios de prova que, seja qual for a sua utilidade, são sempre meios que não justificam quaisquer fins.

Seria bom que os profissionais do MP se convençam de que o seu papel na sociedade é apenas o de zelar pelo rigoroso cumprimento da lei, coisa que dispensa "agendas" justicialistas  (só esta palavra com ressonâncias "peronistas" de má memória assusta o mais sensato)põem em causa ou ,até, negam.

Ficaria bem aos protestatários  ºedir uma legislação clara que puna quem deve ser punido e que defenda quem deve ser defendido, coisa que, também, muitas vezes, parece estar ou aquém ou além das tomadas de posição.

E sobretudo, tomar como pacífica a ideia de que ninguém está acima da lei e que compete o MP investigar séria mas prudentemente a acção de todos quantos , dado o seu imenso poder, podem corromper ou ser corrompidos.

E já agora acabar de vez com os arroubos policiais que percorrem diversas instâncias que à falta de fazer o que lhes compete se entusiasmam com novelas policiais, conspirações e outras maneiras de perder