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Nos últimos anos, a baixa do Porto beneficiou de um investimento elevado na regeneração urbana e na requalificação do seu edificado. Refiro-me, em concreto, a um círculo entre a Cordoaria, Rua das Flores, Mouzinho da Silveira, Sá da Bandeira, Bolhão, Aliados e Clérigos.
A cidade foi assistindo à requalificação de quarteirões inteiros, de prédios devolutos e infelizmente também à saída de muitos residentes antigos, para dar lugar a hotéis, novos espaços comerciais, prédios de alojamento local e habitação nova para um público mais jovem. Apesar do fenómeno da gentrificação, a verdade é que a cidade ganhou uma nova face, rejuvenesceu e tornou-se mais apelativa. Para os cidadãos do Porto e para os milhares de turistas que trouxeram um novo cosmopolitismo à cidade.
Em todo este processo, sempre me intrigou por que razão a Rua 31 de Janeiro ficou para trás nessa vaga de requalificação urbana. Os investidores interessados nas ruas envolventes afastam-se de 31 de Janeiro por que motivo? A falta de cuidado e de investimento acabaram por levar por arrasto ao definhamento da maioria dos espaços comerciais. Quem hoje passa na Rua de 31 de Janeiro constata que são mais as lojas fechadas do que as que se encontram a funcionar. As obras do metro junto à Estação de São Bento, ao fundo da rua, que duram há alguns anos, podem ter ajudado a este desinteresse pela rua, mas já antes isso era notório.
Os dedos de uma mão devem chegar para contar as pessoas que ainda residem na rua. Há vários prédios contíguos devolutos à espera de requalificação, mesmo se já se vê um ou outro prédio em reconstrução. Neste contexto, creio que a autarquia poderia fazer mais no sentido de valorizar uma rua que já foi central na vida da cidade, designadamente com uma intervenção sensibilizadora junto dos proprietários, uma melhor gestão dos circuitos de trânsito automóvel e a aposta em eventos e actividades que tragam pessoas e movimentação àquela rua.
É preciso fazer cidade na Rua 31 de Janeiro. Não faz sentido cruzar os braços e deixar ao abandono uma rua histórica, hoje pouco segura e quase infrequentável.