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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Rádio Renascença a tapar o sol com a peneira

José Carlos Pereira, 03.03.23

O jornalismo isento e rigoroso é indispensável para a saúde de um regime democrático. Mas o jornalismo, dos órgãos públicos e privados, seja ele político, económico, desportivo ou de âmbito social, também deve ser escrutinado.
O que dizer do facto de, hoje, as rádios TSF e Antena 1, pelo menos, estarem em directo da conferência de imprensa da Conferência Episcopal Portuguesa, sobre o candente tema dos abusos sexuais de crianças por membros da Igreja, enquanto a Rádio Renascença, emissora católica, emitia publicidade e a seguir o programa desportivo "Bola Branca"? Omitir a discussão do assunto à espera que os devotos esqueçam?!

As Jornadas Mundiais da Juventude

José Carlos Pereira, 02.02.23

Nada contra a organização das católicas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) em Lisboa/Loures (onde mais?), nada contra a realização de um evento que pode reunir em Portugal mais de um milhão de jovens, nada contra uma recepção digna ao Papa Francisco, que merece todas as atenções. Mas não havia necessidade de querer ser o campeão orçamental das JMJ, de deixar engenheiros e arquitectos à solta, sem qualquer aperto financeiro, de tomar decisões sob a pressão dos prazos. E, sobretudo, não havia necessidade de se assumir desde o início que seriam os dinheiros públicos o grande suporte destas jornadas religiosas. O exemplo de Madrid é esclarecedor.

Incursões à mesa

José Carlos Pereira, 14.01.23

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O Incursões iniciou o ano com novo encontro à mesa, desta vez contando até com a presença de uma incursionista fundadora, há muito afastada das lides bloguistas, a nossa "ex Kamikaze".

O Restaurante Abadia, na baixa do Porto, foi o local do convívio e também de uma alargada "mixórdia de temáticas", das inundações no Porto ao presente e futuro da Câmara da Invicta, dos casos e casinhos do Governo à economia, à saúde e a tantos outros assuntos da actualidade.

Os incursionistas continuam em forma e prontos para um novo ano!

Perspectivas para 2023

José Carlos Pereira, 12.01.23

Na edição de hoje do jornal "A Verdade", publico um texto de opinião acerca dos desafios que se colocam ao país no novo ano:

"O novo ano que agora se inicia é fortemente marcado pelos efeitos decorrentes da evolução da situação internacional em 2022. A guerra na Ucrânia, a crise energética, a ruptura das cadeias de fornecimento, a escassez de matérias-primas, a inflação, a subida das taxas de juro e a perda do poder de compra mudaram a vida dos portugueses e do mundo ocidental em geral.

A invasão da Ucrânia pela Federação Russa veio acelerar bloqueios que já se faziam sentir de forma mais ténue, nomeadamente no contexto do crescente afastamento entre os Estados Unidos da América e a China. O ano de 2022 representou uma recuperação forte de vários indicadores da economia internacional face aos anos da pandemia criada pela covid-19, mas trouxe realidades de que muitos de nós já não tinham memória, como a subida galopante da inflação e das taxas de juro ou a escassez de determinados bens de consumo.

Se centrarmos a nossa análise no caso português, vemos que a economia nacional respondeu em 2022 de forma muito positiva, contando com o contributo essencial das exportações. A última estimativa revelada pelo ministro das Finanças indica que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 6,8%, o segundo maior crescimento da União Europeia (UE), apenas atrás da Irlanda.

Mas ninguém esperava assistir a uma inflação média anual de 7,8%, um número verdadeiramente impensável no início do ano transacto, nem a uma subida dos juros com tamanho impacto na dívida pública e privada. Recorde-se que a taxa directora do Banco Central Europeu, que estava em zero no início de 2022, cresceu até aos 2,5%, com tendência para ainda vir a aumentar. O nosso país, de resto, já sentiu na pele o aumento dos juros quando teve de emitir nova dívida pública, triplicando o respectivo custo ao longo de 2022. Empresas e particulares viram também crescer de forma significativa o custo dos seus créditos.

Para o corrente ano de 2023, o Banco de Portugal prevê um crescimento dos preços de 5,8% e uma forte desaceleração do crescimento do PIB (1,5%), com uma progressão residual do consumo privado. A perda do poder de compra dos portugueses advém não só da subida da inflação e dos juros, mas também do facto de apenas um reduzido número de empresas admitir subir os salários reais dos seus trabalhadores.

Com este quadro pouco animador, num mês de Janeiro que começa com aumentos generalizados, importa reflectir sobre o que se pode esperar dos poderes públicos, designadamente no estímulo e no apoio a cidadãos e empresas.

Portugal deve ser capaz de tirar proveito dos esforços feitos nos últimos anos na consolidação das contas públicas. O facto de alcançar um défice público inferior a 1,5%, como se antecipa para o final de 2022, e de sair do grupo restrito dos países com maior dívida pública, registando um valor inferior a 115% do PIB, deixa o Governo em melhores condições para apostar em investimentos estruturantes para o país e em apoios direccionados às empresas e às pessoas, sobretudo às mais fragilizadas.

Neste início de 2023, Portugal tem pela frente o desafio de conseguir executar na plenitude o que resta do Portugal 2020, colocar em marcha o Portugal 2030, recentemente aprovado pela UE, e acelerar os investimentos do Plano de Recuperação e Resiliência. O conjunto destes três instrumentos coloca à disposição do país, só durante o corrente ano, cerca de 15 mil milhões de euros.

Ao Governo caberá a responsabilidade maior pela aplicação destes fundos e pela bondade dos investimentos apoiados. O país não pode desperdiçar a oportunidade de ultrapassar os obstáculos e limitações que se colocam ao nosso desenvolvimento nos mais diversos sectores da economia e da sociedade.

Ao nível local, as Comunidades Intermunicipais e os Municípios têm um papel determinante na implementação de projectos ambiciosos e impulsionadores do desenvolvimento dos territórios. A gestão de proximidade faz com que os seus responsáveis políticos tenham um conhecimento mais aprofundado dos investimentos prioritários e das necessidades sentidas pelas populações.

Sem perder de vista as questões sociais e o apoio aos mais desfavorecidos e aos excluídos, o poder local tem hoje pela frente o desafio de atrair e fixar talento, de modo a conseguir criar condições para captar investimento e emprego qualificado. A sustentabilidade dos territórios reclama uma economia local com empresas líderes nos seus sectores de actividade, inovadoras e alinhadas com os melhores padrões dos mercados internacionais.

A todos desejo um excelente ano de 2023!"

O adeus de Fernando Santos

José Carlos Pereira, 16.12.22

Acompanho a selecção nacional desde que me conheço. De José Maria Pedroto a Fernando Santos. Em jogos particulares, em eliminatórias e em fases finais. Nos estádios e nas transmissões televisivas. Nos fracassos, nas ilusões e nas vitórias. Do tempo das divisões clubísticas acirradas até aos dias de hoje.

Com todos os seleccionadores achei uma vez ou outra que estavam a fazer opções erradas (para além das absurdas...). Também sucedeu com Fernando Santos, que acaba de sair da selecção depois de ter sido o único treinador que conduziu a selecção a títulos europeus e um dos três (único português) a levar Portugal aos quartos de final de um Mundial. Cometeu erros, certamente, mas deu-nos uma alegria imensa em 2016, que continuou depois em 2019.

Se pensarmos no que está lá para trás e no clima que se vive no futebol nacional, temo bem que ainda venhamos a ter saudades dos tempos tranquilos (e das vitórias) de Fernando Santos.