Voltando a uma polémica não esquecida
mcr 10-6-25
Escrevi aqui (e repito) que o pacto nazi-soviético de 23 de Agosto de 1939 permitiu sem quaisquer dúvidas que a Alemanha começasse a a 2ª guerra mundial sem o fantasma de ter de lutar em duas frentes, situação que se viveu na guerra de 14-18.
A invasão da Polónia, momento inicial da 2ª guerra mundial começou a 1 de Setembro do mesmo ano, isto é 8 dias depois da assinatura infame do pacto Ribentropp-Molotov
Finalmente, a 17 de Setembro do mesmo ano, as tropas soviéticas entraram na Polónia, isto é pouco mais de duas semanas do início da invasão nazi.
Aos cerca de 800.000 soldados soviéticos a Polónia apenas podia opor pouco mais de 20.000 guardas fronteiriços visto que todo o seu mal preparado exército acorrera à frente ocidental tentando enfrentar o exército alemão.
Hoje, em dia, praticamente todos os historiadores (russos, alemães ou ingleses, entre outros) consideram que a guerra não teria começado tão cedo não fora o pacto ter acalmado o Estafo Maior Alemão que resistia às injunções de Hitler. O fim da ameaça da sª frente convenceu a maioria dos generais alemães e o rápido desfecho da guerra converteu Hitler numa espécie de oráculo. Convém, entretanto sublinhar que o fim da guerra na Polónia foi altamente ajudado pela invasão russa que tornou impraticável uma frente resistente na zona de fronteira polaco-romena para onde se rinham retirado algumas forças polacas.
As restantes consequências do pacto levaram a que entre alemães e soviéticos se reconhecesse a possibilidade de ocupação dos países bálticos e a intervenção na Finlândia. Tudo isso fazia parte dos memorandos e anexos secretos do pacto que, neste momento, podem ser lidos em português graças a uma obra recentemente escrita e publicada por M.S. Fonseca, editora Guerra e Paz.
Obviamente, não é possível refazer uma outra História a partir de um não acordo nazi-soviético. Porém, é absolutamente indiscutível que este acordo que poderá ser considerado contra natura foi fundamental para o desencadeamento da guerra no Verão de 39-
E foi isso e só isso que escrevi.
Um leitor veio indignar-se por eu menosprezar "milhões de mortos". Ou não leu, ou tresleu.
Mas mesmo neste capítulo conviria verificar exactamente qual a percentagem de mortos país por país, região por região. Suponho que alguém se poderá surpreender ao saber que nesse capítulo, um dos países que (em percentagem) mais perdeu habitantes foi a Jugoslávia. Na União Soviética foram a Ucrânia e a Bielorrúsia os países (repúblicas soviéticas) mais afectados mesmo se a invasão alemã tivesse levado a morte e a miséria a Leningrado no Norte e a certas regiões da Federação Russa.
A Prússia Oriental ficou praticamente vazia de habitantes uns porque fugiram, outros porque foram dizimados e os restantes (a maioria) porque foram deportados. As próprias perdas militares dependeram muito das tácticas usadas pelos comandantes. Mesmo hoje, e o exemplo da Ucrânia está à vista no que toca a baixas russas, persiste a ideia de usar grandes contingentes que acabam por sofrer demasiadas baixas num total desprezo pelos soldados. Valeria a pena reler as histórias do cerca de Stalingrado ou verificar as gigantescas perdas sofridas pelo Exército Vermelho na parte final da guerra (na pressa de conquistar Berlin, o Exército soviético sofreu 300.000 baixas ente mortos e feridos sendo que a defesa da capital do Reich estava já praticamente entregue ao Volksturm e às juventudes nazis!). Nem as histéricas ordens de Hitler ( e o exemplo mais flagrante é a recusa da retirada pedida pelo marechal von Paulus quando ainda tinha algumas hipóteses de salvar parte do seu exército. Dos 90.000 sobreviventes (num efectivo que abrangia 250.00 soldados) que se renderam, escassos milhares regressaram à Alemanha vários anos depois do final da guerra )
De todo o modo, uma vítima basta para se verificar o horror da guerra.
Valeria também a pena relembrar que além do Holocausto, houve pelo menos duas etnias que sofreram perdas gigantescas: os ciganos e os descendentes afro-alemães vindos fundamentalmente das antigas colónias alemãs (Tanganika e Namíbia) para a "mãe patria". Pode dizer-se que foram praticamente exterminados.
E ainda hoje, é difícil calcular o número de baixas chinesas ou filipinas entre a população civil. O exército nipónico não só desprezava os soldados inimigos que se rendiam como não senta qualquer escrúpulo em atacar populações civis. E preferiam morrer a render-se coisa que foi evidente nas sangrentas batalhas ilha por ilha ocupadas e depois conquistadas, uma a uma, pelos americanos. Até as populações civis japonesas preferiam suicidar-se a assistir à vitória americana. Há filmes a documentar essa medonha tragédia onde se destacam jovens mães com bebés ao colo a atirar-se das falésias para o mar
Finalmente conviria lembrar que, após o acordo soviético-nazi, Stalin não se precaveu contra o seu novo amigo e aliado Na noite que antecedeu a invasão da URSS ainda passou um comboio russo carregado de bens essenciais ao esforço da guerra alemão vinda Da URSS para a Alemanha. E foram centenas os comboios que forneceram petróleo, aço, carvão, bens alimentares que a URSS enviou para os nazis.
E no meio destas entregas houve ainda tempo para enviar para Brest-Litovsk umas centenas de judeus e/ou counistas alemães que foram obsequiosamente entregues à Gestapo. Entre eles estavam Hans David um compositor que morreu no campo de concentração de Majdanek e Margaret Buber Neuman, judia e comunista que conseguiu escapar à morte.
Espero que esta lista não exaustiva convença o leitor que ou não leu ou não percebeu.
quem também não percebeu foi uma leitora Joana que me atribui (vá lá) umpassado de luta estudantil, de resto verdadeiro) e uma conversão em adulto ao consevadorismo. Engana-se redondamente . Depois da Universidade e enquanto advogado defendi numerosos presos polícos, estudantes em luta e durante todo o tempo até ao 25 A "passei" fugitivos, refractários e desertores pela fronteira. vinda a democracia, recusei fazer vida na política . Não mesentia cond+fortável como deputado menos ainda como autarca ou membro de Governo. Todavia, prezo-me de nunca ter votado à Direita do PS nem à sua Esquersa com uma única excepção: quando Miguel Portas foi cabeça de lista do BE entendi que merecia receber o meu voto. Houve um par de vezes em que não votar por não querer dar o meu pobre voto a quem, segundo a minha perspectiva o não merecia. Foi o caso de Maria de Lurdes Pintasilgo enquanto cabeça de lista numa qualquer eleição europeia. O mesmo acontceu nas duas úçtomas votações europeias por idênticos motivos.
entretanto, e hoje em dia, no capítulo "legislativas" tnho anulado o meu voto por entender que só a eleição nominal, deputado a deputado permite ao eleitor votar em consciência e poder pedir explicações ao seu eleito. no Porto duvido que hka mais de cinco eleitores que conheçam os 40 membros da lista em que votam. Portanto, e a menos que a leitora, presumo que recente e provavelmente jovem, ache que a Esquerda se resume à actual dúzia (5% do total da AR) de deputados divididos entre Livre, PCP, DE e PAN.
quando se não conhece o passado de alguém convém não tentar adivinhar. Se ela quiser conhecer o meu, pode ir à Torre do Tombo e consultar os 14 processos com que a polícia política me brindou, para além das quatro prisões sofridas sem que, de elas tenha saído uma única denúncia de companheiros, camaradas ou amigos. Uma única e isso é mesmo a única coisa de que realmente me orgulho. O meu lema desde a primeira estadia em Caxias (1962) sempre foi "aos costumes e à polícia diz-se nada"
Finalmente, um par de leitores entenderam que a jovem que interpelou o Presidente da República sobre a Palestina saiu da sua "zona de conforto". Lamento ter de dizer usou apenas de um direito normal não arriscou rigorosamente nada e por muito amor que tenha pela causa palestiniana, teria feito bem melhor figura se ouvisse a defesa da pessoa que acusou. A democracia é isso e não dizer duas coisas, de resto sem especial relevância e, desandar. Essa é uma das principais tacticas do Chega que passa a vida a fazer proclamações mas jamais ouve (nem quer ouvir) a resposta
Se estar contra a infame campanha militar de Israel em Gaza é sair da zona de conforto então saí daí há muito tempo mesmo sendo certo que a outra opção é crer que a tese dos dois países ten tudo cotra ela a começar pela separação dos territótios palestinos. De todo o modo ainda se não encontrou alternativa melhor a menos que também nós queiramos aceitar a famosa e abjecta ideia de libertar too o território “do rio até ao mar” como proclama o Hezvolah, o Hamas, a Jihad o Irão ou o movimento dos hutisdo Yemen.
Eu sei que a actual orfandade de uma certa e alegada Esquerda leva à mais absoluta cegueira ideológica e a realidades alternativas mas inexistentes. É uma espécie de trumpismo ao contrário que denuncia sempre e nunca tenta perceber o mundo ou medir as consequências do que proclama.
A desafeição crescente dos cidadãos que se verifica elei~\ap pós eleirção apenas lhes solidifica a ideia peregrina de quesão os últimos justos e lhes promete uma carreira de lemings em direcção ao abismo. É com eles.
O texto acima publicado traz a data de 10, dia em que foi escrito. Entretnto, e porque estou em vias de mudar de computador, ficou numa pen que só há poucos minutos foi encontrda. Há, de resto mais dois outros textos que tuveram a mesma sorte e que serão publicados .