A minha visão de Francisco Pinto Balsemão

No dia em que decorreram as cerimónias fúnebres de Francisco Pinto Balsemão, deixo testemunho da admiração que sempre tive pelo jornalista, empresário de comunicação social e político. Era ainda criança quando comecei a acompanhar o meu pai nos primeiros comícios e manifestações a seguir ao 25 de Abril. Admirador de Sá Carneiro e de Pinto Balsemão a partir das suas intervenções na Ala Liberal e do lançamento do "Expresso", foi com naturalidade que o meu pai se tornou apoiante e seguidor do PPD. Com onze ou doze anos, num período de grande agitação política, já eu lia o "Expresso", partilhando com o meu pai o gosto pela política e pelo jornalismo. O que não mudou até aos dias de hoje.
Impulsionado pela emoção da morte de Sá Carneiro, inscrevi-me como militante da JSD em Dezembro de 1980, ligação que durou até meados de 1987. Nos anos da liderança de Pinto Balsemão, fui sempre seu apoiante, numa altura em que foi vítima de campanhas dentro do seu próprio partido e do parceiro de coligação CDS, que muito contribuíram para a queda dos dois governos que liderou.
Balsemão era um convicto social-democrata e, apesar do curto período de tempo em que foi primeiro-ministro e líder do PSD, deixou marcas importantes no regime democrático, desde logo a revisão constitucional de 1982, que conduziu em conjunto com Mário Soares, e a preparação da adesão à então Comunidade Económica Europeia. A Norte, por exemplo, os seus governos tiveram acção determinante para assegurar a muito desejada navegabilidade do Douro, hoje tão importante para o desenvolvimento turístico e económico da região.
Francisco Pinto Balsemão teria sido um excelente presidente da República, mas preferiu retirar-se do primeiro plano da política e criar o maior grupo de comunicação social em Portugal. Ao "Expresso", seguiu-se a SIC, primeira estação privada, a SIC Notícias, primeiro canal de notícias 24 horas, e outras sucessivas apostas em canais temáticos, no streaming, no digital, nos podcasts.
Como sempre tive um gosto particular pelo jornalismo e pela comunicação, reforcei a admiração que tinha por Francisco Pinto Balsemão ao acompanhar o investimento que foi fazendo nos media, a qualidade e a inovação que caracteriza o grupo Impresa e a liberdade e independência que sempre foram a imagem de marca dos diferentes órgãos de comunicação criados por Balsemão, como nestes dias todos sem excepção testemunharam, mesmo aqueles que foram saindo e hoje estão em órgãos concorrentes. Leitor de sempre do "Expresso", sou praticamente consumidor em exclusivo da informação SIC e SIC Notícias.
Como muitos disseram por estes dias, Balsemão foi acima de tudo um jornalista, independente e arrojado, deixando essa marca indelével no seu grupo de comunicação. Foi caso único em Portugal.



